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Empresas preparadas para o embate

Por: Ana Rita Justo, Mafalda Marques e Mariana Barros Cardoso

A pandemia de Covid-19 apanhou Portugal de surpresa, mas empresas, associações e entidades governamentais reagiram e puseram em prática planos para fazer face aos impactos económicos e garantir a segurança de todos. Contingência é a palavra de ordem, segurança a chave para agir.

paulo veiga ead
Paulo Veiga, CEO da EAD

“Aspetos tão díspares como interrupções na cadeia de fornecimento,
cancelamento de eventos ou encerramento de escolas têm fortes impactos na atividade das empresas, ao mesmo tempo que nos obrigam a comprometermo- nos com a proteção dos nossos colaboradores com diversas medidas, como o trabalho remoto/teletrabalho. A responsabilidade está toda nas empresas e na sua gestão. Nesse sentido, a nossa primeira preocupação foi a salvaguarda dos nossos colaboradores, pelo que reforçámos as medidas de higienização. A segunda ação foi o envio do nosso plano de contingência a clientes e colaboradores. Paralelamente, estamos a monitorizar as operações com os clientes e estamos, inclusive, a contribuir para os seus planos de contingência. Para os clientes que estão a suspender atividades estamos a recolher o correio para digitalizar e a disponibilizá-lo nas nossas ferramentas de gestão documental na cloud. Estamos a ter, por um lado, uma redução da nossa atividade, mas há novos serviços a ser pedidos diariamente. Neste momento, fazermos o digital mailroom de cinco clientes diariamente nas nossas instalações, portanto, esta pode ser uma oportunidade para alguma coisa de boa ficar na gestão das empresas no meio disto tudo.” – Paulo Veiga, CEO da EAD – Empresa de Arquivo de Documentação

Ana Cantinho, diretora-geral da Beltrão Coelho

“O impacto que este vírus, que apareceu do outro lado do mundo, teve nas nossas vidas, pessoais e profissionais, é impressionante! A nossa prioridade foram sempre as pessoas, os nossos colaboradores. Desde logo, e de acordo com as recomendações da DGS, criámos e divulgámos internamente o nosso plano de contingência e todos os dias lançamos novas diretrizes. Na sexta-feira, 13 de março, em reunião de emergência decidimos enviar para casa 90% dos colaboradores. A empresa tinha já implementado um plano de continuidade, no âmbito da nossa certificação da ISO 27001, por isso, instituir o teletrabalho de forma tão massiva foi menos complicado do que o esperado. Mantivemos em campo apenas uma reduzida equipa técnica para deslocações urgentes a clientes, casos que não fossem passíveis de resolução por telefone. Saliento que alguns dos nossos equipamentos servem urgências de hospitais e estes não podem parar. A prioridade é a nossa saúde! Vamos cuidar-nos para podermos voltar com mais força ainda!” – Ana Cantinho, diretora-geral da Beltrão Coelho

PME magazine chega á Nova SBE
Pedro Brito, associate dean da formação executiva da Nova SBE em Carcavelos

“Paralelamente a todas as contingências que são necessárias realizar nesta
fase, um dos aspetos que temos procurado dar especial atenção é à equipa.
Dissecámos o acrónimo COVID com duas lentes: o que não consigo controlar e o que consigo controlar.
CChange, uma mudança que não consigo controlar. É inevitável e é exponencial. Mas, posso fornecer clareza (Clarity) sobre o que podemos e como podemos fazer a diferença.
O Outbreak, traduzido na disseminação de um vírus assustadoramente rápido. Mas, posso olhar para as oportunidades (Opportunity) que o contexto me oferece, nomeadamente acelerarmos a nossa estratégia digital.
VVulnerability. Sim, sentimo-nos todos vulneráveis perante este contexto. Mas, por outro lado, aproveitar o momento para abraçar esta vulnerabilidade (Vulnerability) permite-nos reforçar as relações de ainda mais proximidade com a nossa comunidade.
IImplacable, porque, não nos enganemos: vai deixar marcas. Mas, posso explorar com engenho (Ingineous) formas de ultrapassar rapidamente os impactos deste momento.
D – Disinformation, que dificulta o processo de tomada de decisão. Mas se tivermos uma direção (Direction) e uma visão, estamos seguros sobre para onde queremos seguir e, mais importante, porquê. No nosso caso, aquilo que nos move é continuar a apoiar as pessoas, organizações e sociedade a lidar precisamente com mudanças exponenciais de paradigma.” – Pedro Brito, associate dean para Executive Education & Business Transformation Nova SBE Executive Education

