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Está em cima da mesa a possibilidade de aliviar as restrições da Covid-19 (Foto: Pexels)

Estudo permite descontaminar máscaras de proteção contra a Covid-19 eficazmente

Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC) estudou e testou três formas simples e baratas de descontaminação de vários tipos de máscaras de proteção contra a Covid-19, que revelaram uma eficácia de praticamente 100%, permitindo vários ciclos de reutilização.

O estudo, coordenado por Marco Reis, docente e investigador do departamento de engenharia química da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC), abrangeu máscaras cirúrgicas, KN95 e máscaras sociais, e teve como objetivo testar métodos de descontaminação simples e eficazes, capazes de chegar a vários setores da sociedade e público em geral.

“O acesso generalizado a aparelhos de proteção respiratória (APR) é um elemento essencial no combate a qualquer crise pandémica. Porém, o seu uso massificado gera um problema ambiental, uma vez que as máscaras são tratadas como lixo comum – para não mencionar a existência frequente de APR usados nas ruas e passeios, o que constitui em si mesmo um risco para a saúde pública”, fundamentou o coordenador do estudo, que teve a colaboração do centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE).

Após a análise de um vasto leque de protocolos de descontaminação existentes, a equipa decidiu focar-se em três métodos: lavagem com uma solução de hipoclorito de sódio diluído, nebulização com peróxido de hidrogénio e esterilização por vapor de água em micro-ondas.

Neste projeto, os cientistas não só avaliaram a eficácia da descontaminação microbiológica, como também o impacto dos tratamentos na eficiência de filtração, permeabilidade e características estruturais das máscaras, ao longo de dez ciclos de utilização. Para realizar as experiências, o grupo de Microbiologia Ambiental do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos usou esporos de bactérias como indicadores de esterilização, que indicam a eliminação de todos os seres vivos, bactérias e vírus, incluindo o SARS-CoV-2.

Os resultados do estudo revelaram uma eficácia de praticamente 100% na descontaminação dos três tipos de máscaras experimentadas. Os tratamentos que não atingiram o nível de esterilização apresentaram, pelo menos, uma eficácia classificada como “desinfeção”, correspondente a uma redução superior a 99,9% no número de células viáveis, segundo o cientista da FCTUC.

“O impacto dos tratamentos nas características físico-químicas das máscaras foi também escrutinado (no Centro de Investigação do Departamento de Engenharia Química, o CIEPOPF), não se detetando mudanças químicas relevantes nas superfícies das máscaras, mesmo após dez ciclos de tratamentos”, sublinhou o cientista.

Não obstante, o docente esclarece que apenas o uso de vapor gerado em micro-ondas pode ser aplicado de imediato. Para a aplicação dos tratamentos com peróxido de hidrogénio nebulizado e solução de hipoclorito de sódio diluído, ainda são necessários “estudos de desgaseificação para assegurar a inexistência de resíduos químicos decorrentes destes tratamentos”, previne.

O projeto designado “Avaliação da eficácia de Descontaminação e Segurança de Reutilização de Aparelhos de Proteção Respiratórias (APR)” foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito da medida “Research 4 Covid-19”.