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Preocupação Económica
O aumento do custo de vida faz crescer cada vez mais as preocupações com os encargos quotidianos (Fonte: Pexels)

Preocupações económicas demarcam o comportamento dos profissionais em 2023

Por: Marta Godinho

O estudo Workmonitor da Randstad provou que as prioridades profissionais estão divididas entre a estabilidade financeira e o bem-estar individual num cenário de incerteza económica um pouco por todo o mundo. O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal mantém-se uma prioridade para 68% dos portugueses. Contudo, as dificuldades financeiras fazem com que 52,2% dos inquiridos espere receber uma ajuda mensal para compensar o aumento do custo de vida. Ao mesmo tempo, os trabalhadores mais velhos veem a idade da reforma a afastar-se, com 79,5% a afirmar que a sua situação financeira não permite uma reforma na idade pretendida.

José Miguel Leonardo, CEO da Randstad Portugal, afirma que “hoje mais do que nunca, os empregadores precisam de acompanhar os interesses e preocupações dos profissionais. Apoiar o crescente aumento do custo de vida está a tornar-se uma forma diferenciadora de cativar e reter talento. Simultaneamente, os profissionais continuam a procurar um emprego flexível, estável e que esteja alinhado com seus próprios valores”.

O aumento do custo de vida faz crescer cada vez mais as preocupações com os encargos quotidianos e o Workmonitor 2023 concluiu que, globalmente, 41% dos profissionais gostaria de receber apoios financeiros mensais, sendo que em Portugal esta expectativa é de 34%. Tanto a nível global (39%) como nacional (34%), os profissionais gostariam de receber um aumento fora da revisão salarial anual. No contexto português, 30,9% dos profissionais afirma receber ajuda por parte dos empregadores para fazer face ao aumento do custo de vida. 27,3% dos inquiridos gostaria de receber um subsídio de ajuda de custos, como os preços da energia e de deslocações.

O estudo Workmonitor 2023 aponta também que a nível global 52% dos profissionais sente-se preocupado com a possibilidade de perder o emprego, sendo que em Portugal esta percentagem é ligeiramente mais baixa (48,1%). Enquanto isto, 63,8% dos portugueses receia que a incerteza económica afete a estabilidade do seu trabalho, em termos globais a percentagem desce para perto de metade (37%).

O aumento do custo de vida sentido um pouco por todo o mundo está também a alterar as perspetivas de reforma que, cada vez mais, tendem em ser adiadas. Em termos globais, 26% dos inquiridos com mais de 55 anos pondera atrasar a idade da reforma pela sua situação financeira e 70% diz que as preocupações financeiras os impedem de se aposentar tão cedo como queriam. Em Portugal, 52,3% dos participantes do estudo acredita conseguir reformar-se entre os 65 e os 69 anos. No entanto, 79.5% considera que a sua situação financeira está a impedir chegar à reforma tão cedo.

Numa perspetiva social, os profissionais procuram cada vez mais a flexibilidade. O equilíbrio profissional e pessoal tornou-se uma prioridade, sendo que 68% dos portugueses afirma que não aceitaria um emprego que não permitisse um equilíbrio entre estas duas vertentes. 35,2% dos inquiridos revela já ter abandonado o emprego por não o conseguir conciliar com a vida pessoal. Em termos globais, 33% dos profissionais afirma que preferia estar desempregado a estar insatisfeito com o seu trabalho e 42% dizem deixar o emprego se o empregador não tivesse em consideração as suas condições de progressão de carreira.

Ademais, os profissionais procuram um sentimento de pertença e que os valores e propósitos dos seus empregadores se alinhem com os seus pessoais. Dito isto, 43,6% dos inquiridos em Portugal afirma demitir-se se não se sentir integrado. A nível global a percentage cresce para 54%, com a Geração Z a marcar a tendência (61% dos inquiridos entre os 18 e 24 anos). Em Portugal, 40,8% dos profissionais não aceitaria um emprego que não se alinhasse com os seus valores sociais e a percentagem aumenta (87.9%) quando se questiona quais os valores dos empregadores, sendo que 33,7% dos profissionais afirma já se ter demitido por se encontrar num ambiente de trabalho tóxico.

“As empresas devem ter como ambição criar um local de trabalho feliz, inclusivo e inspirador, para transmitir um sentimento de pertença aos seus colaboradores. Para isso é necessário ouvir as suas opiniões e respeitar os seus valores. No fundo, as empresas que apoiam os seus colaboradores em condições económicas mais difíceis, serão com certeza as que conseguirão reter profissionais quando os tempos forem mais fáceis”, afirma Mariana Canto e Castro, diretora de Recursos Humanos da Randstad Portugal.