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Valerio Fonseca, CEO da Joivy
Valerio Fonseca, CEO da Joivy

Tendências para a habitação europeia em 2024

Por: Valerio Fonseca, CEO da Joivy

A crise e a incerteza generalizada marcaram a habitação na Europa em 2023, tornando-a um campo de batalha complexo e assinalando um ponto de viragem no mercado residencial. No entanto, este cenário abre também portas a novas oportunidades e reflexões por parte dos intervenientes. Olhando para o futuro da habitação, identificam-se várias tendências que veremos ganhar espaço em 2024 um pouco por toda a Europa.

Em Portugal e na Escócia, surgem novos regulamentos, com destaque para os arrendamentos residenciais geridos e de longa duração. A regulamentação recente em Portugal sobre soluções de curto prazo está a levar o mercado de investimento a concentrar-se mais em arrendamentos residenciais e de longo prazo geridos por terceiros. Prevê-se um padrão semelhante na Escócia, onde a aplicação de regulamentos mais rigorosos sobre arrendamentos de curto prazo está a influenciar o mercado, empurrando os investidores para soluções residenciais de longo prazo.

Em Londres, espera-se um aumento significativo no número de espaços de coliving. Esta forma de habitação partilhada oferece espaços comuns e privados, com o objetivo de promover a interação social e a partilha de experiências. O cenário residencial da capital inglesa prepara-se para um boom de coliving, com muitos projetos em andamento. Além disso, prevê-se que a tendência de utilização mista, já em curso em 2023, continue a prosperar, criando espaços residenciais multifuncionais que integram habitação, serviços e áreas comuns.

O mercado de arrendamento também receberá um novo impulso este ano. A crise do crédito tem travado o mercado imobiliário na Europa, dificultando a aquisição de imóveis. Por outro lado, o mercado de arrendamento tem-se destacado e mantido em crescimento. Prevê-se que esta tendência se mantenha
em 2024, acompanhada pela procura de produtos de qualidade e de curta duração.

A sustentabilidade é uma prioridade nas agendas europeias em 2024 e implica uma regulamentação cada vez mais exigente no que diz respeito à certificação energética. Assim, espera-se um maior investimento na regeneração urbana e na melhoria da qualidade dos edifícios, tendo em vista a redução do consumo de solo e a preservação do ambiente.

Continuará ainda a ver-se uma revolução tecnológica no setor residencial, impulsionada pela digitalização e pela inovação, que se destacaram no panorama imobiliário de 2023 e continuarão a fazê-lo no futuro próximo. As plataformas digitais facilitam a pesquisa, a negociação e a gestão de alugueres, proporcionando uma melhor experiência a proprietários e inquilinos. Além disso, tecnologias emergentes como a Realidade Virtual, os contratos inteligentes baseados em Blockchain e a análise de dados em grande escala – que possibilitam avaliações de preços mais precisas e análises de tendências de mercado – estão a transformar e a inovar o setor, agilizando as operações e os processos de venda, compra e gestão de ativos.

Assim, 2024 será um ano de renovação e transformação para a habitação europeia. Estas tendências apontam para um mercado mais sustentável, digitalizado e inovador, que respondem às necessidades dos novos donos e inquilinos. Ainda assim, importa salientar que o panorama continuará a ser influenciado por fatores externos, como a evolução da economia global, a política monetária e o contexto geopolítico, razões pelas quais a transição em curso deverá intensificar-se nos próximos anos.