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Duarte Fernandes, cofundador e COO da Kwan (Foto: Divulgação)
Duarte Fernandes, cofundador e COO da Kwan (Foto: Divulgação)

“A visão da Kwan vai além do puro crescimento empresarial”

Por: João Carreira

A portuguesa Kwan surgiu através da necessidade de recrutar e gerir profissionais de tecnologias de informação, num contexto de claro crescimento no setor tecnológico.

O objetivo, entre outros, é chegar aos 500 consultores até 2026, diz-nos Duarte Fernandes, cofundador e COO da empresa.

PME Magazine (PME Mag.) – Como caracteriza a Kwan?

Duarte Fernandes (D. F.) – A Kwan é uma empresa de capital 100% português que fornece soluções de aumento de capacidade em função das necessidades dos seus parceiros, permitindo-lhes focarem-se no seu negócio. Somos especialistas em identificar e desenvolver talentos altamente qualificados na área das tecnologias de informação, com foco no universo da engenharia de software, o que nos torna um parceiro valioso para empresas que procuram aumentar a sua capacidade e competências neste campo. Temos soluções para empresas nacionais, internacionais que se querem estabelecer no nosso país e clientes internacionais que procuram aumentar as suas capacidades numa lógica de remote-work.

No atual contexto de crescente competitividade e escassez de talentos, a Kwan destaca-se pelo seu compromisso em recrutar em Portugal e no estrangeiro, de forma proativa – temos neste preciso momento um pipeline de mais 70 novos profissionais de TI em processo de entrada e alocabilidade a necessidades de clientes – assim como em reter e desenvolver profissionais altamente capacitados. Ao contar com People Managers especializados em carreiras Tech, asseguramos o desenvolvimento contínuo dos nossos colaboradores e a satisfação dos nossos parceiros, pela via da antecipação de desafios e apresentação proativa de soluções.

A visão da Kwan vai além do puro crescimento empresarial. Com o nosso ambicioso plano Road To Mars pretendemos chegar aos 500 consultores até 2026, alinhando o nosso sucesso ao avanço da humanidade rumo a um futuro brilhante e promissor. Acreditamos que a tecnologia é a chave para superar os grandes desafios da humanidade e alcançar conquistas inéditas, e é neste cenário que a Kwan se consolida como um agente transformador. Ao alocarmos os melhores profissionais tech a projetos desafiantes e impactantes, contribuímos para a solução de problemas em diferentes escalas, conduzindo-nos a uma era de progresso e inovação, simbolizada pela nossa meta coletiva de alcançar Marte.

PME Mag. – Como surgiu a empresa?

D. F. – A Kwan foi criada a partir da visão de um programador que acreditava numa abordagem mais humana e eficiente para recrutar e gerir profissionais de TI. Depois de concluir a sua formação em engenharia informática e entrar no mercado de trabalho, percebeu que, muitas vezes, os profissionais eram geridos como meros números em folhas de cálculo, em vez de serem valorizados pelo seu talento e potencial.

Identificando uma oportunidade de mudar esse paradigma, o nosso fundador decidiu criar o que viria mais tarde a tornar-se a Kwan, uma empresa focada no tratamento justo e adequado do talento tecnológico. Essa filosofia está refletida no nosso lema “Tech Talent Done Right”, que expressa o nosso compromisso em contratar e gerir profissionais de TI da maneira que merecem ser tratados e valorizados. Afinal, a Kwan foi fundada por alguém que viveu essa realidade e compreende a importância de uma abordagem diferenciada.

PME Mag. – Há muito talento jovem português a emigrar… O setor tech também está a sofrer com este problema?

D. F. – Na nossa experiência, a realidade do setor das TI em Portugal parece ser menos impactada pelo fenómeno da emigração de talento jovem. Embora saibamos que Portugal continua a enfrentar uma fuga de cérebros jovens acima da média europeia, notamos que a emigração foi mais significativa entre 2012 e 2017, tendo depois desacelerado.

