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Carina Meireles, consultora financeira (Foto: Divulgação)

O comportamento do mercado imobiliário com a crise da Covid-19

Por: Carina Meireles, consultora financeira

Como será o comportamento do mercado imobiliário durante e após esta crise financeira que estamos a atravessar? Será que as casas vão ficar mais baratas para quem compra? E para quem vende, os preços vão continuar inflacionados? Qual o verdadeiro impacto no mercado imobiliário desta pandemia do Coronavírus?

Até há bem pouco tempo, estávamos com o mercado imobiliário em recordes históricos em venda de casas, com os preços muito acima do que seria espectável.

Como em todos os setores, o mercado imobiliário não é nem será exceção.

Tempos áureos dos imóveis estão e serão afetados por esta pandemia, com proporções que ainda estão a ser a cada dia que passa analisadas, porque estamos a viver uma crise global, com impactos em todos os setores.

É ainda cedo para definir exatamente quais vão ser os impactos mais diretos desta pandemia e como todas as empresas, devemos aguardar por melhores dias e ir avaliando qual o verdadeiro impacto neste setor também importante para o desenvolvimento da economia em Portugal.

Estamos, portanto, com uma paragem em grande parte dos setores, criando um impasse do que poderá ser este setor nos próximos meses, muito fruto da paralisação das atividades em geral criando um abrandamento generalizado na economia. 

Até ao momento, no mercado imobiliário ainda é cedo para se poderem tirar mais conclusões, dado também existirem empresas na área da construção a trabalhar, ainda que com redução de pessoal, apesar das medidas preventivas, como o evitar ao máximo o contacto pessoal com outras pessoas.

De referir que devido a esta crise irá existir, mesmo no setor da construção e imobiliário, uma perda avultada, com previsão de prejuízos significativos.

Uma grande fatia das empresas depende de equipamentos provenientes de outros países, que neste momento também estão a travessar a mesma crise e que por isso não enviam equipamentos, como por exemplo, o caso dos ar condicionados, portas, janelas, etc, o que faz com que haja inadvertidamente o atraso no arranque de possíveis obras de construção ou obras em habitação, atrasando a probabilidade de venda ou compra.

Neste momento, todo a economia mundial está a atravessar momentos difíceis, com um impacto significativo nos mercados mundiais, o que coloca todo o investimento em causa, dado o clima de incerteza generalizada.

O setor do turismo está a ser gravemente afetado com esta crise, logo o mercado imobiliário também acaba por levar por tabela.

Para um país em que o turismo representa uma parte consideravelmente importante na economia, este impacto já se está a refletir, por estar a existir um desinvestimento que se projeta como um impacto negativo no investimento total estrangeiro a entrar em Portugal.

Outro aspeto negativo é a perda de poder de compra, dado que se estima que irão existir ainda muitas famílias com incumprimentos devido ao possível aumento da taxa de desemprego, logo menos possibilidades de comprar casa.

Isto implica claros atrasos significativos em obras, custos acrescidos com as demoras previstas para projetos que estejam em curso e que de certa forma tiveram de ficar parados por causa desta pandemia.

O tempo também é um fator que faz crescer a constante insegurança, devido a ser cada vez mais longo e indeterminado, originando um impacto negativo nas vendas de imóveis a compradores nacionais e internacionais, logo um decréscimo da procura.

É um facto que até as imobiliárias estão de certa forma a aprender com esta crise e a se readaptar às novas alterações no mercado com a introdução do teletrabalho, como forma de fazer este mercado continuar a rolar, o que não é fácil nesta altura.

O que é facto é que estão a ser vendidas no mercado casas online sem serem necessárias visitas presenciais, como por exemplo imóveis em construção, como sendo uma mais-valia neste setor, dado poderem ser personalizados ao gosto do cliente e a venda poder já ter implícita essa respetiva personalização com recurso a programas especializados nesta área, de forma a mostrar ao cliente como irá ser a futura casa, o que pode ser um sinal de uma readaptação forçada e possível neste mercado.

Também e de acordo com um estudo europeu já realizado pela MGVM, com estas novas políticas de teletrabalho, iremos ter uma menor procura por grandes escritórios, fazendo com que os preços desçam e com que a procura por escritórios mais pequenos avance ao mesmo tempo que esta nova etapa, também fará as empresas se desenvolvam mais através de teletrabalho.

Esta procura poderá também trazer no futuro, mais pessoas de outros países que procurem o nosso país para trabalhar à distância e pelo bom clima e segurança.