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Swappie
Luísa Vasconcelos e Sousa, diretora da Swappie em Portugal (Foto: Divulgação)

“A população está mais consciente sobre o impacto ambiental do lixo eletrónico” – Luísa Vasconcelos e Sousa

Por: João Monteiro

Com a mais recente distinção como a empresa com o crescimento mais rápido da Europa com foco na sustentabilidade, pelo ranking anual da Financial Times, a Swappie, empresa de compra e venda de smarthpones recondicionados, surgiu com o objetivo de alterar os hábitos de consumo de equipamentos tecnológicos através da adoção de comportamentos mais sustentáveis, contribuindo para a economia circular. Para explicar o sucesso da empresa originária da Finlândia, Luísa Vasconcelos e Sousa, country manager da Swappie em Portugal, contou, em entrevista à PME Magazine, um pouco sobre o funcionamento da empresa e algumas expetativas para 2022.

 

PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Swappie?

Luísa Vasconcelos e Sousa (L. V. S.) – A Swappie nasceu em 2016 na Finlândia e foi fundada por Sami Marttinen e Jiri Heinonen. O motivo que os levou a criar este mundo de compra e venda de iPhones recondicionados deveu-se a uma má experiência que Sami teve durante a compra de um telemóvel usado. Ao aperceber-se que tinha sido burlado e que nunca iria receber o telemóvel, fez uma denúncia na polícia e constatou que havia inúmeras pessoas na mesma posição que ele. A partir daí, notaram que não existiam ofertas que conferissem segurança aos consumidores e que isso era um grande entrave para que estes optassem por aparelhos recondicionados. Assim, nasceu a ideia de criar a Swappie, uma opção segura e de confiança para comprar smartphones, que neste caso são iPhones recondicionados. A missão de Sami e Jiri surgiu desta necessidade que sentiram. Desde aí, começaram a trabalhar com o intuito de proporcionar a venda e compra de iPhones recondicionados de forma segura, assegurando não só a qualidade como a confiança nos aparelhos.

 

PME Mag. – Que obstáculos/desafios enfrentou a empresa no início?

L. V. S. – Ao início, sentimos alguma desconfiança por parte dos consumidores, associada, muitas vezes, a preconceitos que estes tinham em relação aos aparelhos recondicionados. No entanto, com o passar dos anos, constatamos que este negócio tem vindo a ganhar espaço no mercado. Ainda existem alguns mitos associados à compra de smartphones recondicionados, nomeadamente o associado à distinção entre o que é “recondicionado” e o que é em “segunda-mão”, mas acreditamos que os consumidores têm cada vez mais consciência do impacto ambiental que temos no planeta e estão predispostos a adotar hábitos de consumo mais sustentáveis.

 

PME Mag. – Como tem evoluído a venda de smartphones recondicionados?

L. V. S. – Notamos que há cada vez mais apetência para a compra de smartphones recondicionados. Atualmente, na Europa, cerca de 10% do mercado de smartphones são vendidos como usados/recondicionados, o que representa cerca de 10 mil milhões de euros. Além disso, estima-se que o mercado global de smartphones usados e recondicionados cresça a uma taxa anual de 10,23% até 2027. Temos registado um crescimento exponencial nos últimos anos, aumentando as vendas em mais de 500% entre 2017 e 2020 – 97 milhões de euros nesse ano. Neste momento, com 15 mercados abertos, somos líderes de mercado na indústria dos smartphones recondicionados na maioria dos mercados e já vendemos mais de um milhões de smartphones recondicionados até à data.

 

PME Mag. – Que impacto teve a pandemia nas vossas operações?

L. V. S. – Felizmente, a pandemia não teve um impacto negativo nas nossas operações. Na verdade, foi o ano em que decidimos lançar-nos em Portugal e desde aí lançámo-nos em mais mercados da Europa. Dada a preocupação emergente com a sustentabilidade e com um consumo mais consciente, acreditamos que o negócio de smartphones recondicionados tem vindo a ganhar espaço no mercado e pode vir a ser a primeira opção dos consumidores no futuro. Neste momento, temos operações a decorrer em 15 mercados, todos na Europa, e o intuito é continuar a crescer.

 

PME Mag. – Como explicam o crescimento que a empresa tem vindo a registar?

L. V. S. – Acreditamos que temos crescido de forma exponencial não só pelo facto de a população, especialmente as gerações mais novas, estar cada vez mais consciente sobre o impacto ambiental do lixo eletrónico e querer adotar hábitos de consumo mais sustentáveis, como pelo facto de transmitirmos confiança e segurança aos nossos consumidores.

 

PME Mag. – Como se distingue a Swappie de outras empresas no mesmo setor?

L. V. S. – A Swappie distingue-se de outras empresas de recondicionados, pois controla toda a cadeia de valor, com três fábricas onde repara todos os aparelhos ao nível da motherboard. O nível de detalhe no nosso processo de recondicionamento, com os iPhones a terem de passar por um processo exaustivo de 52 testes, torna o nosso serviço mais forte e torna-nos numa opção de confiança, a preços acessíveis e que, simultaneamente, impacta positivamente o ambiente. Este processo recorre a alta tecnologia, com profissionais especializados, e diz respeito essencialmente às verificações e reparações de hardware e parte externa/exterior do iPhones.

 

PME Mag. – Quais são as expetativas para 2022 no mercado português?

L. V. S. – A Swappie chegou a Portugal em 2020 e durante o primeiro ano de atividade foi um período em que nos focámos em desenvolver o projeto no país, para podermos chegar a cada vez mais consumidores portugueses. Felizmente, temos conseguido crescer de forma muito rápida, sendo que temos a ambição de continuar a consciencializar os consumidores para o consumo sustentável de equipamentos eletrónicos, e fazer com que a compra de smartphones recondicionados se torne numa prática comum de referência no país.

 

PME Mag. – Em que estratégias vão apostar para se promoverem?

L. V. S. – Acreditamos que o caminho passa pela educação e consciencialização para o impacto que o nosso consumo eletrónico pode ter no ambiente. A educação é crucial para uma correta reciclagem destes materiais e, além disso, para conseguir ganhar cada vez mais a confiança dos consumidores para as opções de marketplaces de equipamentos recondicionados. Optar por um telemóvel recondicionado significa estar a contribuir para um consumo mais sustentável em termos ambientais. Cerca de 85% a 95% da pegada de carbono de um telemóvel são gerados durante o processo de produção, resultante da extração de metais preciosos da natureza e, consequentemente, da emissão de dióxido de carbono para a atmosfera. Nesse sentido, é preciso garantir que a opção de compra de um smartphone recondicionado é tão boa ou melhor do que optar por comprar um novo, ao oferecer uma solução que seja fácil, rápida, segura e de confiança, e que proporcione uma boa experiência ao cliente.