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Clénio Lemos
Clénio Lemos, CEO da Vinyl Xpress (Foto: Divulgação)

“As vendas de vinis cresceram 108,2%” – Clénio Lemos, CEO da Vinyl Xpress

A venda de vinis segue em movimento crescente há 15 anos e em 2020 superou a de CDs pela primeira vez em 34 anos. Será esta uma tendência que veio para ficar?

Em entrevista à PME Magazine, o CEO da Vinyl Xpress, Clénio Lemos fala sobre a entrada da empresa de prensagem de vinis no mercado português.

Por: João Carreira

PME Magazine (PME Mag.) – O que faz com que o mercado de vinis esteja em crescimento?

Clénio Lemos (C. L.) – O vinil tem crescido constantemente em popularidade, novamente, nos últimos anos, à medida que mais pessoas adotam o formato clássico. As vendas de vinis cresceram 108,2%, de 9,2 milhões no segundo semestre de 2020 para 19,2 milhões de unidades, e as vendas de CDs também cresceram 2,2%, com 18,9 milhões de unidades vendidas. Um dos fatores que contribuíram para o crescimento, na minha opinião, é o Record Store Day [evento anual para celebrar a cultura da loja de discos de propriedade independente], que foi criado em 2007 para ajudar os lojistas e artistas independentes. Até então, era apenas uma tendência, mas em meados de 2013 tive a experiência de presenciar pela primeira vez um crescimento robusto na demanda dentro das fábricas, ocasionado pela entrada das grandes gravadoras, que chamamos de majors (Universal, Warner e Sony Music), que resolveram participar na RSD com os seus catálogos novos e antigos, e claro que o inevitável aconteceu. Os anos seguintes popularizaram as feiras de vinis: os gigantes online (como o Ebay, Discogs, Amazon e Bandcamp), as grandes redes de mercados (como a FNAC) e agora os clubes de vinil, que estão crescendo a cada dia, juntaram-se às lojas físicas – que, não podemos esquecer, também têm uma grande participação nesse crescimento, uma vez que os aficionados, amantes e colecionadores preferem o contato direto com o produto e a boa indicação do vendedor, que, inquestionavelmente, é um profundo conhecedor de música.

PME Mag. – O que mudou nos últimos tempos?

C. L. – Uma das mudanças é a maneira como o cliente compra o formato: antes esta compra era possível somente nas lojas físicas e hoje temos a internet, que possibilita aos clientes receberem o vinil em casa. A demanda nas fábricas e os prazos de entrega também mudaram, pois, há alguns anos, as fábricas ofereciam prazos curtos, mas hoje algumas empresas levam entre seis meses a um ano para a entrega dos vinis. Além disso, as empresas de logística também tiveram um aumento nos seus preços, o que encarece a entrega. O aumento dos preços do vinil, nos últimos meses, por conta das dificuldades em obter materiais como o PVC, que é um dos componentes para a produção, também pesa. Na Vinyl Xpress trabalhamos com um prazo de cinco a seis meses para a entrega – e, dependendo da quantidade e capacidade, conseguimos encurtar esse prazo.

PME Mag. – Em que consiste a Vinyl Xpress?

C.L. – A Vinyl Xpress é uma empresa que se preocupa com o cliente, que acompanha o processo desde o primeiro contato até a entrega do sonhado vinil, e que fornece toda a orientação necessária para o melhor projeto que ele precisa, desde os preços até aos detalhes mais complicados que estejam na sua mente. Temos proximidade com a fábrica e um bom relacionamento com o departamento de produção, o que nos permite exigir o máximo em termos de qualidade de áudio e artes gráficas.

Estão em produção os vinis de Alice Cooper, Mallu Magalhães e das bandas Testament e Sabaton, entre outros artistas e bandas que precisamos de aguardar as datas oficiais de lançamento para podermos anunciar.

PME Mag. – Como surgiu a empresa?

C. L. – Surgiu devido a uma longa experiência e farto conhecimento do mercado musical, com foco no vinil. Com essa base de muitos anos de atuação no segmento, colocámos as ideias no papel e, em 2020, projetámos os planos de marketing, o que incluiu a preparação de website na língua inglesa e portuguesa.

