PME Magazine Portugal. Mundo. Empresas.
Por: Diana Mendonça
A associação HiSeedTech apresenta o S3E esta quarta-feira, uma nova iniciativa que tem como objetivo acelerar projetos de tecnologias que tenham por base descobertas científicas em países do sul da Europa. Em declarações à PME Magazine, Pedro Vilarinho, diretor-geral da HiSeedTech, explicou o conceito do programa.
“O S3E é um programa internacional centrado na aceleração de projetos de investigação e startups que atuam no domínio da deep tech (tecnologia criada a partir de descobertas científicas) e no estabelecimento de projetos colaborativos entre estas e empresas. O objetivo é ajudar a tornar tangível a inovação com base em ciência e a materializá-la em soluções pioneiras, duradouras e resilientes, com elevado potencial de criação de valor e de geração de mudança na sociedade”, explica Pedro Vilarinho, diretor-geral da HiSeedTech.
O projeto destina-se, essencialmente, aos países do sul da Europa, pois são os países que têm sentido mais “entraves e atrasos na eficiência dos seus ecossistemas de inovação” em comparação com outros países europeus, revela o responsável. Este projeto é detido por um consórcio de quatro entidades: a HiSeedTech, associação portuguesa composta por 24 empresas e líder do projeto; a European Public Law Organization, especialista em direito público; a International Development Ireland, empresa de consultoria, e a Australo Interinnov Marketing Lab Sl, empresa de marketing.
Melhorar a conetividade e a eficiência dos ecossistemas de inovação de base científica e reduzir as distâncias com os países mais avançados a este nível são dois dos principais pontos de trabalho do programa S3E.
“Não estamos apenas a falar da criação de startups, mas também no auxílio a outras que já se encontrem em fase de crescimento. Queremos criar meios para que se conectem com empresas de maior dimensão, estabelecendo uma ponte para que ganhem escala e tração no mercado, fomentando sinergias consideradas essenciais. Este trabalho de proximidade inclui também a ajuda na obtenção de financiamento a nível nacional ou europeu, público ou privado”, salienta Pedro Vilarinho.
Projetos de desenvolvimento sustentável serão o foco desta iniciativa, tendo em conta “o impacto superior que podem gerar em termos de crescimento socioeconómico face a outras iniciativas centradas no apoio à inovação baseada em novos modelos de negócio”.
“Em conjunto, estas quatro entidades irão criar 50 equipas multidisciplinares, orientadas por 60 mentores, que ao longo de dois anos e meio se propõem contactar cerca de mil grupos de investigação e assim acionar uma ampla rede que conduza aos objetivos estabelecidos”, explica o diretor-geral da HiSeedTech.
A junção dos países do sul europeu, num programa como o S3E permitirá, segundo Pedro Vilarinho, ultrapassar barreiras geográficas e culturais, contribuindo para entrada da ciência desenvolvida nestes países no mercado competitivo.
“O potencial de mudança da sociedade a partir da inovação de base científica é incomensurável. Conseguir criar, desenvolver e exportar tecnologia é um passo de gigante para a melhoria das condições sociais e económicas de um país. Muitos já perceberam isto, e há muito tempo, seja por terem uma capacidade superior de organização, como os nórdicos, ou então porque se viram obrigados a fazê-lo por questões históricas, como a Alemanha”, destaca Pedro Vilarinho.
As empresas e os polos de investigação a participar no programa S3E serão contactadas pelas equipas do projeto. As startups e os projetos de investigação selecionados pelo consórcio seguirão o mecanismo “brokerage”, que faz “o ajuste entre as necessidades das empresas e a capacidade tecnológica das start-ups em lhes dar resposta”, refere o responsável.
O financiamento de quase um milhão de euros obtido com a candidatura ao programa Horizonte Europa foi um grande impulsionador da operacionalização do programa. O facto do S3E ter sido uma das cinco propostas aprovadas entre as 50 candidaturas pelo programa Horizonte Europa veio reforçar a validade do programa.
“As expectativas são altas porque existe um elevado potencial. Não só do lado dos ecossistemas de inovação, mas também do lado das entidades parceiras do S3E, que acreditam que este projeto pode, de facto, ser gerador de mudança”, diz diretor-geral da HiSeedTech.
