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Pedro Cruz Morais, cofundador e co-CEO da MyCareforce (Foto: Divulgação)
Pedro Cruz Morais, cofundador e co-CEO da MyCareforce (Foto: Divulgação)

“A gestão de horários nas instituições de saúde é uma dor de cabeça”

Por: João Carreira

A portuguesa MyCareforce tem como propósito juntar enfermeiros e técnicos auxiliares de saúde a turnos disponíveis em unidades de saúde e é mais uma empresa que nasceu no tempo da pandemia. Estão já a expandir-se internacionalmente, nomeadamente para o Brasil e estão em processo de contratação.

Em entrevista à PME Magazine, Pedro Cruz Morais, cofundador e co-CEO desenhou um esboço do que a empresa faz e quais os planos para o futuro.

PME Magazine (PME Mag.) – Em que consiste a MyCareforce?

Pedro Cruz Morais (P. C. M.) – A MyCareforce é uma plataforma digital portuguesa que conecta enfermeiros e técnicos auxiliares de saúde a turnos disponíveis em unidades de saúde. Os nossos clientes são as empresas do setor, pelo que a utilização da plataforma para os profissionais de saúde é gratuita. A empresa foi criada em 2021 com um propósito claro de não ser uma agência de trabalho temporário. É uma empresa tecnológica que permite aceder a uma comunidade local de profissionais de saúde experientes e disponíveis, sem processos morosos e incómodos.

PME Mag. – Como surgiu a empresa?

P. C. M. – Em plena pandemia, apercebemo-nos de que havia uma lacuna no mercado relacionada com a dificuldade das unidades de saúde comunicarem eficientemente com os profissionais do setor. Este era um processo que não estava otimizado para nenhuma das partes e a solução passaria por uma ferramenta que colmatasse as falhas enraizadas no sistema e que, acima de tudo, desse maior poder aos trabalhadores. Eu e o João Hugo Silva, também cofundador e co-CEO, sabíamos que conseguiríamos resolver este problema tirando partido da tecnologia.  Desde que começamos a pensar no projeto até ao arranque operacional, foram cerca de três meses, sendo que fomos muito rápidos a implementar a plataforma.

PME Mag. – Quais os objetivos por detrás destas contratações?

P. C. M. – Estamos num momento de crescimento muito importante e precisamos de ter uma equipa experiente que nos ajude nestes grandes passos que estamos a dar. Temos objetivos ambiciosos para Portugal e para o Brasil, pelo que contamos com a nova equipa para nos ajudar a crescer e a conquistar estes novos objetivos.

O Henrique Mota vai ajudar-nos com as operações gerais da MyCareforce, o João Sousa Martins estará focado na importante componente comercial e o Fábio Lux estará dedicado às operações no recém-chegado mercado brasileiro.

PME Mag. – Em termos de próximos passos, o que podemos esperar da MyCareforce?

P. C. M. – Em fevereiro deste ano demos um importante passo e começamos a colaborar com o Hospital de Santo António dos Capuchos, em Lisboa. Esta é a nossa primeira colaboração com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Temos objetivos ambiciosos de colmatar cerca de 650 horas semanais de enfermagem. A expansão dentro do SNS é um objetivo claro e acreditamos que temos muito para fazer no processo de agilização do setor. Também no Brasil temos ainda muitos passos por dar, pelo que o que se pode esperar da MyCareforce é um crescimento considerável e uma agilização contínua do setor da saúde no que diz respeito à gestão de recursos humanos.

PME Mag. – E para o mercado brasileiro, quais são os objetivos desta entrada?

P. C. M. – O mercado brasileiro, à semelhança de Portugal, tem enormes necessidades de agilidade nos processos de recrutamento e preenchimento de horários por parte de enfermeiros, técnicos e auxiliares de saúde. Depois de termos estado presentes no Congresso Nacional de Hospitais Privados (CONAHP), em São Paulo, onde fomos reconhecidos como uma das startups mais disruptivas na categoria “retenção e capacitação” no final do ano passado, entramos agora definitivamente no mercado, onde esperamos chegar às 10 mil inscrições de enfermeiros na plataforma e às 70 mil horas trabalhadas, no primeiro ano de atividade.

PME Mag. – Em que sentido pode esta startup ajudar o setor da saúde em Portugal?

P. C. M. – A construção e gestão de horários nas instituições de saúde é uma verdadeira dor de cabeça, sendo preciso conciliar rotatividade, férias e baixas, levando quase sempre a uma sobrecarga dos profissionais internos, a rácios pouco saudáveis, à procura de colegas externos e à contratação de agências. Muitas vezes, os turnos ficam por preencher, levando a falhas nos serviços. Todo este processo consome cerca de 30% do tempo do enfermeiro responsável.

As instituições de saúde encontram na MyCareforce maior autonomia e controlo na publicação de horários e na escolha de profissionais, preenchendo diretamente as necessidades e fazendo uma gestão de faturação e pagamentos integrada e simplificada. Afinal de contas, na MyCareforce encontram uma base de mais de 9.000 enfermeiros da Ordem e 1.000 técnicos auxiliares de saúde.

Os profissionais de saúde, neste caso enfermeiros e técnicos auxiliares, veem na MyCareforce uma forma de terem maior flexibilidade e controlo das suas vidas profissionais, onde são eles que decidem onde e quando desejam trabalhar, candidatando-se autonomamente às vagas do seu interesse, com maior controlo dos seus horários e rendimentos.