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Fernando Fraga, diretor de inovação da Acredita Portugal (Foto: Acredita Incubação)

Acredita Portugal promove semana virtual de empreendedorismo

A 10.ª edição do concurso Montepio Acredita Portugal fica marcada pela “MAP Virtual Week”, uma semana de empreendedorismo virtual que contou com apresentações, debates e mentoria sobre fundamentos do ecossistema empreendedor.

Fernando Fraga, diretor de Inovação da Acredita Portugal, faz o balanço desta iniciativa: “Este ano quisemos ir além do apoio que oferecemos aos empreendedores a nível de mentoria e acompanhamento para o desenvolvimento dos seus projetos, e possibilitar uma discussão alargada sobre este ecossistema. Penso que o saldo desta semana é claramente positivo: identificámos desafios, respondemos a questões e dúvidas e definimos respostas possíveis para capacitar startups e empreendedores a alcançarem os seus objetivos”.

O primeiro debate da semana organizada pelo maior concurso de empreendedorismo em Portugal foi dedicado ao impacto do Covid-19 nas empresas portuguesas e ao modo como startups e PME podem enfrentar e sobreviver a uma segunda vaga da pandemia, num painel que contou com a Startup Portugal, Mazars, IAPMEI e Turismo de Portugal. Seguiu-se a identificação das oportunidades trazidas pela crise económica e sanitária, e como esta pode ser explorada nos próximos anos, por um painel composto por Core Angels, Bravegeneration e Portugal Ventures. O sucesso empresarial atual foi associado à resiliência, sustentada na capacidade de aproveitar o panorama para acelerar a inovação.

A discussão continuou com uma reflexão sobre o futuro da economia social em Portugal por stakeholders da área (Portugal Inovação Social, Instituto Padre António Vieira, Fundação Aga Khan Portugal e Banco Montepio). Perante as mudanças no setor e capacidade de adaptação a uma nova realidade, a tónica foi colocada na colaboração. Num cenário de incerteza torna-se imperativo rentabilizar recursos e usar a rede da economia social para responder às necessidades.

Ao segundo dia, uma apresentação da Birds and Trees sobre a forma como a transformação digital está a alterar a atuação das empresas. Preparar e adaptar um projeto a esta nova realidade já não é implementar a transformação digital, mas acelerá-la. As organizações têm de digitalizar a sua gestão e os seus modelos de negócio, ligando tecnologia e pessoas para se tornarem mais resilientes e ágeis e aproveitar as oportunidades neste “novo normal”.

A discussão continuou com uma reflexão com a Milk Dynamics, Science4you e AICEP acerca dos maiores obstáculos que se colocam à internacionalização das empresas e à afirmação de Portugal como um player relevante no empreendedorismo global num mundo mais digital. Apesar da dificuldade de muitas na adaptação a outras línguas e culturas, angariação de financiamento específico e concretização da primeira venda, os intervenientes no painel foram unânimes em apontar que não exportar é um erro. A conquista de uma posição global passará pela inovação.

Os fundadores da Pelcor e da Recibos Online tentaram responder à questão “O que vem depois da Exit?” e o que acontece ao empreendedor depois de se desvincular do projeto que ajudou a lançar. Uma mesa moderada pela PME Magazine, que foi media partner do evento.

Painel “O que vem depois da Exit?”, com Sandra Correia e Ricardo Santos, moderado pela PME Magazine

A equipa da KCS IT apontou as tecnologias emergentes que vão mudar a forma como as empresas funcionam e ajudar a salvar os negócios tradicionais, constatando conservadorismo tecnológico em alguns setores e empresas que consideram que a tecnologia é inalcançável. É impossível um negócio sobreviver sem estratégia tecnológica capaz de ser vetor de crescimento e de potencial conquista de clientes. O papel da tecnologia tem sido notório no aparecimento ou consolidação de negócios que contornam restrições com ferramentas e plataformas tecnológicas.

Ao terceiro dia, a IAPMEI debruçou-se sobre os apoios direcionados ao empreendedorismo, programas existentes e processos de candidatura. A intervenção evidenciou a Estratégia Nacional para o Empreendedorismo – StartUP Portugal, que visa fomentar o espírito empreendedor, apoiar projetos e assegurar a longevidade das empresas, aumentando a criação de emprego e valor económico. Reforçou-se também a oportunidade trazida aos empreendedores pelo programa Startup Voucher. A estratégia passa ainda por apoios complementares, facultando ferramentas técnicas e financeiras que capacitem projetos em fase de ideia.

Um dos primeiros desafios do empreendedorismo é o capital. Ao procurar financiamento, o que querem verdadeiramente ouvir os investidores e o que é necessário saber a este nível antes de iniciar esta procura? A Bynd Venture Capital destacou as respostas sobre critérios de investimento, nos quais se incluem tecnologia/produto, tração/protótipo, mercado/concorrência, equipa e condições de investimento. Apesar de poder ser uma tarefa inglória é fundamental. Qualquer startup com ambição terá de apostar em rondas de levantamento de capital.

Como é que investidores e big corp encaram o falhanço? Será um projeto que não resultou uma marca vitalícia no currículo de um empreendedor? Elementos da Bynd Venture Capital, Olisipo Way, Skinerie (grupo Sonae), Bayer e EDP partilharam a visão de que um empreendedor com um falhanço conseguirá retirar do mesmo algum ensinamento, terá mais confiança e dificilmente cometerá os mesmos erros. Nas relações entre empreendedores, financiadores e parceiros há que investir na persistência.

