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André Barbosa
André Barbosa, Partner-Head Of Digital IMBS (Foto: Divulgação)

Como podem as PME abraçar a transformação digital e não errar

Por: André Barbosa, Partner–Head of Digital na IMBS

O que já era claro no início de 2020, ganhou ainda mais força com a pandemia: para poder abraçar a Indústria 4.0, as PME devem desenvolver uma estratégia de digitalização eficaz, de forma a não serem esmagadas pelas inúmeras possibilidades oferecidas pelo mercado. Mas antes, importa distinguirmos três conceitos, de que tanto se fala, para não errarmos de começo, com a ideia de que todos são o mesmo: Tecnologia vs Digitalização vs Transformação Digital.

Tecnologia VS Digitalização vs Transformação Digital

De forma simples, a tecnologia diz respeito a um conjunto de conhecimentos e técnicas, pelas quais criamos ferramentas, máquinas, produtos ou serviços, que atendam às nossas necessidades, enquanto pessoas e empresas. No meio empresarial, podemos distinguir diferentes tipos de tecnologia, como softwares, ferramentas de análises de negócios (Business Analytics e Business Intelligence), sistemas de gestão (CRM, CMS, ERP), entre tantos outros.

Por sua vez, a digitalização, é o processo onde aplicamos as tecnologias digitais, de forma a simplificarmos, melhorarmos e automatizarmos processos, fornecendo novas oportunidades de valor. Tomemos como exemplo o relógio analógico e o digital. Enquanto o primeiro fornece a informação das horas através dos ponteiros, os quais temos de saber interpretar, o segundo tem informação registada e o que se vê é um espelho da mesma. Além disso, é comum os relógios digitais fornecerem mais informações, como calendário, meteorologia, localização, entre outras possibilidades. O que é que faz então este que o relógio analógico não faz? Transforma informações em dados, para que nós, enquanto utilizadores, possamos ler essa informação de forma simplificada, no relógio ou noutras ferramentas, como o computador ou o telemóvel. No contexto empresarial, é exatamente o mesmo.

No que diz respeito à transformação digital, tudo é mais complexo.  A transformação digital, tal como o nome indica, é mudança. É a integração da tecnologia digital ou da digitalização na empresa, mas, mais que isso, é um processo de mudança cultural, que tem como objetivo criar uma cultura digital assente nos dados e que, com o tempo e quando bem implementada, altera a forma como se pensa e trabalha diariamente. Na IMBS, por exemplo, na implementação de projetos digitais, trabalhamos para levar a cabo uma mudança profunda de três pilares fundamentais, as informações, os processos e sobretudo as pessoas, de forma a tirar o máximo partido das oportunidades oferecidas pela digitalização e pela tecnologia: o aumento da produtividade, a identificação de desvios e a criação de tomada de decisões e ações sustentadas, com objetivo de melhorar o desempenho da empresa e gerar ainda mais valor para os seus clientes.

E porque é tão importante esta distinção de conceitos? Porque, antes de fazer qualquer investimento avultado em tecnologia, é primordial testar, para perceber se compensa ou se esse investimento é mesmo aquilo que a empresa necessita, isto é, analisar o retorno desse investimento (ROI). Enquanto consultores operacionais e digitais, já nos deparámos com algumas situações onde organizações investem em novas ferramentas tecnológicas, implementadas em processos ineficientes, acabando por digitalizar essa ineficiência.

Desta forma, é importante analisar e rever o processo, para constatar se este tem maturidade suficiente para se poder apostar em tecnologia. A título de exemplo, nos registos de tempo numa área de produção, o teste a realizar pode ser tão simples como começar por fazer este registo manualmente, num tablet, numa simples folha de Excel, ou, se possível, numa simples aplicação, antes de se adquirir um sensor para o fazer automaticamente. Também estamos a dar um passo na digitalização, pois a informação vai ser registada e transformada em dados, mas sem o custo avultado da tecnologia. Com o tempo e, seguindo o conceito de melhoria contínua, será possível avaliar com mais precisão o retorno do investimento da aquisição de sensores.

Então como podem as PME abraçar a digitalização e não errar? Testando. Percebendo se o que pensam que querem é o que realmente precisam. É por isso que, neste processo, é tão importante uma visão externa de ambas as áreas: operacional e digital. Perceber o processo é essencial para não errar. Digitalizar algo previamente afinado e testado, trabalhando as informações, os processos e as pessoas, é a maneira mais certeira de não errarmos nesta nova fase, que todas as empresas têm de acompanhar, para se manterem competitivas.