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Carlos Raposo CEO Vinhos Imperfeitos | Foto: Belove

O que está por detrás dos vinhos mais imperfeitos de Portugal?

Por: Mariana Barros Cardoso

“O imperfeito é perfeito.” Aquilo que a natureza nos oferece em gesto miraculoso. É assim que nasce Vinhos Imperfeitos e é nesta linha de raciocínio que rapidamente é detentora de vinhos que “podem ser comparados com qualquer grande vinho branco mundial”, nas palavras do enólogo Raul Riba D’Ave. 

Foi durante uma prova restrita com cinco ou seis representantes dos, considerados pela Bestguide, “melhores restaurantes da capital” que a PME Magazine teve oportunidade de conversar com Carlos Raposo, enólogo e fundador da empresa Vinhos Imperfeitos. Lançou-se no desafio de mostrar que a “busca da perfeição, a excelência numa garrafa de vinho, é possível desenvolver em território nacional.”. Um projeto diferenciador de “vinhos únicos” com o intuito de representar tudo aquilo que já “bebeu” e o que quer “beber”, para fazer “vinhos autênticos, difíceis de reproduzir, pelas condições únicas em que os desenvolve”.  

Carlos Raposo tem como objetivo mostrar o potencial do Dão – região onde nasceu –, e onde há muito idealizava os vinhos que ali queria fazer.  

“O Dão é perfeito para o tipo de vinhos que sonhei, pensado sempre no potencial de envelhecimento, no patamar dos melhores néctares deste nosso mundo, muito perto do céu… sim, é isso que quero fazer”, atira.   

Lançando agora três vinhos brancos de 2018, ‘I’ (Vinho Imperfeito) feito de uvas da região do Dão, ‘D&V Code’ do Dão e Vinhos Verdes e ‘•••’ (3 Pontos) da região dos Vinhos Verdes, Carlos Raposo coloca-os num mercado específico com a certeza de estar a “entrar num patamar de vinhos brancos de topo mundial, um caminho ainda por percorrer pelos produtores portugueses”. 

Questionado sobre o porquê desta pequena empresa, quando tinha uma vida estável no mundo dos vinhos ao lado do seu “grande mestre” – Dirk Niepoort – diz que a Vinhos Imperfeitos “nasce de uma sede insaciável em elaborar vinho de carácter único com características distintas”, rematando que a escolha do nome da empresa é fruto do pensamento que “a perfeição na vida é inalcançável, mas a sua busca faz-se com pequenas imperfeições que juntas procuram construir a perfeição”. 

“Em Portugal conseguimos fazer vinhos de nível mundial”, defende. 

“O vinho faz-se na vinha”  

Carlos estudou e trabalhou em várias quintas   | Foto: Belove

Com o desejo de criar uma referência portuguesa a nível mundial, os vinhos de Carlos Raposo são marcados por uma enorme mineralidade, sobretudo devido à seleção de uvas de vinha centenária e ao método de vinificação e envelhecimento, respeitando ao máximo a matéria prima que a natureza oferece. É na vinha onde, ao provar os diferentes bagos, em solos variados (Dão, Douro, Algarve, Vinhos verdes, Beira interior) que o enólogo sabe que vinho vai ali criar.  Carlos Raposo recorda que sempre vinificou os vinhos levando-os ao limite da expressão do “terroir”, com a filosofia de fazer grandes vinhos, sabendo que “o difícil para um enólogo é acreditar na natureza até ao fim”.  

Duas regiões na mesma garrafa? 

Rapidamente, é possível detetar a postura irreverente do enólogo e que transparece nos seus vinhos. Carlos Raposo é o primeiro enólogo em Portugal a juntar “as singularidades da região do Dão com as dos Vinhos Verdes” na mesma garrafa de vinho, à procura da “melhor sinfonia”, com o desejo de oferecer aos consumidores vinhos diferentes e de carácter singular: “Como alguns dos grandes vinhos mundiais, tenho o desejo de quando voltarem a provar os meus vinhos, facilmente sejam identificados como sendo meus”. 

Carlos Raposo, acredita que o único sentido que não é “apurado” aquando da degustação de vinhos é a audição. Assim sendo, para uma garrafa de “•••” sugere Carlos Paredes “Verdes Anos”, para um vinho com “aroma complexo onde predominam as notas florais de pétala branca”.  Ao som de “Sete pedaços de vento”, de Cristina Branco, Carlos Raposo aconselha abrir o vinho “D&V Code”, para “um aroma floral exuberante, com notas minerais evidentes. A madeira e os aromas minerais do Dão encontram-se em plena harmonia com um perfil cítrico e floral do vinho verde”. E por fim, para o “I” recomenda “In Paradisum”, de Karl Jenkins, para “um vinho com aromas minerais, aparecendo notas frescas de maresia, brisa do mar e algas, casadas com frutas de caroço como o alperce ou o pêssego”.  

Marca é distribuída em garrafeiras de referência  | Foto: Belove

Os vinhos da Vinhos Imperfeitos estão à venda em restaurantes, hotéis e garrafeiras de referência. O empresário implementou uma estratégia de exclusividade de distribuição, com a distribuidora de vinhos Direct Wine, de Raul Riba D’Ave, que afirma: “Não me vou esquecer nunca da primeira vez que provei os vinhos brancos do Carlos Raposo. Nunca tinha sentido tanto orgulho em cheirar e beber um vinho branco português. Estes vinhos podem ser comparados com qualquer grande vinho branco mundial. São vinificados com grande técnica e maestria, trazendo ao de cima aquilo que de mais gosto num vinho: pedregosidade no aroma, mineralidade na boca, sentido de lugar e, seguramente, capacidade de envelhecimento. Não tive nenhuma dúvida em incorporar de imediato estes vinhos no nosso catálogo de distribuição exclusiva”. 

Para o projeto Vinhos Imperfeitos, Carlos Raposo descortina ainda a possibilidade de no próximo ano surgirem os vinhos tintos.