 De acordo com o que observamos, existem alguns fatores fundamentais que podem contribuir para que este fenómeno seja menos acentuado no nosso setor:

  • Devido à mão de obra qualificada e mais acessível, bem como aos esforços do país na atração de start-ups tecnológicas, temos observado um aumento progressivo de empresas internacionais a estabelecerem-se em Portugal nos últimos 5/6 anos. Isso trouxe projetos tecnológicos interessantes e desafiantes, o que leva a que não se tenha de procurar lá fora por aquilo que de melhor se faz em tecnologia.
  • A natureza do trabalho no setor de TIC é, em grande parte, intelectual e baseada na cloud. Isso significa que, na maioria dos casos, pode ser desenvolvido em qualquer lugar, permitindo que empresas internacionais contratem talentos nacionais sem que estes precisem necessariamente de emigrar. As restrições impostas pela pandemia intensificaram este fenómeno, já bastante presente no setor das TIC. Se os profissionais trabalham remotamente, não precisam de emigrar.
  • Curiosamente, ambos os pontos elencados acabam por contribuir para o terceiro ponto, que está relacionado com o aumento do salário médio, que é um aspeto importante na busca de oportunidades fora do país por parte do talento jovem. Por um lado, a aposta internacional com a abertura de empresas e centros tecnológicos que pagam acima da média, por outro o trabalho remoto para países estrangeiros paga acima da média. O mercado nacional, a fim de continuar competitivo, precisou de encontrar estratégias para acompanhar e nos últimos anos o salário médio nas TIC aumentou bastante, o que leva a que este seja um factor que acaba por retirar força à necessidade de emigrar para profissionais nesta indústria.

A realidade observada pela Kwan indica que a emigração de talentos no setor tech ainda ocorre, mas em menor escala do que no passado e em comparação com outros setores.

 No entanto, apesar de o impacto ser menos acentuado nas TIC, ele existe e noutros setores chega a ser dramático. Este êxodo pode fazer com que todos nós paguemos um grande preço e é importante considerar as consequências de longo prazo da fuga de cérebros no país. Embora emigrar possa oferecer benefícios pessoais, como progresso na carreira, ganhar mais dinheiro mais cedo e a oportunidade de experienciar diferentes culturas, também é importante reconhecer o impacto negativo que a perda de indivíduos qualificados pode ter em Portugal.

A fuga de cérebros em Portugal afeta negativamente diversas áreas, como a Ciência e Tecnologia, Saúde, Empreendedorismo e até a Política. A perda de profissionais qualificados diminui a capacidade do país em desenvolver novas tecnologias e indústrias, contribui para a degradação de um SNS – que já é débil – e prejudica o crescimento económico. A ausência de empreendedores traz menos ideias e energia para os negócios, afetando a criação de start-ups e pequenas empresas. A repetição dos mesmos tipos de indivíduos na política com alinhamento ideológico e falta de perspetivas inovadoras – uma vez que muitos daqueles com as ideias diferenciadoras emigram – dificulta o desenvolvimento de políticas para o crescimento e a inovação, contribuindo para um ciclo de estagnação.

Embora a fuga de talento português tenha vindo a ter impacto negativo no país, é importante reconhecer que a decisão de sair não é tomada de forma leviana por parte daqueles que procuram lá fora o que não encontram cá dentro. Aqueles que decidem deixar Portugal em busca de melhores oportunidades geralmente fazem-no porque enfrentam opções limitadas em Portugal. Dificuldade em encontrar trabalho relacionado com o seu skill-set educacional ou os salários baixos e más condições de trabalho são dois aspetos que tornam difícil construir um futuro estável e seguro.

É natural que aqueles que têm mais oportunidades – muitas vezes os que têm mais habilitações e que vêm das classes mais altas – sejam quem aproveita essas oportunidades e estejam melhor posicionados e despertos para melhores opções lá fora. Isto é um reflexo das questões sistémicas mais de fundo. A falta de uma estratégia clara de crescimento e os desafios enfrentados pelas empresas privadas em Portugal tornam difícil às pessoas terem sucesso e construírem as vidas que desejam. É, em última análise, responsabilidade dos líderes políticos e das instituições criar um ambiente que permita o crescimento e o sucesso, e a falha em fazê-lo contribuiu para a fuga de cérebros que continuamos a assistir.

PME Mag. – Na sua opinião, o que pode ser feito para solucionar esta questão?

