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Pedro Rego, CEO da F.Rego (Fonte: Divulgação)

“A atual conjuntura exige particular atenção aos valores seguros” – Pedro Rego

Por: Martim Gaspar

A F.Rego, uma das 10 maiores corretoras de seguros portuguesas, especializada no mercado corporate, prepara-se para fechar o ano com o melhor resultado financeiro de sempre, após um período bastante ativo no mercado, no qual se destaca a aquisição da WiseBroker, mediadora de Coimbra.

Em entrevista à PME Magazine, Pedro Rego, CEO da F. Rego, fala acerca dos resultados deste ano, as expetativas para a empresa e para o setor no próximo ano, bem como dos objetivos traçados para o futuro próximo.

PME Magazine (PME Mag.) – “A F. REGO especializou-se em riscos empresariais, principalmente em riscos complexos”. No que consistem estes riscos complexos?
Pedro Rego (P. R.) – Riscos complexos são sobretudo aqueles que pela dimensão, atividade ou perigosidade e impacto potencial merecem uma especial atenção na sua transferência para uma apólice de seguro, não se adequando de forma automática a apólices estandardizadas e exigindo soluções customizadas. Incluímos neste universo, sobretudo, riscos patrimoniais e de responsabilidades que tendo estas características exigem uma avaliação de risco dedicada e o desenho de uma solução específica.

PME Mag. – A F. Rego possui uma rede de partilha de conhecimento. Em que consiste esta rede de informação?
P. R. – As empresas e os mercados são cada vez mais globais, pelo que é fundamental a existência de um ecossistema internacional em que possamos operar, seja para servir os nossos clientes nas geografias onde atuam, seja para antecipar tendências, seja para ter acesso a soluções apenas disponíveis em mercados de maior dimensão e desenvolvimento, onde, por vezes, o mercado nacional não chega.
Estas redes, onde estamos presentes de forma muito ativa, não só aportando o know-how nacional e as capacidades do mercado português, são um think tank para desenvolvimento de novas soluções transversais para todas as nossas geografias, bem como potenciadoras de conhecimento para as nossas equipas que interagem diariamente com colegas de mais de 80 países, apostando claramente na formação e na atração de talento para as nossas empresas.
Através destas estruturas, temos a garantia que os nossos clientes têm acesso a serviço local e centralizado em mais de 80 países.

PME Mag. – A que se deve este crescimento financeiro no ano 2022?
P. R. – Falando de vendas podemos dizer: o ano de 2022 será um ano de consolidação de crescimento, resultando o mesmo do crescimento orgânico potenciado pelo reforço de quota de mercado por aquisição de novos clientes e políticas de cross-selling e up-selling, bem como pelo crescimento por aquisição decorrente das aquisições efetuadas durante o ano e que pretendemos manter e aumentar no próximo ano.

PME Mag. – Que tipo de medidas a F. Rego implementou nos seus seguros, tendo em conta o contexto económico atual?
P. R. – A atual conjuntura exige particular atenção aos valores seguros e à sua permanente atualização devido ao contexto inflacionista atual e ao qual a maioria das organizações e gestores não estava habituado a ter. O enorme aumento de preços sofrido por matérias primas, preços e custo de mão de obra exigem correções atípicas de capitais seguros de forma a evitar que os clientes sejam colocados em situações inesperadas de infra-seguro, com impacto relevante em caso de sinistro. Temos por isso, implementado práticas de sensibilização junto de todos os clientes para a atualização dos seus contratos, mesmo durante a sua vigência.
Em simultâneo, e cada vez mais em linhas de negócio como saúde, revela-se de primordial importância o reforço de limites seguros pela crescente procura por terapêuticas mais complexas e dispendiosas, gerando, por vezes, a indesejável insuficiência de capital seguro para o valor dos custos suportados.

