Por: Ricardo Parreira, CEO da PHC
Num mundo em permanente mudança, onde o cliente está cada vez mais informado, com maior leque de escolha e onde exige tudo no momento e adaptado à sua necessidade, a gestão das empresas sofre uma pressão cada vez maior para se adaptar a um ritmo não antes visto na história da humanidade.
Acredito que, neste ecossistema em constante evolução, é imperativo que os gestores resistam ao que apelido de “lado negro da gestão”, ou seja, a cometer os erros que podem impedir uma estratégia empresarial de vir a ser bem-sucedida. E nesta era digital a resistência a esses erros é fulcral, porque vivemos numa era em que sobreviver é crescer e em que as empresas não podem abrandar, muito menos parar.
Mas que erros são estes que podem destruir uma empresa? São nove erros que tenho identificado e que, apesar de nem sempre ser possível evitá-los por completo, ter a consciência de que existem é meio caminho para os evitar ou atenuar o seu efeito negativo.
São estes os nove erros de gestão que uma PME pode evitar:
- Falta de foco – quem me conhece sabe que este ponto não é uma novidade. Acredito que um gestor deve focar-se no que realmente é importante, ter tempo para pensar e bloquear as distrações que o impedem de concentrar a sua energia na resolução dos desafios cruciais para o negócio. Criar condições para que o foco seja uma prioridade nas empresas deve estar no topo da lista de qualquer gestor;
- Excesso de reuniões – Quem trabalha numa empresa estará certamente familiarizado com este grave problema de produtividade, em que se marcam reuniões por todos os motivos, alguns destes momentos não começam nem acabam a horas, ou nalguns casos nem sequer existe uma agenda de assuntos a tratar. O nosso tempo é tão escasso que uma empresa de sucesso precisa de ter disciplina na forma como aborda as reuniões. Um exemplo excelente disso é o que vi na minha recente visita aos Estados Unidos, onde testemunhei o exemplo precioso da Google, com reuniões no máximo de 30 minutos, onde o tempo é rentabilizado ao máximo;
- Falta de KPI adequados – Sou um defensor da máxima de gestão em que só gerimos o que conseguimos medir e é por isso que na PHC todos os colaboradores têm um dashboard de objetivos individuais, que servem de orientação para o seu trabalho. No entanto, ter um sistema de KPI por si não é uma solução. Na era da big data, a tentação de medir tudo ou medir o que não interessa pode ser ainda pior do que não ter indicadores de desempenho. Saber o que realmente interessa medir é cada vez mais fulcral para sermos bem-sucedidos nesta nova era de gestão.
- Não valorizar as pequenas interações – Dar apenas atenção ao que pensamos que tem maior peso no negócio, trazendo para segundo plano o que nos parece mais pequeno, é um outro erro comum. Um cliente julgará a empresa sempre pela pior experiência que teve, seja na compra, na utilização ou no atendimento do suporte ao cliente. Todos os pontos de contacto contam para a customer experience e devem ser tratados;
- Deixar que o ego cegue – O aviso de Jeff Bezos, “um dia a Amazon vai acabar”, é o paradigma de alerta: evitar que uma empresa se apaixone por ela mesma, descurando a necessidade de continuar a melhorar constantemente. A facilidade com que pode acontecer é assustadora e o perigo é iminente, especialmente se estivermos num ambiente em que a necessidade de agradar ao líder é grande e onde dificilmente se diz o que realmente se pensa. Tudo isto cria o perigo de sermos cegados pelo nosso ego. Desde as startup até aos gigantes mundiais, um gestor tem a obrigação moral de estar atento a este fenómeno;
- Fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes – Não será demais referenciar o paradigma da insanidade, formulado por Albert Einstein, já que perdi a conta das vezes que vi isto acontecer ao longo dos anos. Muitas vezes espera-se que as vendas subam, que a rentabilidade aumente ou que os erros diminuam, sem que nada de substancial se faça para tal acontecer;
- Não cuidar da felicidade dos colaboradores – As pessoas devem estar em primeiro lugar e este é um aspeto ao qual dou muita importância. Mas do ponto de vista da rentabilidade da empresa é também um ponto fulcral, já que numa era em que a competição pelo talento é tão grande, só as empresas que são diferenciadoras no local de trabalho conseguem atrair os melhores colaboradores e manter os mais altos níveis de motivação e rendimento;
- Resistência à mudança – Darwin estava certo e são os que se adaptam mais rapidamente que sobrevivem, não são os maiores nem os mais fortes. E um gestor deve ter em mente que a sua capacidade de adaptação é uma questão de sobrevivência do seu negócio e uma das suas maiores vantagens competitivas. Dotar a sua empresa de ferramentas que lhe permitam uma adaptação mais rápida é crucial para o sucesso;
- Falta de um sistema nervoso digital – Por fim, a tecnologia, sem a qual nenhum negócio consegue hoje em dia ser bem-sucedido. Costumo dizer que every business is a software business, não porque todos os negócios vão ser produtores de programas informáticos, mas porque o seu sucesso depende diretamente da sua adoção. Hoje, ter um software que integre toda a gestão da empresa é uma vantagem competitiva que não pode ser ignorada e que ajuda a evitar os restantes oito erros referidos neste texto.
A gestão está a mudar, requer atenção e precisa que se evitem os erros que impedem o progresso e o crescimento das empresas. Neste artigo enumerei os nove que penso serem cruciais. Há outros, mas se começarmos por aqui tenho a certeza que teremos empresas mais produtivas e preparadas para os desafios do futuro.