PME Mag. – Como tem sido o crescimento da Vinyl Xpress?

C. L. – Apesar de ser uma empresa nova no mercado, estamos a aprimorá-la e ajustando a mesma a cada dia, como qualquer empresa recente. Ajustes de website, reuniões com empresas de logística e busca de parcerias com produtores, bandas, artistas e distribuidores. Assim seguimos adiante e, em pouco tempo, já estamos com clientes satisfeitos: estão em produção os vinis de Alice Cooper, Mallu Magalhães e das bandas Testament e Sabaton, entre outros artistas e bandas que precisamos de aguardar as datas oficiais de lançamento para podermos anunciar. Mas estamos a seguir o caminho de uma empresa com profundo conhecimento do produto e capaz de dar uma atenção especial ao cliente.

PME Mag. – De que forma pretendem entrar em Portugal?

C. L. – Contratámos a agência AR Comunicação, que atua no mercado português há um bom tempo, especialmente no segmento cultural, e que tem feito ativações no mercado musical e assessoria de imprensa. Também contamos com a recomendação de clientes e parceiros que conhecem o nosso trabalho.

PME Mag. – Porquê a escolha do nosso país?

C. L. – Pela proximidade, pela possibilidade de poder estar num país em que se fala a mesma língua e já ter alguns contatos. Para fortalecer este vínculo, também temos o site disponível na língua portuguesa, de modo a proporcionar ao cliente a opção de escolher o melhor para o seu projeto e fazer os cálculos online.

PME Mag. – Isto é, porque é que Portugal faz parte da estratégia de crescimento?

C. L. – Portugal é um país em que a cena cultural e musical é muito forte, com conexões internacionais relevantes, grandes festivais de música, grandes eventos, como o Womex, que acontecerá em outubro, no Porto. Há também um imenso número de artistas nacionais e internacionais que circulam e residem no país.

PME Mag. – O que o difere dos restantes países, tendo em conta que não é um mercado tão grande?

C. L. – Temos visto artistas de outras nacionalidades que acabaram migrando para Portugal, levando consigo a sua música e cultura. São artistas de países como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Brasil, entre outros, e essa mistura cultural que acontece no país é interessantíssima e muito rica. A Vinyl Xpress é uma empresa que trabalha com clientes dos mais diversos países, como Coreia do Sul, Malta, Alemanha, Grécia e Brasil. Com o mercado português não será diferente: se trabalharmos da maneira como sempre acreditamos, com honestidade e transparência, teremos clientes felizes e faremos bons negócios.

Temos visto artistas de outras nacionalidades que acabaram migrando para Portugal, levando consigo a sua música e cultura. São artistas de países como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Brasil, entre outros, e essa mistura cultural que acontece no país é interessantíssima e muito rica.

PME Mag. – Com a pandemia a nível global, o vosso volume acabou por crescer, tendo em conta a constante presença das pessoas no seu domicílio?

C. L. – A Vinyl Xpress foi criada, praticamente, durante a pandemia. Tivemos as preocupações com a cadeia produtiva, como a de shows e de toda a indústria cultural, e ao mesmo tempo fomos nos aprimorando internamente e procurámos alternativas, como a criação de produtos: nesse período, introduzimos no nosso catálogo de serviços a produção de CDs/DVDs e também da Fita Cassete. Em abril deste ano, já estávamos preparados para atender às necessidades de volume e em sintonia com a fábrica para a demanda do produto vinil.

PME Mag. – Quais as previsões de futuro, tanto a nível interno como global?

C. L. – A parceria que temos com a fábrica na República Checa já vai completar 12 anos. Durante esse período, o que mais nos orgulha é que, a cada dia, temos mais certezas de que qualidade e honestidade caminham juntas, e quando acreditamos no produto, já estamos a meio do caminho para o sucesso. A nossa expectativa de crescimento é em torno de 20% – alta, mas baseada em diversos contatos e propostas que estamos estabelecendo desde agora. Portanto, trabalhamos com a tranquilidade de que estamos bem assessorados e transmitimos esta mesma certeza ao cliente, desde o início do processo de fabricação até a entrega, com a melhor qualidade do mercado em termos de áudio e material gráfico.