Por: Ana Vieira
Criado nos Países Baixos em 2009, embora a sua origem não seja consensual, o FootGolf joga-se num campo de golfe, com uma bola de futebol, seguindo a maior parte das regras do golfe. Ganha quem concluir o percurso de nove ou 18 buracos, dimensionados para uma bola de futebol, com o menor número de chutos.
Em Portugal, a Federação Portuguesa de FootGolf (FPFG), criada há seis anos, soma cerca de 450 associados, é reconhecida pela Federação Internacional de FootGolf e este ano volta a organizar o Portugal Open, em outubro, no Penina Golfe Resort, em Portimão.
Em entrevista à PME Magazine, Paulo Garcia, presidente da FPFG, aponta o desejo de “criar um Circuito Nacional Corporate, dedicado apenas a empresas que, no conjunto dos seus colaboradores, consiga constituir uma equipa que poderá começar pelo Circuito Corporate, passando postertiormente para o Circuito Nacional”.
PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Federação Portuguesa de FootGolf?
Paulo Garcia (P. G.) – A Federação Portuguesa de FootGolf foi fundada em 2019. No entanto, o FootGolf chega a Portugal em 2015 através de uma primeira Associação criada por uma cidadã francesa, residente em Lisboa, casada com um inglês, professor de Golf em Cascais.
Esta Associação tinha um objetivo muito mais vocacionado para a vertente financeira do que para a divulgação e crescimento da modalidade. Em 2017, após informação de que essa primeira Associação tinha intenção de encerrar a atividade, em conjunto com um grupo de outros oito praticantes de FootGolf e apaixonados pela modalidade, decidimos criar uma Associação com um objetivo claro de promover a divulgação e crescimento da modalidade.
“Em 2018, fomos reconhecidos pela FIFG – Federação Internacional de FootGolf (…)”
No início de 2017 criámos o primeiro Circuito Nacional de FootGolf e uma Taça de Portugal. Em 2018, fomos reconhecidos pela FIFG – Federação Internacional de FootGolf e, a partir daí, o crescimento inicial foi exponencial, passando de Etapas do Circuito Nacional com cerca de 25/30 Atletas, a cerca de 50/60 ao longo do ano de 2018. No final desse ano, organizámos o primeiro Portugal Open, evento com pontuação para o Ranking Europeu da modalidade, que contou com 85 atletas, sendo que 80% dos mesmos foram atletas estrangeiros.
Também em 2018, Portugal participou pela primeira vez, enquanto Seleção Nacional e de forma completamente organizada, em um Mundial de FootGolf, evento que se realizou em Marraquexe e que contou com a participação de cerca 500 Atletas dos quatro cantos do Mundo. Este evento foi responsável pelo aumento significativo do número de praticantes em Portugal e, 2019, foi o ano da fundação da FPFG – Federação Portuguesa de FootGolf.
PME Mag. – Quantos torneios organizam e participam por ano?
P. G. – A FPFG organiza anualmente o Circuito Nacional Individual em Strokeplay com 12 Etapas, a nossa prova principal já que é deste Circuito que sai a qualificação para a Seleção Nacional de FootGolf. Esta qualificação é feita de acordo com o Ranking Nacional, ranking que resulta da pontuação obtida ao longo das Etapas desse mesmo Circuito. Organizamos um Circuito Nacional Individual em Matchplay, normalmente com uma primeira fase regional por pontuação (Norte, Centro e Sul), passando posteriormente para uma fase final já em eliminatórias, até ao vencedor final, o Portugal Open, evento Internacional realizado ao longo de quatro dias de Competição, onde participam normalmente os melhores atletas Mundiais e que normalmente conta com a presença de mais de 250 Atletas por dia, transformando o Campo de Golfe em que se realiza o Evento em uma “Cidaade do FootGolf”, e a Taça de Portugal, prova realizada em dois dias de competição e que normalmente encerra a época desportiva com a realização da Gala da Federação, onde procedemos à entrega de todos os Prémios aos Vencedores das várias competições organizadas pela Federação.
