Fazer o que já foi feito: Estratégias para reduzir custos sem cortes salariais ou despedimentos

Por: João Costa, Country Manager da Expense Reduction Analysts

No contexto macroeconómico atual, incerto e fragilizado pelo aumento da inflação e das taxas de juro, a gestão das despesas e a preservação do capital humano são dois elementos cruciais – e que devem ser considerados em conjunto – para manter a vitalidade e fazer crescer um negócio.

As empresas estão dependentes não só de recursos materiais, mas também do conhecimento e das capacidades dos seus colaboradores, para sobreviver, inovar e prosperar. Num mercado cada vez mais competitivo, onde uma das maiores dificuldades é a falta de mão-de-obra e a fuga de talentos para o estrangeiro, a valorização do capital humano torna-se crucial para uma gestão eficaz.

Considerar a crescente importância de um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, apesar de exigir às empresas uma maior preparação para responder às expectativas das novas gerações e, nessa jornada, beneficiar as mais experientes, é crucial. Acrescida à dificuldade de retenção e captação de talento, está também a falta de capacidades técnicas com que as empresas se deparam muitas vezes. Felizmente, há medidas que se podem implementar que contribuem para a resolução de ambas.

Apostar no desenvolvimento e bem-estar físico e psicológico dos colaboradores, nomeadamente em programas de formação contínua, oportunidades de crescimento profissional que reconheçam e distingam o desempenho e o mérito é indispensável. Este processo pode-se refletir em políticas de flexibilidade no trabalho, incentivos financeiros e não financeiros, mas principalmente numa cultura organizacional estimulante e que dê primazia ao trabalho colaborativo, potenciando a inovação e a criatividade. O investimento em capital humano contribui para a felicidade dos colaboradores e, consequentemente, para a sua produtividade e a da empresa.

Em simultâneo, tendo em vista a redução de custos, é indispensável uma análise consciente ao negócio, que considere todas as suas vertentes e, principalmente, a cadeia de abastecimento. Estima-se que uma empresa média gaste cerca de 70% das suas receitas com fornecedores, pelo que se torna crucial realizar uma avaliação profunda e consciente a esta relação, de modo a identificar os recursos certos e indispensáveis para o negócio por um preço justo e no momento certo para não comprometer a qualidade e eficácia das operações e, consequentemente, dos produtos e serviços.

Em paralelo, um olhar atento ao mercado empresarial e uma cultura interna de melhoria contínua permitem identificar e corrigir falhas dentro da empresa, de modo a operar de forma mais resiliente e ágil, adaptando-se mais facilmente aos desafios impostos pelo mercado.

Considerar a otimização e monitorização de processos como parte integrante de uma estratégia a implementar não constitui apenas um pilar fundamental na redução de despesas no imediato, como estabelece bases sólidas para um crescimento sustentado a longo prazo. 

Para tal, a adoção de novas tecnologias, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA), para além de oferecer benefícios múltiplos em áreas-chave da empresa, possibilita maior capacidade de adaptação ao trazer vantagens competitivas, especialmente a quem investe nela mais cedo. Na logística, os algoritmos possibilitam a otimização de rotas de entrega, reduzindo os custos de transporte e minimizando os tempos de entrega, garantindo uma distribuição mais eficiente dos produtos. Já no serviço ao cliente, os sistemas de IA (como chatbots e assistentes virtuais) podem contribuir para um melhor acompanhamento e uma maior satisfação dos clientes. Além disso, esta tecnologia pode ser incorporada na customização de ofertas e monitorização de interações digitais, facilitando a identificação de padrões e tendências emergentes que, combinadas com uma análise ao comportamento do consumidor, permitem uma maior capacidade de adaptação ao mercado, isto é, às necessidades e expectativas dos consumidores e potenciais clientes. Desta forma, a IA otimiza processos, reduz encargos operacionais e impulsiona as vendas. 

Nesta análise, implementação e monitorização de mudanças ao negócio, contar com um especialista externo que desafie a visão interna da empresa é uma mais-valia, uma vez que irá identificar imparcial e objetivamente áreas de melhoria e propor soluções inovadoras para otimizar os custos de forma sustentável, bem como contribuir para a criação de valor a longo prazo para todos os agentes envolvidos na cadeia de abastecimento. No entanto, cabe à liderança adotar uma gestão eficaz e profissional, da qual depende o crescimento e desenvolvimento da empresa. Uma liderança perspicaz e robusta não só delineia um rumo claro para as empresas, como também assegura que todos os elementos da organização remam em uníssono.