À Inventa International coube o papel de definir de que modo é possível proteger a propriedade intelectual, distinguir conceitos como direito de autor, patente, marca e desenho, e explicar o que fazer no caso de uma ideia ser copiada.

O futuro do empreendedorismo em Portugal esteve em destaque no último dia. Agora que Portugal é uma “Nação Startup”, quais os próximos passos? O contexto atual “atirou” muitas pessoas para o empreendedorismo, não sendo ainda claro como vai o ecossistema adaptar-se aos muitos pequenos projetos lançados em fase muito inicial. Rede Nacional de Incubadoras, Cron.Studio, IAPMEI e Acredita Portugal juntaram-se para exprimir a relevância de iniciativas que permitam, não só premiar novos projetos, mas também apoiar e acompanhar empreendedores.

Spring Up Europe, Podcast Empreendedora.Eu e Business Experience tentaram avaliar porque existem ainda tão poucas mulheres CEO. A questões individuais e sociais, associadas a tradição e preconceitos, soma-se o desafio de não existindo gestoras reconhecidas ser mais difícil a outras mulheres ambicionarem seguir este percurso.

Os fundadores dos projetos Zercatto e Nozomi, já desativados, tentaram responder ao que fazer depois do falhanço de um projeto. A opinião, partilhada por ambos os empreendedores, é que é necessário encarar a experiência como uma hipótese de aprendizagem, para que, num projeto posterior, se identifiquem alertas que remetam para falhas anteriores e coloquem as perguntas certas.

O último painel do evento procurou definir o papel do empreendedorismo no contexto da sustentabilidade, especificamente na transformação, distribuição e tratamento de água. Os desafios identificados – num debate com as Águas de Gaia, Ordem dos Engenheiros, BeWater Group e Agência Portuguesa do Ambiente – foram as alterações climáticas, a gestão mais eficiente dos recursos hídricos e novas formas de abastecimento de água, para os quais há que procurar sinergias entre stakeholders de vários setores e equilibrar tradição com inovação.

Oito projetos premiados

No último dia do evento, Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, participou na abertura da gala da 10.ª edição do concurso, que selecionou os vencedores do concurso entre 10.640 ideias inscritas. A governante destacou a visão do Governo relativamente ao papel dos empreendedores no caminho por um Portugal mais sustentável. Os vencedores foram:

Prémio Empreendedorismo Social: Stop Bullying. O conceito de bullying é apresentado às crianças em idade pré-escolar através da Cegonha Marcolina. Com um livro e um jogo de tabuleiro, são desenvolvidos métodos e comportamentos positivos nas crianças a partir dos três anos para prevenir e combater o bullying, com base em atividades e desafios divertidos.

Prémio Mobilidade 2020: BipBip. Plataforma inteligente e gratuita angariadora de clientes, que sabe a todo o momento quais os camiões vazios, as rotas e a sua localização. Desta forma, obtém-se um matching entre o pedido do cliente e o camião vazio mais próximo que percorre essa rota. Conseguem-se assim ofertas rápidas e acessíveis para o cliente, rentabilizando as frotas para os transportadores. BipBip 24/7 amiga do ambiente.

Prémio K.Tech: Dime. Plataforma que pretende transformar o mercado de talento desportivo. É a rede social que reinventa a forma como os jogadores exibem as suas características digitalmente – através de momentos em vídeo – usando inteligência artificial para balancear a procura e oferta de talento, numa escala global.

Prémio H2O inovação: SCEMAI. Maximização da performance do consumo energético e monitorização de avarias através de modelos de inteligência artificial e análise de dados, permitindo a otimização da produção.

Categoria Geral | Inovação: ChargeSurfing. Rede privada para carregamento de veículos elétricos. Sem cartões, internacional, compatível com todas as marcas de carregadores e veículos. Qualquer pessoa com a localização adequada, em qualquer parte do mundo, pode aderir à rede e tornar-se um Host para a mobilidade elétrica, apoiando a transição energética e rentabilizando o respetivo espaço.

Categoria Geral | Produto: Four Bites. Serviço de subscrição de diversos snacks saudáveis, personalizados ao universo do cliente e entregues onde este mais necessita. Como? Apontando preferências e sabores, o algoritmo de AI personaliza a experiência, recebe-se em recorrência as Bites, possibilidade de dar feedback e aceder ao youniverse.

Categoria Geral | Educação: Growappy. Solução web e mobile que moderniza a educação infantil, ao facilitar o dia a dia nas escolas, simplificar a sua gestão, comunicação com os pais, registo e partilha das rotinas diárias e aprendizagens das crianças de uma forma inovadora e em tempo real.

Adicionalmente aos prémios nestas categorias, teve ainda lugar outro reconhecimento, o Born from Knowledge – Awards, um prémio especial conferido pela Agência Nacional de Inovação que foi entregue ao projeto Unit Layer, que pretende estudar o efeito da microgravidade em genoma humano e células cancerígenas, utilizando veículos aeroespaciais, de forma a analisar as condições e alterações nas mesmas em prol de uma alternativa terapêutica para uma patologia prevalente e letal como é o cancro. Este prémio, atribuído em alguns dos mais prestigiados concursos e/ou prémios de inovação em Portugal, reconhece projetos e empresas “nascidas do conhecimento” e que mais se destaquem em atividades de Investigação & Desenvolvimento (I&D), nomeadamente colaborativa.