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Ebury
Estratégia de diversificação de mercado bem definida tornou-se mais importante para as empresas após pandemia (Foto: Unsplash)

Plataformas e mercados digitais estão a alterar as dinâmicas de internacionalização das PME

Por: Diana Mendonça

A Ebury, instituição financeira especializada em negócios internacionais, fez uma análise dos principais fatores que afetam as pequenas e médias empresas (PME) no processo de internacionalização. A atual conjuntura global em constante mudança, a necessidade de repensar estratégias, o surgimento de plataformas e mercados digitais, a necessidade de proteger contra o risco cambial são alguns fatores que influenciam as estratégias de internacionalização das empresas.

O risco de moeda ou a taxa de câmbio são fatores que estão sempre subjacentes aos processos de internacionalização, na medida em que dependem de fatores externos à dinâmica do negócio, como é o caso das decisões políticas, da própria economia e das políticas fiscais. A gestão deste aspeto tem um papel fundamental na operação de uma empresa.

Pagamentos e planeamentos de cobranças, produtos de produção cambial, utilização de plataformas que garantem a execução imediata das operações são algumas das sugestões apresentadas pela Ebury para gerir de forma eficiente os pagamentos e a proteger, na medida do possível, as margens.

A atual conjuntura europeia e o aumento geral dos preços são fatores que afetam muito as PME, sobretudo porque as empresas estavam a retomar a sua atividade e a recuperar do período pandémico.

“Depois dos tempos difíceis da pandemia, vemos neste momento as PME a serem afetadas por outros desafios, alguns deles já vislumbrados durante a crise pandêmica. Assim os maiores desafios que se põem neste momento estão sobretudo relacionados com os aumentos de custos: a inflação crescente e generalizada, o forte aumento no preço da energia e o aumento de muitas das matérias-primas. Adicionalmente, vemos neste momento o dólar em máximos de 20 anos o que torna as importações expressas em dólares cada vez mais caras, mas também abre uma oportunidade para as empresas exportadoras”, afirma David Brito, diretor- geral da Ebury Portugal.

Para fazer face ao aumento generalizado de preços, as PME têm procurado alternativas em diversos mercados para tornar as importações e as exportações mais favoráveis.

“No caso das importações, por exemplo, o aumento de custo das matérias-primas e custos energéticos pode fazer as PME procurarem produtos e mercados alternativos pois nem sempre é possível passar a totalidade do aumento de preço para o consumidor final. No caso das vendas, com um euro mais fraco, fica mais atrativo exportar para mercados que pagam em dólares, ficando por essa via os produtos europeus mais competitivos”, explica o responsável.

A pandemia e o atual contexto internacional tornaram evidente a necessidade e a importância de as empresas terem uma estratégia de diversificação de mercado bem definida assim como uma forte presença no mundo online. A simplificação das cadeias de valor e a promoção de energias alternativas foram também ideias introduzidas pelas mudanças que a conjuntura mundial provocou nas empresas.

 

Digital ajudou as PME

Os últimos dois anos vieram acelerar a necessidade de transformação digital das PME. Tornar as empresas mais competitivas e aumentar o número de vendas são duas das características trazidas pela digitalização, tendo em conta o desenvolvimento de novos canais de vendas online, que permitem vendas tanto a nível local como a nível global. Atualmente, existem cada vez mais “PME portuguesas presentes em marketplaces globais nos mais diversos sectores e mercados”, salienta David Brito.

“Uma posição consolidada no digital vai permitir simplificar e acelerar o crescimento das vendas internacionais das empresas. Os processos de internacionalização assentes em plataformas digitais são geralmente menos complexos e dispendiosos quando comparados com processos assentes numa estratégia tradicional de internacionalização que exige outros custos e preparação. Por outro lado, é importante para as empresas não perderem a oportunidade de fazer parte dos mercados digitais de comércio online, mercados estes que continuam em franco crescimento”, explica o diretor-geral da Ebury Portugal.

A profissionalização das PME é um fator que influencia na internacionalização das empresas. Uma empresa profissionalizada está mais protegida quanto a possíveis riscos existentes. As plataformas digitais vieram facilitar as empresas não profissionalizadas a entrarem nos mercados internacionais através de compra e vendas em marketplaces.  

Através dos canais de compra e vendas digitais, as empresas evitam alguns riscos, contudo, existem sempre riscos inerentes à internacionalização. O conhecimento das especificidades legais e culturais, a logística, os custos de transporte, os riscos de crédito, os riscos de instabilidade política e o risco cambial são alguns dos principais riscos enumerados por David Brito.

As parcerias desempenham um papel importante na gestão do risco da internacionalização assim como na aceleração do processo em si mesmo.

De acordo com a visão do diretor-geral da Ebury, “arriscar um novo mercado sozinho pode trazer mais lucros, mas ao mesmo tempo perdem-se sinergias e o risco e recursos necessários são maiores. Também é importante para as PME terem bem definidos que parceiros vão utilizar no processo de internacionalização, como por exemplo parceiros logísticos e de transportes, parceiros para a questão cambial, etc.”.

Atualmente, uma PME que queira expandir-se e internacionalizar tem o processo mais facilitado devido às plataformas de comércio digitais. Contundo, avançar para a internalização requer alguma análise das próprias empresas e das suas capacidades. A definição dos canais de distribuição e a identificação clara dos mercados-alvo são elementos decisivos para a internacionalização das PME.