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Sara Filipe, Voluntária da PWN Lisbon

A Mentoria é um investimento para a vida

Por: Sara Filipe, Voluntária da PWN Lisbon


“Era tão bom se a vida viesse com manual de instruções” ouvimos dizer tantas vezes. Facilitava ainda mais se pudesse vir separado por grandes capítulos, a corresponder às principais áreas da vida – pessoal, familiar e profissional – e com um bom índice para consulta sempre que uma ansiedade, uma dúvida, um “como é que eu chego ali” nos assalta.

Quem sabe, a graça e o sentido da vida advenham daí mesmo. O manual de instruções somos nós que o vamos construindo e ele ficará tão personalizado, rico e diverso, quanto a singularidade de cada ser humano.   

Nascemos folhas em branco, com tudo por aprender. Temos, no entanto, grandes bússolas que nos vão apontando o caminho e dando as respostas mais imediatas. Primeiro os pais e o núcleo familiar a orientar a fundação dos valores que nos acompanharão ao longo da vida. Depois a escola a instruir-nos nas mais variadas disciplinas dos diversos níveis de ensino, de criança a adulto, e a preparar-nos para a vida profissional.

Família e ensino, duas instituições poderosas, às quais, porventura, e sorte de quem o possa dizer, vamos buscar os nossos primeiros mentores.

Até que, chegamos à idade adulta, somos apresentados ao mundo profissional, talvez tenhamos já constituído família, somos pais, crescemos mais um pouco, a nossa rede de amigos e conhecidos poderá ou não ter aumentado, tudo se torna mais complexo, somos confrontados com um sem número de situações que fazem estremecer as nossas bases, para as quais ninguém nos preparou, ou simplesmente a ambição toca-nos à campainha e passamos a desejar mais.

Progressão de carreira, mais autonomia e responsabilidade nas nossas funções, um aumento salarial, uma mudança de estrutura organizacional, a criação de um negócio próprio, aquisição de competências interpessoais e de liderança, valorização, confiança…You name it. Como lá chegar?

Em 2020, às portas de uma pandemia sem o saber, encontrava-me numa dessas fases onde as questões eram mais do que as respostas. Participar no Programa de Mentoring da PWN Lisbon desse ano foi transformador.

Cheguei às apalpadelas, sem saber muito bem o que me esperava, mas de coração aberto. Encontrei um programa estruturado, com princípio, meio e fim, uma equipa profissional, e o melhor presente de todos: uma mentora que se entregou à minha causa e que durante um ano trabalhou comigo nos meus objetivos de crescimento pessoal e profissional, e, sem arredar pé, me ajudou a acrescentar preciosas páginas ao meu manual de instruções.

Percebi o que é um mentor e o papel que pode ter. Ficou claro que a escola, sendo fundamental, não nos prepara para tudo e que nem sempre na família, e amigos, encontramos a fonte certa para as respostas que precisamos. Percebi que é essencial irmos “acumulando” mentores ao longo da vida, inclusive no trabalho, pessoas que nos inspiram, que se tornam referências, com quem nos possamos aconselhar, aprender e, dessa forma, evoluir. Ficou claro o quanto a formação é mesmo um processo contínuo, ao longo da vida. Dei ainda mais valor ao ODS4 [Educação de Qualidade]. Apaixonei-me um pouco mais pelas pessoas, que se predispõem a dar de si em modo de voluntariado para um mundo mais justo e equitativo. Quis dar de volta e tornei-me igualmente voluntária na PWN Lisbon.

Tenhamos nós a humildade de saber pedir e aceitar ajuda para continuarmos a construir o nosso manual de instruções. Assumamos as rédeas da nossa história. E a mentoria pode mesmo ser um investimento para a vida. Ganham os indivíduos, ganham as organizações, ganha o coletivo.

Na dúvida, invista em mentoria.