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João Baracho, diretor executivo do CDI, Center of Digital Inclusion (Fonte: Divulgação)

“Continuamos determinados na nossa missão de transformar a educação” – João Baracho

Por: Filipa Ribeiro

O programa Apps for Good vai encerrar a sua nona edição no próximo dia 20 de setembro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, num evento dedicado à transformação da educação.

Organizado pelo Center of Digital Inclusion (CDI Portugal), uma organização não governamental de inclusão e inovação social e digital, o evento caracteriza-se pela partilha de soluções tecnológicas desenvolvidas por equipas compostas por alunos e professores no intuito de resolver problemas sociais.

Em entrevista à PME Magazine, João Baracho, diretor executivo do CDI Portugal, desvenda mais pormenores sobre esta nova edição do Apps for Good.

PME Magazine (PME Mag.) – Qual o conceito por detrás da criação do evento Apps for Good?

João Baracho (J.B.) – O conceito por detrás da criação do evento Apps for Good é exatamente o mesmo do programa: mostrar a todos os intervenientes que existem outras metodologias e formas de aprender e ensinar dentro do modelo educativo. Mas é no evento e na sua preparação que se consegue não só demonstrar a encarregados de educação, professores e educadores o resultado obtido pela adoção de um modelo diferente, mas também reforçar as capacidades de comunicação e de autoconfiança dos alunos e professores.

PME Mag. – De que modo o programa Apps for Good contribui para fomentar a transformação do setor da educação?

J.B. – A proposta do Apps for Good passa essencialmente por alterar a posição do professor de líder para facilitador e colega de equipa na procura de novas aprendizagens. Formamos professores nas novas metodologias pedagógicas e abordagens mais motivadoras e desafiantes. Essa formação é creditada pela Direção Geral de Educação, permitindo aos professores saber que não estão sós na aprendizagem de novos formatos com as suas turmas. Conseguimos obter maior motivação de professores  que se sentem não só  mais respeitados e reconhecidos pelos seus alunos, mas mais confiantes da sua capacidade e do valor da sua profissão. Por outro lado, os alunos ganham competências fundamentais para a sua vida futura no mercado empresarial. O Apps for Good, sendo um programa que motiva a integração transversal da tecnologia  no ensino, não é um programa que ensina a programar, focando-se essencialmente na aplicação da metodologia de projeto com a utilização de ferramentas tecnológicas. Por isso, pode ser abordado com formas e níveis de complexidade tecnológica diferentes,  adequados às diferentes realidades educativas. Isto significa que pode ser aplicado em diferentes modelos de ensino (regular, profissional ou extra curricular) e em diferentes áreas de ensino que podem ir das escolas de artes às escolas profissionais de tecnologia, sem que alguma esteja em desvantagem na execução do programa ou na  competição.

PME Mag. – Quais as expectativas para esta edição?

J.B. – Somos sempre muito exigentes no que pretendemos para os nossos eventos porque consideramos que o trabalho fantástico que os professores e alunos fizeram durante todo o ano exige um evento e reconhecimento público de grande nível. Mas o que podemos garantir é que teremos ainda mais equipas, mais inovação, mais surpresas, mais parceiros e convidados de grande nível e conhecimento e, muito importante, muita alegria e dedicação que é aquilo que sempre nos caracterizou. Aos convidados, garantimos que vão ser surpreendidos com a performance dos alunos, com o entusiasmo e nervosismos dos professores, com a alegria do membros do júri ao verem as equipas que avaliaram e ainda com a emoção dos parceiros que apoiaram as equipas nas sessões de “pitch acellerator” ou de mentoria como “experts”.

PME Mag. – Como descreve as soluções tecnológicas desenvolvidas, este ano, por alunos e professores?

J.B. – Ao  longo dos anos, o trabalho das equipas tem vindo a ser cada vez mais surpreendente. Este ano, e mais uma vez, as soluções atravessam quase todos os objetivos de desenvolvimento sustentável. Desde uma app que apresenta uma fralda inteligente para pessoas acamadas  até soluções que gerem o aproveitamento do excesso de alimentos ou ainda a gestão dos caudais de água, são algumas das soluções que os alunos vão apresentar. Mas no Apps for Good, mais do que as propostas tecnológicas, avaliamos os critérios que incluem criatividade, usabilidade, trabalho em equipa e todas as outras competências essenciais para o futuro profissional dos jovens.

PME Mag. – O evento já vai na nona edição. Que conclusão retira desta caminhada?

J.B. – Quando se caminha para os dez anos de um projeto que tem vindo gradualmente a crescer nas escolas nacional e internacionalmente temos de concluir que estamos no caminho certo. Atravessámos já diferentes ambientes políticos e sociais, onde se inclui ainda a travessia de uma pandemia, e continuamos determinados na nossa missão de transformar a educação. Durante esta caminhada, fomos desenhando o formato do programa com diretores de escola, professores e alunos e ainda com os nossos parceiros. Desta forma, e também com o apoio da Direção Geral da Educação, atingimos um nível de aceitação muito elevado que nos tem permitido continuar a crescer. Durante todo este tempo não parámos de inovar e fomos criteriosos e muito críticos na nossa avaliação de impacto que efetuámos com o Instituto de Educação e este ano também com a Social Data Lab. Revimos a nossa metodologia constantemente com a ajuda de todos os envolvidos e todos os anos criamos novos conteúdos de forma a responder aos desafios atuais que as novas gerações vão enfrentar. Além disto, estamos a avaliar novos segmentos que possam beneficiar com o programa e a internacionalização. Nada disto, porém, se faria sem o apoio fantástico dos nossos professores que têm marcado a diferença pela sua resiliência e motivação para abraçar novos projetos.