Por: Ana Rita Justo e Mafalda Marques
Tem apenas 35 anos e há cinco que gere os destinos da Adega Mayor, o projeto vinícola do reputado Grupo Nabeiro, liderado pelo avô. De espírito livre, fala-nos do seu percurso, desde o design, passando pelos cafés até aos vinhos, mundos que ainda hoje consegue congregar.
PME Magazine – Como é que passa da formação em Belas Artes para gestão da Adega Mayor?
Rita Nabeiro – Não acontece de um dia para o outro. Eu comecei a trabalhar, inicialmente fora da empresa, como designer. A dada altura surgiu o projeto da Adega Mayor. Na altura propus a criação da identidade, a estratégia de marca, numa fase embrionária da marca. Esse projeto acabou por ser aceite, não só pela família, uma vez que fiz questão que fosse também avaliada por pessoas que fazem parte do núcleo duro da empresa, e que aprovaram essa identidade. Inicio então a minha atividade, ainda que não de uma forma vinculativa, com a empresa, mas acima de tudo com a área de marketing.
Nos primeiros anos de atividade estive responsável pela direção de marketing da Adega Mayor, o que me permitiu também ganhar alguma experiência – antes também passei por uma fase de imersão no departamento de marketing da Delta Cafés, para absorver experiência, aprender com os outros… Acho que continuo a aprender todos os dias, mas naquela fase, acima de tudo, o objetivo era tentar dar um pouco do que era o meu conhecimento, a minha aprendizagem e depois na Adega Mayor as coisas foram evoluindo e as necessidades da empresa vão mudando. Vamo-nos apercebendo de que forma é que podemos contribuir e foi um pouco assim, de alguma forma contribuindo e percebendo que podia dar a cada dia que passava, de forma diferente, até que, há cerca de cinco anos, houve o passo para a direção-geral, já com uma visão diferente, de construção de equipa, de estratégia mais definida, não só de marketing, mas de estratégia global da empresa. E isso faz-se depois com uma equipa. Foi esse o primeiro ponto: a construção a equipa.
PME Mag. – Portanto, foi a Rita que sugeriu o nome Adega Mayor?
R. N. – Foi um pouco em família. A decisão foi entre mim e o meu pai e acabámos por propor ao resto da família.
PME Mag. – Em que momento decidiu que tinha de entrar no negócio da família?
R. N. – Não foi imediato, na altura trabalhava como designer e gostava muito do que fazia, dos meus colegas, desta área criativa, no entanto, ter a oportunidade de aprender com alguém que é um líder de referência a nível nacional e, neste caso, tinha a sorte de ser o meu avô, achei que podia estar a desperdiçar essa oportunidade. Não me arrependo minimamente – antes pelo contrário – do meu percurso anterior, mas houve um momento em que senti: já estou a fazer coisas para a empresa, na altura apesar de trabalhar numa agência desenvolvia alguns projetos para o grupo, um bocadinho mais pontuais e até relacionados com a fase inicial do vinho, mas naquele momento senti que queria aprender com o meu avô mais de perto, mas não foi uma entrada de cabeça, por assim dizer, porque havia aqueles receios de ir trabalhar com a família, que muitas vezes tive, mas obviamente que a vontade de querer aprender e absorver esse conhecimento foi maior… Eu via o meu avô, mas era totalmente diferente estar junto a ele no dia-a-dia e aprender fazendo, do que estar fora da empresa. De facto ver é diferente do que fazer, só fazendo é que erramos, aprendemos e evoluímos. Esse acho que foi o ponto de viragem e de facto há aqui um momento em que digo: ‘Não, eu quero estar a contribuir para a empresa que desde pequenina vi crescer e poder dar o meu contributo nalguma medida’. Também me aceitaram e acabei por fazer este percurso até hoje.
Leia a entrevista na íntegra na edição digital da PME Magazine.
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