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Lean Health
O trabalho de equipa é a melhor arma para combater o desperdício hospitalar (Foto: Arquivo)

“Envolver as equipas” é a chave para a melhoria contínua na saúde

O desperdício hospitalar, como exames feitos desnecessariamente ou falta de comunicação, é um tema cada vez mais falado, que leva, por vezes, a problemas no funcionamento de uma unidade hospitalar e das suas respetivas equipas. Como tal, a Lean Health Portugal, organização portuguesa focada na melhoria contínua dos processos na prestação de serviços de cuidados de saúde, organizou um evento online Vamos refletir sobre desperdício hospitalar?, onde Rui Cortes, fundador da Lean Health, falou sobre a necessidade de se envolverem as equipas para melhorar a eficiência nas unidades hospitalares.

“Sabemos que há escassez de recurso, mas muitas vezes é importante olharmos e perceber que a questão nem sempre tem que ver com recurso, é uma questão de envolver as equipas, procurarem onde estão a o desperdício de saúde para uma melhoria continua”, sublinhou Rui Cortes.

O webinar decorreu na passada terça-feira e contou com o testemunho de elementos de quatro diferentes equipas espalhadas pelo país. Estas equipas foram sujeitas ao ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act – Planear, Fazer, Verificar, Agir) durante um mês e conseguiram concluir que, com este programa aberto pela Ordem dos Farmacêuticos, é fulcral encontrar o problema que existe em cada unidade, medir esse mesmo problema, monitorizá-lo, e caso seja necessário voltar ao princípio se o plano inicial não correr de acordo com o esperado. Além disso, as equipas envolvidas consideram que é necessário haver a possibilidade de desenvolver o projeto com base em valores de transparência e confiança, focando-se na melhoria contínua.

“Só podemos melhorar aquilo que medimos, pelo que medir é essencial para melhorar”, afirmou Maria Mercedes Bilbao, enfermeira gestora no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.

As equipas registaram melhorias significativas, como afirma Magda Ornelas, farmacêutica nos Cuidados de Saúde Primários da ARS Alentejo: “Houve melhoria de processos relativos à distribuição e reposição de stocks nos armazéns avançados”.

“Temos reposição mensal e há muitos pedidos extraordinários, por isso, temos de olhar para o problema e encontrar as causas”, reforçou.

A farmacêutica salientou, também, que a “união, o compromisso e ação do ciclo PDCA” são fatores muito importantes para o bom desenvolvimento de uma equipa.

Já a farmacêutica Raquel Calheiros, parte do Hospital do Grupo Lusíadas afirmou que este ciclo PDCA veio “melhorar a experiência do cliente, diminuindo os tempos de espera” e também fez perceber que “havia a mesma informação digitalizada várias vezes”.

Maria Mercedes Bilbao, enfermeira gestora no Hospital Santa Marta considerou que “a melhoria continua implica envolver toda a equipa”.

 Quais são os desperdícios hospitalares?

Segundo Rui Cortes, fundador da Lean Health, quando há desperdício de movimento, quando os profissionais transportam os doentes, ou estão em transição de tarefas não estão a gerar valor. O transporte de equipamentos ou quando o doente precisa de auxílio, o inventário, quando existe stock muito elevado ou falta dele atempadamente, o desperdício do tempo, quando os utentes estão à espera demasiado tempo, o desperdício de produção, ou seja, quando o mesmo processo é repetido mais do que uma vez por falta de comunicação ou tempo de espera a mais, desperdício no processamento, em que existem burocracias sem necessidade ou processos informatizados desnecessários, tudo isso é desperdício. Outra questão apontada é o defeito, um erro que não foi parado a tempo e afetou o resultado final. Por fim, acrescenta o responsável, o desperdício do talento do pessoal, quando não se dá ouvidos ao que os profissionais qualificados têm a dizer, também afeta a eficiência nas unidades de saúde.

Este programa, lançado no verão passado, foi desenvolvido pela Lean Health com a Ordem dos Farmacêuticos, dirigido a farmácias hospitalares e aberto a todos os hospitais. Houve 24 candidaturas foram escolhidasquatro equipas para o projeto, que durou três meses.

As quatro equipas selecionadas para a sessão de esclarecimento pertencem ao Hospital Santa Marta, à ARS Alentejo, ao Hospitalar do Grupo Lusíadas, e, por fim, à equipa de evacuações aéreas nos Açores.