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Vicente Huertas, CEO Minsait em Portugal digitalização
Vicente Huertas, CEO Minsait em Portugal (Foto: Divulgação)

A digitalização e a inteligência colaborativa para combater a crise da Covid-19

Por: Vicente Huertas, CEO Minsait em Portugal

Como em todas as crises, a emergência sanitária, económica e social causada pela propagação da Covid-19 representa também uma oportunidade de acelerar os planos de digitalização e transformação cultural das nossas empresas e instituições.

Quem não aproveite a atual conjuntura para impulsionar a digitalização dos seus processos e estruturas chave tem fortes probabilidades de não sobreviver à crise que se está a formar. Pelo contrário, quem souber acelerar os seus planos de digitalização pode sair mais forte e com os pilares necessários para enfrentar o cenário pós-Covid 19.

Hoje, na verdade, as indústrias e os setores que mais amadureceram as suas estratégias de transformação digital são quem melhor estão a contornar a crise. Num cenário caraterizado pela incerteza – no qual a única coisa previsível é a imprevisibilidade – enfrentar com garantias a emergência, mantendo a operação crítica ao negócio e mitigando o impacto nas receitas, passa por uma aposta decidida pelas tecnologias digitais de vanguarda.

“Quem não aproveite a atual conjuntura para impulsionar a digitalização dos seus processos e estruturas chave tem fortes probabilidades de não sobreviver”

Devem ser dois os âmbitos de aplicação prioritários. Em primeiro lugar, a implementação de plataformas e ambientes digitais de trabalho remoto. Não devemos esquecer que foram precisamente as novas ferramentas de conexão e de trabalho colaborativo, possibilitadas pelas melhorias na rede, que impediram a paralização das atividades e infraestruturas críticas para as nossas economias e negócios.

Porém, este trabalho remoto e digital é necessário, mas insuficiente. A digitalização complementar dos processos de deliberação, tomada de decisões e execução nas empresas são uma prioridade. É urgente implementar novas metodologias de gestão empresarial mais participativas, colaborativas, executivas e digitais; assim como potenciar ferramentas digitais de Inteligência Colaborativa (IC) nos processos de gestão, desde a reflexão estratégica ao seguimento dos planos de ação.

Muitos dos projetos que realizámos em Portugal e em todo o mundo demonstram que a Inteligência Colaborativa pode melhorar a qualidade das conversações chave nas equipas de liderança (entre si e com o resto da organização), facilitando o pensamento e a tomada de decisões em grupo.

“Não devemos esquecer que foram precisamente as novas ferramentas de conexão e de trabalho colaborativo, possibilitadas pelas melhorias na rede, que impediram a paralização das atividades e infraestruturas críticas para as nossas economias e negócios”

Este ponto é fundamental num cenário de trabalho remoto e digitalizado. Com base na nossa experiência, a incorporação de Inteligências Colaborativas nos processos de gestão empresarial pode reduzir em 75% o tempo na tomada de decisões; 50% o número de reuniões; e enriquecer as decisões reunindo até 90% de opiniões dentro da equipa de direção, comparativamente aos 5 ou 10% que somos capazes de recolher pelos habituais métodos de trabalho (reuniões, e-mails, chats…).

Para Yuval Noah Harari, autor de Sapiens, a melhor defesa global contra o vírus é a informação. O mesmo se aplica às organizações: acelerar a implementação de ferramentas e tecnologias digitais que possibilitem um modelo de gestão baseado na informação partilhada, pilar central da Inteligência Colaborativa, é o único modo, não só de assegurar a sobrevivência, como de salvaguardar a competitividade das nossas empresas e sairmos mais fortes desta crise. Garantir a nossa viabilidade e, com ela, a continuidade da nossa economia são também hoje formas combater a crise.