D. F. – Como disse, este é a meu ver um tema cuja responsabilidade, em última análise, é do governo. O tema é complexo e a abordagem para a sua resolução não é simples nem uni-fatorial. Algumas das estratégias que acredito que poderiam ter impacto na retenção de talento seriam:

  • Regime fiscal mais atrativo para os jovens;
  • Estratégias de isenção fiscal mais agressivas para empresas que contratem jovens;
  • Parcerias do Governo com o setor privado para formação e requalificação profissional em áreas de pleno emprego, como as TIC;
  • Mais incentivos – fiscais e outros – à habitação jovem;
  • Reformulação do polémico plano para a habitação, com menor impacto sobre os privados e mais disponibilização de imóveis por parte do Estado. A contabilização do imobiliário público arrasta-se há mais de uma década e começar por aqui, para depois reabilitar e disponibilizar aos jovens, seria um bom começo.

PME Mag. – Referiu que querem chegar aos 300 profissionais este ano. Para que posições? Qual é o plano de contratações?

D. F. – A nossa Road to Mars, que detalha o plano para os 500 Kwaners (os profissionais de TI da Kwan) até 2026, previa o atingimento da marca dos 250 até final deste ano. Porém 2022 foi um ano de grande crescimento, o que nos deu a possibilidade de rever para os 300 já em 2023.

Queremos ficar muito perto dos 250 já no Q2, atingir os 275 no final do Q3 e terminar o ano nos 300. Para tal, uma das nossas principais estratégias assenta no recrutamento internacional e proativo. Estamos constantemente a procurar, entrevistar e contratar profissionais das principais necessidades que temos, e segundo o planeamento de necessidades, o que nos permite ter os profissionais preparados para começar a desempenhar funções logo que os clientes necessitam, em vez de estarmos a procurar de forma reativa o que exigiria que os projetos que precisam do talento tivessem de esperar, acabando por procurar noutro parceiro ou até desistir.

As posições mais contratadas são:

  • Backend Developers (sobretudo Java e .net)
  • Frontend Developers (sobretudo React e Angular)
  • QA Automation Engineers
  • DEVOPS e SREs
  • Data Engineers e Data Scientists

PME Mag. – O que podemos esperar da Kwan no futuro?

D. F. – No futuro, podemos esperar que a Kwan continue a crescer e a consolidar a sua posição como um parceiro de confiança e especialista no aumento da capacidade através da disponibilização de profissionais de tecnologia altamente qualificados. Temos planos ambiciosos e metas bem definidas, como a nossa Road to Mars. Além disso, pretendemos expandir a nossa presença no mercado nacional e internacional, chegando a uma gama ainda mais ampla de parceiros e projetos.

Continuaremos a investir no desenvolvimento e aperfeiçoamento das nossas soluções e serviços, de modo a garantir que possamos responder às necessidades em constante evolução do mercado tecnológico. Isto inclui a adaptação às novas tecnologias e metodologias emergentes, nomeadamente no campo da Inteligência Artificial, recurso que já utilizamos para melhoria dos nossos processos, bem como a capacitação dos nossos profissionais para enfrentar os desafios futuros.

A Kwan também continuará a dar prioridade ao bem-estar e ao desenvolvimento profissional dos seus Kwaners. Através do nosso modelo de People Management especializado em carreiras Tech, continuaremos a proporcionar um ambiente de trabalho estimulante e gratificante, com oportunidades contínuas de aprendizagem e crescimento.

Adicionalmente, a recente certificação ISO 27001 demonstra o nosso compromisso com a melhoria contínua dos processos, eficiência e segurança da informação. Esta certificação recentemente obtida aumenta a confiança dos nossos parceiros e reforça a nossa posição como líder no fornecimento de soluções tecnológicas seguras e eficientes.

Em suma, a Kwan tem um futuro promissor pela frente, com planos ambiciosos e uma visão clara. Estamos empenhados em continuar a ser um parceiro de confiança no mundo da tecnologia e em ajudar a impulsionar o sucesso dos nossos clientes e colaboradores, mantendo sempre um elevado nível de profissionalismo e excelência, e contribuindo para a construção de um melhor amanhã!