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Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa (Fonte Divulgação)

Uma retrospetiva de liderança nos últimos anos

Por: Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa

Vivemos tempos de transformação profunda no mundo empresarial, impulsionados por mudanças nas expectativas dos colaboradores, especialmente entre as novas gerações.

Estudos indicam que 89% dos Millennials e da Geração Z priorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional na escolha de um emprego, segundo a Deloitte Global Millennial Survey. Este artigo explora como as empresas podem responder a essas expectativas crescentes, destacando o papel crucial das lideranças intermédias e a necessidade de abordagens baseadas em dados científicos.

As novas gerações, particularmente os Millennials e a Geração Z, trazem consigo uma visão diferente do trabalho. Para eles, o emprego não é apenas uma fonte de rendimento, mas uma extensão dos seus valores e identidade. Um estudo da Gallup revela que 87% dos Millennials consideram as oportunidades de desenvolvimento e crescimento pessoal como uma prioridade no local de trabalho. São pessoas que valorizam a flexibilidade, a inclusão e o propósito, esperando que as empresas reflitam esses princípios nas suas práticas diárias. Enfrentamos uma mudança rápida no conceito de felicidade, bem-estar e atratividade empresarial. E agora?

A liderança intermédia desempenha um papel vital na implementação dessas mudanças. Estes líderes são a ligação direta entre a administração e os colaboradores, influenciando significativamente a cultura organizacional e a satisfação no trabalho. A pesquisa de Zenger e Folkman mostra que líderes intermédios com competências de empatia e gestão eficaz aumentam a produtividade das suas equipas em até 25%. Assim, é essencial que as empresas invistam no desenvolvimento das habilidades de liderança dos gestores intermédios, promovendo uma comunicação aberta e empatia. São eles os porta-vozes, aqueles que permitem que a comunicação flua.

As lideranças intermédias também são fundamentais para a criação de um ambiente de trabalho que promova o bem-estar e a saúde mental. Um estudo da American Psychological Association revela que locais de trabalho que apoiam a saúde mental dos colaboradores apresentam uma redução de 37% nos níveis de absenteísmo. Não temos apenas trabalhadores nas empresas, temos pessoas com vidas, problemas e situações. O que damos, recebemos, sem ter um sentimento de cobrança. Além disso, líderes que demonstram uma compreensão e apoio genuínos às necessidades emocionais dos seus colaboradores contribuem para um ambiente de trabalho mais resiliente e produtivo.

A tecnologia também desempenha um papel crucial nesta transformação. Ferramentas digitais facilitam a flexibilidade, permitindo modelos de trabalho híbridos que se adaptam às necessidades dos colaboradores. No entanto, a digitalização deve ser equilibrada com um enfoque humano. Vivemos numa era digital; precisamos de pessoas capacitadas para isso. Cada geração tem as suas competências, e é essencial retirar o melhor de cada uma.

A formação contínua e o desenvolvimento profissional são outras áreas críticas. A PwC’s Global Workforce Hopes and Fears Survey revela que 74% dos trabalhadores estão dispostos a adquirir novas habilidades ou a se requalificar para manterem a sua empregabilidade. A formação é a mudança de mentalidades. Não nascemos ensinados; aprendemos no caminho, na construção das tendências. Eu acredito na evolução e, melhor ainda, fomento a evolução profissional, seja através de cursos, formações ou desenvolvimento de competências. Aprender é viver.

Além disso, a responsabilidade social corporativa (RSC) tornou-se um fator decisivo para as novas gerações. De acordo com a Cone Communications Millennial Employee Engagement Study, 64% dos Millennials recusam trabalhar para uma empresa que não tenha fortes políticas de RSC. A integração de práticas sustentáveis e éticas nos negócios não só atrai talentos, mas também melhora a reputação da empresa e a fidelidade do cliente. As empresas, mais do que nunca, têm caras.

O impacto da pandemia de COVID-19 acelerou muitas dessas tendências, destacando a importância da adaptabilidade e da resiliência.

Em conclusão, a revolução empresarial que estamos a viver exige uma mudança profunda na forma como as empresas percebem e, acima de tudo, respondem às expectativas dos seus colaboradores. As novas gerações procuram mais do que um emprego; procuram um ambiente de trabalho que valorize o seu bem-estar, ofereça oportunidades de desenvolvimento e esteja alinhado com os seus valores. As lideranças intermédias desempenham um papel crucial nesta transformação, necessitando de apoio e formação para liderar com empatia e eficácia. A adoção de tecnologias digitais deve ser acompanhada por uma abordagem humanizada, e a responsabilidade social deve estar no centro das estratégias empresariais. Ao responder a estas expectativas, as empresas estarão bem posicionadas para prosperar num mundo em constante mudança.

 

Ricardo Costa faz parte do TOP30 Social CEO 2023, uma iniciativa da PME Magazine, em parceria com Pedro Caramez.