Por: Catarina Lopes Ferreira
A segunda edição da Cimeira Lusófona de Liderança (CCL) quer exponenciar ainda mais a partilha. Por isso, até sexta-feira, 50 líderes organizacionais e da sociedade civil de Portugal, Angola, Moçambique, Brasil e Cabo Verde, reúnem-se virtualmente para debater vários temas cruciais para o desenvolvimento da liderança nos países lusófonos.
O tema central debatido esta segunda-feira, primeiro dia do evento, foi a saúde mental nas organizações, numa fase pós-pandémica, que alterou os nossos hábitos laborais e requereu uma grande adaptação das forças de trabalho.
O tema foi abordado pelo primeiro painel, com Maria João Silvestre, psicóloga clínica no Centro de Recursos Locais, Elsa Dinis, senior project manager na Jerónimo Martins, Nuno Vinagre, diretor de recursos humanos da Visionbox, e Anita Bacellar, psicóloga clínica e palestrante, cofundadora e gestora do Espaço Viver Psicologia.
A opinião geral foi de que a saúde mental é tão importante como a saúde física, já que é um fator que afeta o desempenho nas organizações. O modelo híbrido de trabalho veio tornar difícil para a empresa perceber se os seus trabalhadores estão bem mentalmente, por o acompanhamento ser menos rigoroso.
“Tive sempre muita noção de que era importante este equilíbrio de estar à distância e ao mesmo tempo, estar muito presente e muito supportive da equipa”, confessou Elsa Dinis.
Antes, Anabela Chastre, presidente da CLL e CEO da Chastre Consulting, falou sobre “a nova era da liderança”.
A responsável começou por relembrar a vida antes da pandemia, hábitos e rotinas, entre outros, que mudaram depois da pandemia.
“Todos nós podemos sofrer ao mesmo tempo as mesmas consequências”, segundo a oradora. Anabela Chastre apontou como consequências da pandemia nas empresas a preocupação perante a incerteza, a falta de resposta para questões complexas e a necessidade de manter os colaboradores produtivos e motivados.
A oradora colocou a seguinte questão: “Que lições podem as empresas e os líderes tirar daqui?”. A resposta foi que “a única certeza é a incerteza”.
“Se ficarmos parados, ficamos para trás”, alertou, adiantando que “é preciso tornar as empresas mais ágeis e com capacidade de resposta rápida”, bem como “valorizar as pessoas, quebrar paradigmas e controlo”, são precisas novas práticas na empresa: saúde mental e emocional” e “olhar para a tecnologia como um aliado”.
Anabela Chastre defendeu que são necessários líderes mais resilientes, mais humanos, com maior capacidade para desenvolver a próxima geração de líderes, que olhem mais em perspetiva, que vejam a partilha de conhecimento para crescer em conjunto e que queiram fazer parte da mudança.
O segundo painel contou com Cláudia Cristina, gestora de recursos humanos, Liliana Catoja, administradora executiva no BIM, José Carlos Lourenço, C-level executive e Ana Barros, sócia fundadora e CEO da Martech Digital. O tema central foi: “É possível criar equipas ágeis e produtivas em cenários instáveis e imprevisíveis”.
Carlos Lourenço respondeu da seguinte forma: “Regras demasiado universais, querer tratar toda a gente da mesma forma, querer colocar toda a gente dentro do mesmo quadradinho do organigrama e atender às suas circunstâncias, de facto, é errado. Não é inteligente, não se vai conseguir retirar o melhor desempenho das pessoas”.
“Esta ideia de que cada colaborador deve ser visto na sua circunstância, a pandemia e esta situação de crise generalizada, veio demonstrar que isso é absolutamente essencial”, concluiu.
Por fim, Sandra Pinheiro, CEO e playwriter na Didaskalia, apresentou o tema “O teatro como solução nas empresas”. A responsável explicou que o teatro pode ajudar a trabalhar problemas fundamentais nas empresas e até solucioná-los. O objetivo é sair da zona de conforto por meio da arte do teatro, desenvolvendo a sua criatividade, mudando rotinas.