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Gestão feminina está mais representada nas microempresas

As mulheres representam um terço dos poderes de decisão do tecido empresarial português, valor que aumentou 3% nos últimos cinco anos.

Dentro dos poderes de decisão do tecido empresarial, 26% assume apenas uma participação no capital enquanto sócio/acionista, sem participação na gestão; a grande maioria assume cargos de gestão/administração (68%), onde uma parte significativa participa também no capital e 6% são cargos de direção executiva (direção de primeira linha).

No entanto, a 8ª edição do estudo ‘Participação feminina na gestão das empresas em Portugal’ da Informa D&B mostra duas realidades no tecido empresarial português no que toca ao protagonismo feminino nos poderes de decisão: por um lado, as microempresas, onde as mulheres estão a ganhar relevância e, por outro, as PME e as grandes empresas, onde a sua participação ao nível da gestão vai reduzindo à medida que aumenta a dimensão da empresa.

“Procurámos caracterizar a participação feminina separando o universo das microempresas das restantes, por ser o segmento onde se encontram as tendências de mudança mais significativas; há um aumento significativo de mulheres na criação de novas empresas e na condução de negócios de pequena dimensão. Nas PME e nas grandes empresas, a tendência é positiva mas o aumento continua a ser marginal”, refere  Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B.

 

Serviços e retalho com mais mulheres

Quase um terço das microempresas são geridas por mulheres. Nestas empresas (que representam 95% de todo o tecido empresarial), que têm em média 219 mil euros de volume de negócios e quatro empregados, o gestor e o dono do capital são habitualmente a mesma pessoa (88% dos casos). As microempresas reúnem também a grande maioria (83%) dos poderes de decisão do tecido empresarial nacional e a gestão é na sua quase totalidade representada pela função de gerência.

Os setores de Serviços (37%) e Retalho (34%) são os que têm uma maior percentagem de mulheres em cargos de gestão.  Dentro dos Serviços, destacam-se as áreas de Beleza, Educação e Saúde. Com menor percentagem de gestores femininos nos pequenos negócios estão os setores das Telecomunicações, da Construção e do Gás, eletricidade e água.

 

Menos mulheres à medida que cresce a empresa

Nas pequenas, médias e grandes empresas o desequilíbrio de género mantém-se nos cargos de gestão/administração e nas funções de direção executiva e acentua-se à medida que aumenta a dimensão das empresas.

Com volumes de negócio superiores e maior número de empregados, estas empresas têm estruturas de gestão mais complexas e com mais elementos, incluindo direções de primeira linha. Nas pequenas empresas, 24,2% dos cargos de gestão/administração são ocupados por mulheres, número que desce para 19,2% nas médias empresas e para os 14,7% nas grandes empresas. Nas empresas portuguesas com controlo de capital estrangeiro, a presença feminina na gestão/administração é, em geral, mais baixa do que nas empresas com controlo de capital nacional. No entanto, este indicador não varia em função da dimensão da empresa.

Nos cargos de direção de primeira linha, pouco mais de um quarto (27%) são ocupados por mulheres. Nestes cargos, a paridade apenas se regista no cargo de diretor de recursos humanos, uma área que assume cada vez mais importância nas organizações num contexto de transformação digital do mundo empresarial. A direção de Qualidade/Técnica assume também um maior número de cargos femininos do que masculinos. No extremo oposto, apenas 10% dos cargos de direção-geral são ocupados por mulheres.

Maior diversidade com gestão feminina

Nas empresas com liderança feminina (apenas 16% das pequenas, médias e grandes empresas), mais de metade (52%) dos cargos de gestão são ocupados por mulheres e a diversidade de género nas equipas de gestão e direção é bastante maior — 88% das equipas de gestão e 72% das equipas de direção são mistas (com 35% de cargos femininos).

Esta realidade contrasta com as empresas lideradas por homens (84% do total), onde 82% dos cargos de gestão são ocupados por homens. No caso da liderança masculina apenas 44% das equipas de gestão são mistas, sendo as restantes exclusivamente masculinas. Nestas empresas 74% dos diretores executivos são homens.

 

Apenas 12,2% de mulheres nos Conselhos de Administração das cotadas

A maior evolução regista-se nas empresas cotadas em Bolsa. Apesar de serem aquelas em que a presença feminina nos conselhos de administração é mais baixa, apresentam atualmente um valor (12,2%) que quase duplicou nos últimos seis anos.

Entre as empresas cotadas analisadas, apenas cinco já atingiram os 33,3% de mulheres nos Conselhos de Administração, valor obrigatório por lei para 2020. Seis empresas têm entre 20% e 33,3% de mulheres e 14 têm menos de 20%. Em quase metade das empresas cotadas (19) não existe qualquer mulher nos Conselhos de Administração.