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Rui Pedro Alves, fundador e CEO do grupo RUPEAL (Foto: Divulgação)
Rui Pedro Alves, fundador e CEO do grupo RUPEAL (Foto: Divulgação)

“O mercado continuará com procura de mão de obra para desenvolvimento de software”

Por: João Carreira

A Rupeal é um grupo de empresas de tecnologias de informação que faturou cerca de 13 milhões de euros no decorrer do ano passado. Atualmente, conta com aproximadamente 300 colaboradores.

A PME Magazine falou com o fundador, Rui Pedro Alves, que explicou o processo e os momentos marcantes pelos quais passou.

PME Magazine (PME Mag.) – Em que consiste a Rupeal?

Rui Pedro Alves (R. P. A.) – O Grupo RUPEAL é um conjunto de empresas de tecnologias de informação, do qual fazem parte o InvoiceXpress, a KWAN, o Teamlyzer e o ClanHR. RUPEAL significa literalmente Rui Pedro Alves e foi criado por mim em 2007, quando tinha 26 anos.
É um grupo de empresas que faturou em 2022 cerca de 13 milhões de euros e que conta atualmente com 300 colaboradores. Temos uma política de Remote First – um escritório físico em Lisboa, mas desde que os nossos clientes o permitam, trabalhamos remotamente por default, isto é, as pessoas têm a liberdade de escolher se preferem trabalhar remotamente ou presencialmente no escritório.

Eu, por exemplo, vivo no Algarve atualmente, sou natural de Portimão, de onde faço a gestão da empresa remotamente.

PME Mag. – Como surgiu?

R. P. A. – Em 2006, enfrentei um dilema muito comum na área tecnológica, na qual me formei: ir trabalhar para o estrangeiro ou ficar em Portugal e abrir a minha própria empresa. Na altura propus-me a ir trabalhar para várias empresas na Europa, e cheguei inclusive a receber algumas propostas de trabalho, mas, refletindo sobre a situação, fazendo autocoaching, apercebi-me que a principal razão que me estava a influenciar para sair de Portugal era somente o dinheiro, o que não me fez absolutamente nenhum sentido.

Depois disso considerei que era uma boa altura para abrir a minha própria empresa. Procurei falar com amigos que me deram alguns conselhos e me abriram oportunidades, e daí veio a nascer a RUPEAL.

PME Mag. – Como conseguiu impulsionar a empresa para que esta atinja agora os 13 milhões de euros? Qual foi o segredo?

R.P.A. – Foi todo um caminho gradual, mas que teve como principal alicerce um grande investimento em formação, em boas práticas e na procura dos melhores formadores do mercado para participar em masterminds e obter os melhores insights para perceber como podia alavancar o meu negócio. O segundo grande mérito é da equipa: se não fossem eles nada disto teria acontecido. Ou seja, ter conseguido encontrar as pessoas certas, com a cultura certa, foi também crucial para termos melhores operações no negócio, melhor serviço ao cliente, maior inovação nos nossos serviços, o que se traduziu numa melhor oferta para o mercado e num melhor branding e posicionamento.

No final do dia, o segredo são as pessoas e a cultura, e o grande investimento que fiz em formação, inclusive fora de Portugal, para beber das melhores práticas no mercado e aplicar aquilo que aprendemos.

PME Mag. – Qual considera ter sido o momento mais importante na sua carreira?

R.P.A. – A criação da empresa foi certamente um dos momentos mais importantes, não só pelo que significou para a minha carreira como para a minha vida pessoal, ficando em Portugal, como partilhei. Contratar algumas pessoas chave para ocupar posições-chave no grupo foi também um momento de grande impacto.

Tive vários momentos importantes que marcaram o meu trajeto. Alguns muito desafiantes, como quando perdemos 40% do nosso revenue e tivemos de traçar estratégias e trabalhar para o recuperar.

Outro momento fundamental foi quando tomei a decisão de tentar resolver um problema que senti a certa altura – que era a necessidade de criar faturas de forma rápida, imediata e em poucos passos enviá-la para o meu cliente – e ao resolver esse problema acabei por criar um produto, uma vez que foi essa solução interna que veio mais tarde a alavancar a criação do InvoiceXpress.

PME Mag. – O que mudou ao gerir quase 300 colaboradores quando tinha “apenas” 56?

R.P.A. – Com mais pessoas conseguimos alavancar o nosso tempo de uma forma diferente. Ao termos uma base de pessoas mais sénior e com um maior leque de competências torna-se mais difícil “as coisas quebrarem”, o que significa, curiosamente, que de certa forma se tornou mais fácil gerir a empresa. Com os diferentes processos, com os diferentes sistemas e com aquilo que aprendemos ao longo do caminho enquanto crescemos em dimensão, quando temos maior capacidade de recursos disponíveis, a gestão da empresa acaba por se tornar mais ágil.

PME Mag. – Em termos de alterações no setor, o que espera nos próximos anos para Portugal?

R.P.A. – No setor da faturação é expectável que o Governo aumente a regulação no que diz respeito à emissão de faturas e ao controlo fiscal. Isto tanto em Portugal como a nível europeu, e para isso o InvoiceXpress disponibiliza aos seus clientes uma solução que simplifica essa regulação, permitindo uma emissão de faturas simples e em linha com as normas da Autoridade Tributária, sem ter que se estar preocupado com todas as obrigações legais.

Na área da KWAN, ou seja, no setor de staffing de TI, as perspetivas são de crescimento. Espera-se que o mercado continue com uma grande procura de mão de obra para fazer face ao desenvolvimento de software – praticamente todas as empresas do mercado hoje em dia são empresas de software e precisam de equipas de desenvolvimento de software, e a KWAN fornece esses serviços conseguindo recrutar rapidamente e montar equipas de desenvolvimento de software de uma forma muito célere.