Sexta-feira, Março 14, 2025
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Olhar para dentro abordando a resistência à mudança das hierarquias

Por: Rui Machado, Performance mental e consciência 


Entre um Olá ou um Bom dia, gosto de pensar que utilizamos estes cumprimentos, surge a pergunta “Está tudo bem?”. E estará mesmo tudo bem?

Se cada um responder de forma sincera, acredito que, tão cedo, a maioria das pessoas não voltaria a fazer a pergunta “Está tudo bem?”. A questão que coloco a reflexão é se sabemos mesmo como nos sentimos. Será que criámos o hábito de dizer que está tudo bem e esquecemos de perguntar a nós próprios como estamos, como nos sentimos?

Dentro das empresas olha-se muito para “o outro”, o que ele faz, que horários faz, como se comporta, o que é que isso está ou vai contribuir para o crescimento de cada um?
Crescemos mais quando olhamos para nós, sei que não é isso que nos ensinam. Nas escolas, por exemplo, comparam-nos constantemente com os outros, seja pelas notas, comportamentos, o que dizemos ou fazemos, mas nós não somos os outros. E se pararmos de nos comparar com eles e nos compararmos connosco? Como faço isso?

Simples. Já que aprendemos a comparar, então utilizemos isso para perceber a nossa evolução. Estou melhor preparado hoje que ontem? Como evoluí a fazer “x” ou “y” em relação ao que fazia? Como estou a contribuir para o meu desempenho na empresa em relação ao mês passado? São algumas perguntas que nos podem ajudar para o nosso crescimento.

Para ir mais fundo, cada um de nós pode escolher olhar o que o incomoda em certas atitudes, palavras, lugares, pessoas, não atribuir a culpa a tudo externo, mas observar a responsabilidade que há em si. Então, um exemplo: em vez de aquela pessoa, atitude, lugar, etc., está a deixar-me furioso (olhar para fora de nós), substituir por: o que em mim faz com que o comportamento daquela pessoa, atitude, lugar, etc., me deixe furioso? (olhar para dentro de nós).

Nós mudamos aquilo que percecionamos ter em nós, logo, quanto melhor me conhecer, que parte de um autoconhecimento profundo, mais vou investir nessa mudança.

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.” Sócrates

Se sabemos que vivemos num Mundo que, cada vez mais, está a mudar porque é que tantos de nós resistem à mudança?

Diante de um qualquer estímulo, cada pessoa usa filtros diferentes, criados por aprendizagens passadas, utilização dos sentidos, as experiências de vida, ou vidas, como também se acredita, que vão gerar um comportamento observável, mesmo quando não se faz nada é um comportamento. A nossa mente vai proteger-nos, ou seja, cada um responde condicionado com o filtro que criou ao longo da vida, logo, perceciona algo de uma forma única, mesmo que não a expresse.

Ora, se criámos filtros e grande parte das vezes não estamos conscientes deles e não os atualizamos, a mudança que pode vir a ser necessária e boa para o crescimento da empresa pode parecer desconhecida e desconfortável. Relembro que a nossa mente vai proteger-nos se algo é desconfortável, então irá fazer de tudo para descartar esse algo (aquela voz que há dentro da nossa cabeça), a não ser que consiga trazer isso ao meu consciente e escolher uma forma diferente ou nova de lidar com a situação.

Vou trazer uma história real:

Durante a Covid-19, o teletrabalho tornou-se algo “comum”, existiu a necessidade das empresas se adaptarem e mudarem, de forma rápida, para uma realidade diferente.

Quando se dá o regresso ao chamado “novo normal”, a empresa xpto do ramo tecnológico (vou chamar-lhe assim por questão de confidencialidade), resolve decretar que os trabalhadores de determinado serviço teriam de voltar ao trabalho em modelo híbrido de 3 dias no escritório e 2 em teletrabalho. É de referir que esse serviço da empresa xpto teve os melhores resultados de sempre quanto os trabalhadores estiveram totalmente em teletrabalho. O que aconteceu nos meses seguintes foi: ver os trabalhadores mais qualificados saírem, os que lá ficaram estavam insatisfeitos e sem a qualidade de vida que um Vírus lhes proporcionou ter durante aquele período e os resultados caíram.

Por vezes, a resistência à mudança vem de quem decide, mas venha ela de onde vier, pode trazer consequências gravosas à empresa. Também aqui o autoconhecimento permite aumentar substancialmente a probabilidade de sucesso à mudança.

Considerar o feedback dos colaboradores e escutar de mente aberta é importante, pois quando envolvemos os colaboradores eles sentem-se incluídos.

O mindset é uma abordagem à aprendizagem e ao crescimento. É uma crença sobre o próprio potencial de mudança. Perceber e trabalhar o mindset pode desbloquear e abrir caminhos para a mudança necessária.

A formação pode ajudar os colaboradores a navegar pelas mudanças com confiança. Os jovens saem das Universidades com muitas competências técnicas, no entanto com pouquíssimas inteligências múltiplas (Howard Gardner), das quais destaco inteligência intrapessoal, interpessoal, linguística e/ou inteligência emocional. As empresas podem optar por prover estas competências aos colaboradores. Ao fazê-los crescer como pessoas o crescimento da empresa seguirá o mesmo caminho.

“A única constante é a mudança.” Heráclito de Éfeso (filósofo)

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