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(Foto: jcomb, Freepik)

Ansiedade em tempos de pandemia: como ultrapassar?

O seu coração bate mais depressa? Tem pensamentos repetitivos ou falta de ar? O contexto que estamos a viver, fruto da pandemia de Covid-19, levou o mundo quase todo a alterar drasticamente os seus hábitos de vida. Uns confinados pelo isolamento que se impõe, outros porque, força da função que desempenham, têm de sair de casa para ir trabalhar correndo riscos todos os dias.

Catarina Lucas, psicóloga clínica, explica à PME Magazine que há vários fatores a contribuir para o aumento de ansiedade nas pessoas, “não se devendo apenas ao confinamento em si mesmo, mas a tudo aquilo que isso implica, nomeadamente o grande nível de imprevisibilidade e a incapacidade de controlo”.

“O ser humano possui uma grande necessidade de controlo e de saber aquilo que pode esperar do futuro. Contudo, neste momento, a incerteza é grande e, a incerteza tende a gerar ansiedade”, explica a especialista.

Para que está em casa, a “incerteza traz ruminações e dificuldade na distração”, o que, acrescenta Catarina Lucas, “aumenta também a irritabilidade”.

“Com mais tempo em casa, tende a existir mais tempo despendido no consumo de notícias e conteúdos sobre a pandemia, sendo estes conteúdos em si mesmos, geradores de ansiedade.”

Catarina Lucas, psicóloga clínica

Esteja atento aos sinais

Devemos, por isso, estar atentos a alguns sinais que nos podem indicar se os nossos níveis de ansiedade estão acima do normal.

É importante estar atento ao surgimento ou aumento de sintomas físicos como o ritmo cardíaco mais acelerado, alterações intestinais, tonturas, dormências ou faltas de ar. Outro sinal de alerta é a presenta de pensamentos obsessivos e repetitivos, tendencialmente negativos, aos quais damos o nome de ruminações. Comportamentos repetitivos, de hipervigilânica, medos exacerbados com as doenças e a contaminação, também estão entre os sinais de alarme. As alterações ao nível do sono podem também evidenciar ansiedade”, diz-nos Catarina Lucas.

Na opinião da psicóloga, o teletrabalho pode ajudar “a trazer alguma normalidade e funcionalidade à nossa vida”, contudo, “neste momento, nada é suficientemente forte para eliminar os efeitos daquilo que estamos a viver”.

“Devemos tentar atenuar esse impacto, mantendo um horário de trabalho definido, horários para acordar e deitar, horários de refeições – evitar saltar refeições e realizar uma alimentação equilibrada – e até para algum exercício. É importante manter contacto (por telefone, videochamada ou mensagem) com familiares e amigos. Encontrar distrações é essencial, caso contrário os pensamentos negativos e geradores de ansiedade poderão surgir com maior frequência e intensidade”, sublinha.

Está em casa? Eis algumas dicas

Se tem de estar em casa, quer porque o teletrabalho assim o obriga, ou porque tem de cuidar dos filhos, ou porque está doente ou sob vigilância, aqui ficam as dicas da psicóloga Catarina Lucas para baixar os níveis de ansiedade:

Partilhe o que sente;

– Faça “atividades ou tarefas distratoras e prazerosas”;

– Faça atividades de maior “proximidade familiar”;

– Faça algum exercício físico para atenuar o stress;

Evite ver notícias o dia todo. “Uma a duas vezes por dia é suficiente”, aconselha a especialista;

– Faça exercícios de relaxamento, “ioga ou outras atividades que induzam sensações de bem-estar”;

– Em último caso, “falar com um profissional se atingir níveis mais elevados de ansiedade”, alerta.

Tem de sair para ir trabalhar? Saiba o que fazer

A ansiedade não domina só aqueles que estão em confinamento social, mas também aqueles que, por inerência do seu trabalho, têm de sair de casa. Se se sente ansioso e desconfortável com esta situação, aqui ficam os conselhos da psicóloga Catarina Lucas:

– Mantenha o foco no trabalho, sempre com as devidas medidas de segurança.

– É necessário operar “um processo de aceitação”, explica, de que, “determinadas profissões têm inerente o avançar em situações de crise e compreender o seu papel determinante nesta fase”;

Seja realista, de modo a “prevenir, mas não antecipar o pior”, alerta Catarina Lucas. “Sofrer por antecipação apenas aumentará o nível de ansiedade e desconforto.”;

– “Compreender que o risco de algo negativo acontecer não está presente apenas nesta fase.” A psicóloga lembra que “todos os dias acarretam um risco para nós, sem que nos apercebamos”;

– Tente descansar no regresso a casa, distrair-se e realizar atividades que lhe tragam prazer;

– Fazer exercícios de relaxamento e evitar ruminações.