PME Mag. – Quais as especialidades desta empresa, em relação aos seus seguros (Ou seja, quais os seguros mais ativados pelas empresas)?
P. R. – Para além dos seguros obrigatórios que qualquer empresa terá que contratualizar para cumprimento das suas obrigações (como por exemplo seguros de acidentes de trabalho, automóvel ou responsabilidade civil em alguns setores), procuramos, cada vez mais, apresentar soluções de proteção de danos patrimoniais e financeiros que garantam a continuidade das empresas e a transferência adequada dos riscos.
Somos defensores que muita da reputação menos favorável que afeta o setor segurador decorre de processos de venda e consultoria menos adequados ou eficazes, com uma clara desadequação entre as expetativas dos clientes e a realidade das apólices subscritas. É de crucial importância uma adequada avaliação de risco para apresentação das soluções ideais, que dada a cada vez maior complexidade da atividade empresarial não está ao alcance de todos.
Temos particular exposição às áreas de responsabilidades, com grandes portfólios de seguros de responsabilidade civil, exploração, produtos e profissional, sem descurar, naturalmente, a responsabilidade ambiental, a cada vez maior importância dos seguros de responsabilidade de administradores e gestores, e a crescente procura de seguros de riscos cibernéticos.

PME Mag. – Na sua experiência, quais os pontos a melhorar na atuação de seguros?
P. R. – O setor segurador tem feito um papel notável nos últimos anos, sendo um ator cada vez mais relevante na sociedade e economia nacional e internacional. Penso que carece, na nossa opinião, de uma comunicação mais eficaz em termos de sociedade para que seja posicionado e percecionado com a relevância que tem, bem como para ganhar maior capacidade para a atração de talento junto das novas gerações.

PME Mag. – Quais os resultados dos seguros de crédito da F. Rego?
P. R. – O seguro de crédito é de grande importância para qualquer empresa, ganhando maior relevância em contextos de maior incerteza como o que agora atravessamos, porquanto protege aquele que é muitas vezes o maior ativo de uma empresa que é a sua carteira de clientes. A certeza do recebimento na venda é fundamental para a solidez de qualquer empresa, sendo importante dispor de mecanismos e ferramentas que permitam monitorizar de forma permanente a evolução desse mesmo risco para a tomada adequada de decisões de venda e direcionamento das mesmas. Infelizmente, a penetração do seguro de crédito em Portugal continua a ser muito reduzida, havendo a perceção que o mesmo é não só dispendioso, como também complexo e de gestão administrativa pesada, o que está longe de corresponder à realidade, bem como às soluções que o mercado oferece atualmente.

PME Mag. – A F. Rego possui um conjunto de programas internacionais para empresas de médio ou grande porte que se expandem além Portugal. O que implica a atuação de seguros, segundo os programas internacionais?
P. R. – A capacidade de acompanhar os nossos clientes nos seus processos de internacionalização é crítica para assegurar que os mesmos atuam não só dentro dos enquadramentos regulatórios de cada país, cumprindo, na íntegra, as suas obrigações, mas também para assegurar a sua competitividade e capacidade de gestão de risco, implementando princípios e políticas idênticas em todas as geografias onde atuam.
Para tal, o corretor tem que ser o “focal point” para a empresa e os seus responsáveis, respondendo globalmente pelas necessidades da empresa independentemente do país onde se encontre, assegurando o reporte centralizado e coordenado das apólices internacionais (vulgarmente programas internacionais), bem como das apólices locais necessárias. Para o efetuar, é indispensável a existência de equipas dedicadas e especializadas em negócio internacional, bem como de uma rede com capilaridade internacional que tenha as estruturas locais em cada país para oferecer igualmente suporte às equipas locais.

PME Mag. – Quais os planos para o futuro?
P. R. – O ano de 2023 apresenta-se como particularmente desafiante para empresas e particulares, não sendo a F. Rego exceção. Vivemos numa conjuntura geopolítica e económica muito complexa, com enormes incertezas face ao futuro, bem como a necessidade de gerir contextos inflacionistas e de elevada taxa de juro que impactarão as decisões das empresas e das famílias.
Temos uma empresa muito sólida e capaz de enfrentar estes cenários menos favoráveis, procurando manter a sua estratégia e rumo, apoiando os seus colaboradores e clientes, continuando a oferecer serviços de valor acrescentado e de cada vez maior qualidade, procurando encontrar soluções para estes desafios e mitigando, dentro do possível e numa ótica seguradora, impactos externos que afetem a vida dos nossos clientes.