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To Good To Go Mette Lykke desperdício
Mette Lykke, CEO da To Good To Go deu o seu testemunho no Building The Future (Foto: D. R.)

“Gostava que os governos tivessem uma política clara quanto ao desperdício de comida” – Mette Lykke

Mette Lykke, CEO da Too Good To Go, aplicação de combate ao desperdício alimentar, deu, esta quinta-feira, o seu testemunho no evento Building The Future, sobre a quantidade de desperdício de comida que existe e apelou a uma mudança de hábitos para reduzir este problema.

Segundo a CEO, quase 40% de toda a comida produzida no mundo acaba no lixo e existem três aspetos fulcrais que é necessário ter em conta nesta questão: o aspeto ambiental, em que 10% das emissões de gases de efeito de estufa vêm do desperdício; o aspeto social, porque todos os dias 870 milhões de pessoas vão dormir sem terem comido; e o aspeto financeiro, porque, anualmente, o valor da comida desperdiçada é de 1,2 biliões de dólares.

“Se virmos o que aconteceu ao longo das últimas gerações, achamos que houve uma grande diminuição do respeito pela comida”, afirmou Mette Lykke, acrescentando que “a comida ficou muito mais barata”.

Através da app Too Good to Go, os utilizadores verificam os restaurantes ou cafés à sua volta, ficando com uma ideia do que poderá sobrar no fim do dia, reservam e no fim do dia fazem a recolha.

A aplicação já está em 17 países, 15 deles na Europa nos EUA e no Canadá e trabalha com mais de 90 mil estabelecimentos diferentes. No total, a CEO refere que já foram ‘salvas’ 110 milhões de refeições de irem para o lixo.

“Gostaríamos de tentar influenciar políticos, decisores políticos e legisladores e garantir que as leis que temos nesta área estão a reduzir o desperdício em vez de aumentar”, explicou Mette Lykke. A responsável sublinhou, ainda, que gostava de que “todos os governos tivessem uma política clara quanto ao desperdício de comida”.

Em Portugal, a aplicação conta com três mil parceiros e já foram ‘salvas’ mais de um milhão de refeições desde o início, havendo quase um milhão de pessoas registadas na plataforma.

A equipa da aplicação tenta consciencializar as pessoas de que as etiquetas na comida que dizem, “consumir até” apenas significam que o produto garante a melhor qualidade até àquele dia, mas não fica impróprio para consumo, e como tal, já conseguiu, em 12 países, juntando-se a empresas como a Unilever, Carlsberg e Arla, mudar as etiquetas dos produtos associados às marcas.

Esta campanha foi também feita em Portugal, onde participaram 31 produtores, como a Hellmann’s.

A app trabalha também com escolas, criando recursos educativos gratuitos.