“(…) a FPFG, desde a primeira participação enquanto Seleção em 2018, tem-se qualificado sempre para todos os Eventos Europeus e Mundiais de Seleções”
Em simultâneo, a FPFG, desde a primeira participação enquanto Seleção em 2018, tem-se qualificado sempre para todos os Eventos Europeus e Mundiais de Seleções (Inglaterra 2019, Hungria 2021, Orlando 2023 e esteve presente este ano em Antalya, na Turquia, de 6 a 13 de dezembro, para disputar o EuroFootGolf 2024, obtendo a melhor classificação de sempre, quer na Categoria Masculina, com um 10º Lugar, quer na Categoria Sénior com um 7º Lugar. Apesar do excelente resultado e de termos estado representados com uma seleção na Categoria Masculina muito jovem mas com atletas que nos deixam tranquilos para um futuro próximo, os atletas mais experientes que tiveram oportunidade de estar presentes tiveram um papel fundamental passando a experiência e segurança necessárias e ficamos também com a sensação clara de que poderíamos ter feito ainda mais e melhor em ambas as Categorias.
PME Mag. – Para um atleta, quanto pode custar praticar a modalidade?
P. G. – O custo dependerá sempre do número de provas que cada atleta pretenda participar, se quer ser Sócio Federado e pontuar para o Ranking Nacional e assim ter a possibilidade de atingir a qualificação para a Seleção Nacional de FootGolf, ou praticar de forma mais lúdica e descomprometida. Assumindo uma participação apenas no Circuito Nacional Individual, para além das deslocações e alojamentos que possam ser necessários, o custo rondará os 750€/ano.
PME Mag. – Quais são as fontes de financiamento da Federação Portuguesa de FootGolf?
P. G. – As principais fontes de receita da Federação são as Quotas anuais dos seus associados e a organziação das Competições Oficiais da FPFG ao longo do ano.
No entanto, apesar de ainda muito residual, temos também algumas empresas / marcas que, dentro das suas áreas de atuação, ao acreditarem no potencial de crescimento e da futura visibiliadde da modalidade, são Patrocinadoras da Federação, quer através da oferta de descontos, apoios financeiros, e, ou, aquisição do Naming de algumas das Competições organizadas pela Federação, algo que já aconteceu em 2024 e que se vai manter também para os anos 2025 e 2026, com a venda do naming dos Circuitos Nacionais Individual e Equipas.
PME Mag. – Até ao momento, quais são as grandes conquistas da modalidade em Portugal?
P. G. – A Federação, apesar de Portugal ser um país de dimensão muito reduzida, é reconhecida pela Federação Internacional, a FIFG, pela sua capacidade de gestão e organização. Como consequência disso, a Federação organizou em 2023 um Major 1000, uma das maiores Provas a nivel Mundial no que a Pontuação diz respeito quer para o Ranking Europeu, como Mundial e, concorrendo com países de dimensão substancialmente superior, quer na capacidade financeira, quer no número de atletas praticantes, Portugal contou novamente em 2024 com um Major 1000, prova que se realizou no final de setembro, entre os dias 26 e 29, em Viseu, no Montebelo Golfe.
“Para 2025, desta vez em Portimão (…) vamos realizar o novamente o Portugal Open”
Para 2025, desta vez em Portimão e em um dos mais mediáticos campos de golfe do Algarve, o Penina Golfe Resort, o primeiro Championship Golf Course do Algarve, vamos realizar o novamente o Portugal Open, entre os dias 23 e 26 de outubro, evento que esperamos seja novamente um Major 1000.
A juntar a estas conquistas, podemos salientar também a presença da nossa Seleção em todos Europeus e Mundiais de FootGolf por Seleções, facto de grande relevância e que demonstra a qualidade dos nossos atletas.
Por último, embora não menos importante, a FPFG foi convidada para apresentar candidatura à organização do EuroFootGolf 2024. A nossa candidatura foi umas das que cumpria todos os requisitos, perdendo apenas no último dia, para a Turquia. Apesar da derrota, termos tido oportunidade de competir nesta candidatura ao lado de outros países de dimesão e capacidade financeira muito superior, deixa-nos orgulhosos e confiantes de que em breve poderemos vir a ter a organização de um evento de dimesão e importência equivalente em Portugal.
PME Mag. – Qual é o envolvimento das empresas com a modalidade?
P. G. – A FPFG tem sido chamada por várias empresas para a organização de Eventos Team Building. O FootGolf é um desporto completamente inclusivo, que pode ser praticado por uma amplitude de idades muito grande, é praticado ao ar livre, na harmonia e tranquilidade dos campos de Golfe, é divertido e está completamente enquadrado no espírito que se pretende nos eventos com estas características.
