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Fundação do Gil
A Fundação do Gil tem como principal missão a promoção do bem-estar clínico, social e emocional das crianças e jovens doentes (Foto: Divulgação)

“Todos devemos interagir positivamente na construção de uma sociedade melhor” – Patrícia Boura

A Fundação do Gil existe desde 1999 e tem como principal missão a promoção do bem-estar clínico, social e emocional das crianças e jovens doentes, através da criação de estruturas de apoio que lhes permitam melhorar a sua qualidade de vida. Para explicar, com maior detalhe o âmbito do trabalho desta instituição, Patrícia Boura, presidente executiva, falou, em entrevista à PME Magazine, um pouco sobre as atividades desenvolvidas e a importância da Casa do Jardim como espaço de receitas da fundação para continuar a desenvolver o seu trabalho.

PME Magazine (PME Mag.) – Que balanço faz do trabalho realizado pela Fundação do Gil?

Patrícia Boura (P. B.) – A Fundação do Gil existe há 22 anos, e tem feito um trabalho incrível junto das crianças mais fragilizadas e suas famílias. Apoiamos, anualmente, 700 crianças doentes crónicas, ou com necessidades paliativas, nas suas casas, levando-lhes o hospital a casa, para que possam estar na tranquilidade do seu lar a receber os tratamentos de que precisam.

Não só existe uma eficiência enorme nos custos do Estado (desocupação de camas do hospital), como aumentamos os níveis de conforto das crianças e da sua família. Na Casa do Gil acolhemos crianças em situação de risco social, e acompanhamo-las na sua reintegração na família, dando-lhes suporte emocional e psicológico, além da satisfação de todas as necessidades básicas. A inovação nas respostas sociais é o nosso ADN.

PME Mag. – Como entra a Casa do Jardim nos vossos projetos?

P. B. A Casa do Jardim nasce da necessidade de trabalhar a nossa própria sustentabilidade, diminuindo a necessidade de apoio de terceiros. Estarmos dependentes dos apoios das empresas para fazer prosseguir a nossa missão social é um risco enorme e um “time consuming” gigante.

A Casa do Jardim permite-nos abrir as portas à sociedade civil e empresarial, sem ter de lhes pedir nada. Pelo contrário, oferecemos um serviço de excelência.

As receitas geradas pelo projeto permitem suportar custos dos projectos sociais.

PME Mag. – Que empresas mais vos procuram para organizar eventos na Casa do Jardim?

P. B. Todo o tipo de empresas.

A obra acabou no final de 2019 e, infelizmente, a pandemia chegou no primeiro trimestre de 2020, por isso nao tivemos tempo suficiente para comunicar e divulgar o nosso espaço. Só agora começamos a sentir que o mercado “presencial” começa a retomar.

A T Insight está a fazer-nos uma campanha digital de divulgação do espaço e, por isso, esperamos, agora, chegar a muitas empresas, para que este espaço se torne, de facto, numa importante alavanca da nossa sustentabilidade.

PME Mag. – Porque devem as empresas ter um papel cada vez mais ativo com instituições de responsabilidade social?

P. B. – Porque todos devemos interagir positivamente na construção de uma sociedade melhor. É responsabilidade de todos, e o próprio consumidor está hoje cada vez mais atento e faz escolhas cada vez mais conscientes.

PME Mag. – Portugal é um país solidário?

P. B. – É. É um país solidário na emergência social, quando é chamado a reagir sobre alguma catástrofe. Temos tido vários exemplos disso: incêndios, Covid-19, refugiados. Ainda não há uma verdadeira cultura de apoio social em contínuo. Estamos a fazer o caminho…

PME Mag. – Quais os próximos passos para a Fundação do Gil?

P. B. – Vamos continuar a apostar na inovação social na saúde pediátrica, com a construção de uma clínica de saúde mental infantil (desenvolvimento infantil) que será aberta ao mercado e terá preços e bolsas sociais para quem não tem condições financeiras de suportar os custos das consultas e das terapias.

O tema da saúde mental infantil está na ordem do dia e não há respostas suficientes. Vamos dar início à construção da clínica e esperamos no próximo ano estar a funcionar.

O projecto será autossustentável, com este modelo de negócio híbrido (50% mercado; 50% social).