Nuno Mota Soares, project business manager da Barcelcom

“Com o escalar do surto do Coronavírus, intensificámos algumas medidas de contingência na procura de minimizar o contacto, a proximidade entre colaboradores e possível risco de exposição. Além de algumas medidas chave, como o uso de desinfetante, máscara e luvas, uma das primeiras medidas foi terminar com o registo biométrico, aumentar o espaço entre áreas de trabalho e a obrigatoriedade do uso de máscara e luvas quando em contacto com fornecedores que chegassem às nossas instalações. Cancelámos as reuniões presenciais e alguns colaboradores encontram-se em regime de teletrabalho. Como indústria têxtil técnica, na área dos dispositivos médicos, fundamentalmente exportadora, procuramos continuar a responder de forma positiva mantendo a produção das encomendas que ainda se encontram ativas e suspendendo a produção de protótipos/amostras. Estes próximos tempos serão sobretudo de resiliência, de alguma reestruturação face ao que está a viver a Europa, um dos nossos principais mercados, mas contamos promover soluções para continuarmos a produzir e a fornecer toda uma cadeia que depende de nós.” Nuno Mota Soares, project business manager na Barcelcom

Ana Isabel Raposo, gerente do restaurante Bem-haja Lisboa

“Com o surgir do Coronavírus, a primeira medida preventiva foi fechar o restaurante. Depois disso, com as recomendações da DGS e com as medidas implementadas com o estado de emergência, vimos fazer sentido fechar a porta, mas abrir a janela aos nossos clientes. Temos diariamente o nosso menu habitual e temos também pedidos à carta. Temos uma janela aberta, ampla, na qual entregamos a comida ao cliente e em que ele paga exclusivamente por multibanco para não estarmos em contacto com um dos veículos transmissores, o dinheiro. Sempre que o cliente não possa deslocar-se garantimos a entrega, sem custo adicional, dentro de Lisboa. O restaurante esteve fechado e foi devidamente desinfetado e limpo para garantir as condições de trabalho necessárias sem riscos desnecessários à propagação do Covid-19. Diariamente, temos todos os cuidados de higienização pessoal e desinfeção do material utilizado. O surto veio dar uma perspetiva diferente aos negócios da restauração, menos de mesa, mas mais de casa, onde todos os clientes podem encontrar um sítio que, enquanto possa, pretende corresponder às necessidades deles. As medidas base centram-se na limpeza, higiene, dedicação e luta contra o desperdício alimentar. Uma boa gestão nesta fase é crucial pois não sabemos quanto tempo demora até podermos ter a porta aberta.” – Ana Isabel Raposo, gerente do restaurante Bem-haja Lisboa

Sofia Antunes, diretora de recursos humanos da GRENKE

“Se no início de março nos tivessem dito que, passados alguns dias, estaríamos a colocar 80% dos nossos colaboradores em regime de home office, provavelmente não acreditaríamos. Apesar do foco nas relações pessoais, somos também uma empresa de excelência e depressa compreendemos que teríamos de nos adaptar e desafiar. No nosso pensamento esteve sempre o bem-estar dos nossos colaboradores e das suas famílias, nunca descurando aqueles que contam diariamente com a GRENKE – os nossos parceiros e clientes. Tivemos de nos ajustar e adotar a utilização de equipamentos móveis e ferramentas digitais. E porque privilegiamos a proximidade, criámos uma newsletter interna, “Be safe, stay at home”, onde dinamizamos diariamente o contacto entre colegas, com fotos do seu dia-a-dia e onde publicamos artigos e iniciativas de interesse geral. Quanto aos nossos parceiros e clientes, continuamos próximos, mas solicitamos que privilegiem o uso dos meios digitais e telefónicos. Be safe, stay at home!” – Sofia Antunes, diretora de recursos humanos da GRENKE