Relativamente aos apoios financeiros que as empresas possam querer canalizar para a Federação, ainda não são considerados donativos, mas sim e apenas apoios, já que a Federação ainda não tem o Estatuto de Utilidade Pública.
“(…) criar um Circuito Nacional Corporate, dedicado apenas a empresas que, no conjunto dos seus colaboradores, consiga constituir uma equipa que poderá começar pelo Circuito Corporate”
Gostaríamos também de conseguir criar um Circuito Nacional Corporate, dedicado apenas a empresas que, no conjunto dos seus colaboradores, consiga constituir uma equipa que poderá começar pelo Circuito Corporate, passando postertiormente para o Circuito Nacional.
PME Mag. – O que falta ao Footgolf para ser mais reconhecido em Portugal?
P. G. – Para uma maior divulgação da modalidade, o FootGolf precisa de uma cobertura da comunicação social escrita, online e televisão subtancialmente maior. A exemplo de outras modalidades igualmente muito recentes como o FootGolf, os média têm e terão sempre um papel fundamental na divulgação e crescimento das mesmas.
PME Mag. – Quais são os objetivos para este mandato?
P. G. – Os meus objetivos são transversais a todos os elementos de uma lista que encabecei.
“não aumentar os custos aos sócios”
Assumimos um conjunto de objetivos e um compromisso para este mandato que queremos e estamos convictos de conseguir atingir. Independentemente da ordem de importância dos objetivos, um deles passa por conseguir não aumentar os custos aos sócios, quer no que diz respeito às Quotas Anuais, quer no que diz respeito aos valores de Green Fee pagos em todas as competições organziadas pela FPFG, mesmo que isso signifique, como é o caso, uma redução nas receitas da FPFG, já que o custo dos Green Fee que a FPFG paga aos campos foi aumentando em todos os campos. Esta diminuição de receita terá de ser colmatada com recurso a outras receitas extraordinárias e isso tem vindo a ser conseguido, embora com um enorme esforço de toda a equipa que compõe a Direção da FPFGe e prinicipalmentde um modelo de Gestão extremamente controlado, como se de uma empresa se tratasse e não de uma instituição sem fins lucrativos.
Dotar os nossos atletas de uma maior experiência no modelo de competição praticado nos Eventos Internacionais de Seleções (Matchplay), sendo que isso também já está a ser conseguido através da criação de uma nova competição, o Circuito Nacional de Equipas, prova de enorme sucesso, para manter nos próximos anos e que já está a dar frutos, como provaram os resultados no EuroFootGolf 2024, mas que dará ainda mais a curto médio prazo.
Estabilizar financeiramente a FPFG, permitindo que esta possa fazer os investimentos necessários ao longo do tempo (Renovação dos equipamentos de FootGolf que estão nos Campos e que alguns deles já demonstram algum desgaste, assim como realizar investimento nos equipamentos necessários para abertura de novos Campos para a prática da modalidade), passar a ter a médio prazo um serviço de Assessoria de Imprensa, iniciar o processo de Profissionalização da FPFG com a eventual criação de postos de trabalho, conseguir ajudar financeiramente os nossos atletas que representam a Seleção Nacional com uma comparticipação expressiva e que ajude a uma verdadeira minimização dos custos de cada um dos atletas, etc.
“Apesar de a FPFG ser uma entidade sem fins lucrativos, olhamos para a FPFG como uma empresa e a sua a estabilidade financeira é fundamental para uma gestão tranquila”.
Por fim, o objetivo mais difícil mas que assumimos com grande entrega, persistência e resiliência, passa por colocar o FootGolf no lugar que merece e que todos pretendemos. Ter o FootGolf divulgado de forma regular e permanente nos média e ter transmissões televisivas de alguns dos nossos eventos mais importantes, ou nas fases de maior decisão de cada um deles, assim como da Gala de Encerramento e Entrega de Prémios aos vencedores de cada uma das competições organizadas pela FPFG e formalização da divulgação dos qualificados para representação da nossa Seleção. Este último ponto é fundamental para ajudar também na divulgação das marcas que, desde o inicio, estão associadas à FPFG, assim como de todas as outras que estão para chegar em breve. Com isso, estou certo que o crescimento da modalidade será verdadeiramente exponencial e que a FPFG terá um dos seus maiores e mais dificieis objetivos cumpridos.