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60% dos TMA que participaram no estudo revelam sofrer sonolência diurna (Foto: Unsplash)

Estudo revela que técnicos de manutenção de aeronaves não dormem o suficiente e correm risco de burnout

Por: Diana Mendonça

Problemas em dormir, stress, fadiga, risco de burnout, doenças crónicas são alguns dos problemas que estão a afetar os técnicos de manutenção de aeronaves (TMA), principalmente os TMA que trabalham por turnos.

Estas são as principais conclusões do estudo “Saúde e Sono dos Técnicos Portugueses de Manutenção de Aeronaves”, realizado pelo Centro de Medicina do Sono (CENC) em parceria com o SITEMA – Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves.

O estudo levado a cabo por Teresa Paiva, neurologista e especialista do sono, contou com a colaboração de 348 TMA, sendo que 85,1% destes trabalhava por turnos.

Dos participantes no estudo, 60% revela sofrer de sonolência diurna e também 70,3% sofre de sonolência durante o horário de trabalho.

Além disso, 60,9% dos inquiridos reconheceu ter dificuldades em adormecer, enquanto 61,1% reportou dificuldades em acordar e também fadiga ao acordar (75,9%). Do total de inquiridos, 77,9% revelou não dormir o suficiente.

Dos participantes, 61% reportou sofrer de doenças crónicas, sendo a patologia músculo-esquelética a mais reportada (48,6%), seguida por doenças respiratórias (14,2%) e por doenças neurológicas (11,5%). A doença cardiovascular surge em quinto lugar (6,5%), a seguir às doenças dermatológicas (7.7%).

Comparando os resultados obtidos entre os TMA que trabalham por turnos e os que trabalham por turnos regulares, o tempo de sono dos trabalhadores que têm turnos regulares foi maior (6h24) do que os trabalhadores que trabalham por turnos. O turno da noite é o que apresenta maiores disrupções, sendo que os trabalhadores apresentam jetlag social médios superiores a sete horas.

O estudo concluiu ainda que os trabalhadores dos turnos têm valores de score acima dos 25%, média referencial, sendo que a exaustão está a registar 32,4%, burnout (30,4%) e o distanciamento (29,4%).

“Separando para os dois grupos de trabalhadores (regular vs. turnos), verificamos a existência de trabalhadores em risco (acima do quartil superior) apenas no grupo de trabalhadores por turnos. Este resultado sugere que o risco para burnout é efetivamente superior para trabalhadores por turnos”, conclui o estudo.

Paulo Manso, presidente da direção do SITEMA, diz que “o desgaste fruto de uma profissão por turnos é natural, mas este estudo revela que há um elevado risco de burnout nos TMA, fruto de um descanso de fraca qualidade”.