Daniel Reis Nobre, managing partner da Inventa International

“Temos a imensa sorte de viver numa época em que, com ligações à
internet de alta velocidade em todas as casas, uns quantos portáteis e
tecnologia cloud podemos manter um negócio inteiro a funcionar sem
problemas, com acesso às mesmas plataformas e reuniões em direto com
múltiplas pessoas. Estamos felizes por ter “dezenas de escritórios” a trabalhar para os nossos clientes a toda velocidade e assegurando todos os nossos serviços de patentes e marcas interruptamente e de idêntica capacidade de resposta nas nossas operações em Lisboa e em todos os nossos escritórios e representações, apesar do surto do Coronavírus e suas consequências inevitáveis. Algo assim não foi possível quando outros surtos de vírus ocorreram no passado e o impacto foi muito pior do que o que estamos a viver atualmente. Mas o mais importante é que todos fiquem em casa e seguros, impedindo uma maior propagação desta pandemia. Agradecemos profundamente a todos os profissionais de saúde que cuidam de todos nós incansavelmente.” – Daniel Reis Nobre, managing partner da Inventa International

Hugo Pardelha, diretor administrativo e financeiro da Copidata

“Muitos dos produtos que a Copidata, SA, fabrica estão inseridos na cadeia de valor de produtos essenciais ou básicos para a atual realidade, como etiquetas para a indústria farmacêutica, nacional e internacional, etiquetas para take-away dos produtos vendidos pelas cadeias alimentares, ou envelopes para a correspondência. E desde cedo tomámos medidas de mitigação. Na primeira fase decidimos: partilhar as diretrizes da DGS; redefinir a limpeza das instalações; reforçar produto desinfetante para mãos; reduzir visitas de pessoas externas à organização – para quem se deslocou passou a ser obrigatório o preenchimento de um questionário e a medição da temperatura corporal; reduzir nas viagens profissionais; fazer um simulacro de IT para teletrabalho; reforçar stocks de aprovisionamento; e elaborar um plano de contingência. Na segunda fase: passar a teletrabalho o maior número possível de recursos; proibir viagens profissionais para países com elevado nível de contágio; equipar os recursos produtivos com luvas e máscaras; limitar a circulação das pessoas no espaço industrial e logístico e definir a entrada e saída das pessoas das instalações; criar regras de distanciamento entre as pessoas e de utilização de balneários; definir o plano de limpeza das máquinas; e reduzir/eliminar reuniões presenciais. Na terceira fase: criámos novas regras de deslocação de pessoas, sempre que é utilizada uma viatura partilhada e reforçámos o teletrabalho. Só com o cumprimento das regras da DGS, Governo, empresa e boas práticas de isolamento social será possível conter esta pandemia.” – Hugo Pardelha, diretor administrativo e financeiro da Copidata

Rodrigo Pinto de Barros, Presidente da APHORT -Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo

“A prioridade passa por centrar todos os esforços na contenção da pandemia e na proteção de todos os nossos trabalhadores e clientes. Assim sendo, as orientações que estamos a dar aos nossos associados vão no sentido de as empresas assumirem o compromisso de “aguentarem” o mês de março, assegurando salários e empregos. À semelhança do que já temos vindo a verificar, acreditamos que as empresas vão continuar a revelar um comportamento exemplar e responsável. A curto prazo, e tendo em conta o drástico abrandamento que se tem verificado em todo o setor do turismo, acreditamos que o Governo manterá a sua disponibilidade para, mediante o desenrolar dos acontecimentos, assumir outras medidas de apoio financeiro que permitam evitar a falência de muitas das nossas empresas.” – Rodrigo Pinto Barros, presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo