Segundo o resultado do 6º. Inquérito europeu sobre Condições de Trabalho publicado pelo EUROFOUND,as lesões músculo-esqueléticas afectam milhões de trabalhadores e custam biliões aos empregadores. Embora exista alguma melhoria ao nível da exposição a factores de risco físicos, nos quais se inserem os relacionados com a postura (movimentação manual de cargas, vibrações, posturas cansativas ou dolorosas, repetitividade de movimentos mão/braço), os trabalhadores europeus continuam expostos a vários fatores de risco de lesões músculo-esqueléticas.
Segundo os dados obtidos pelo inquérito europeu, 61% dos homens e 62% das mulheres reportam exposição a movimentos repetitivos da mão e braço, sendo que 32% dos homens e 34% das mulheres estão expostas a este tipo de movimentos todo ou quase todo o tempo de trabalho.
É neste âmbito que surge o ErgoSoft. Uma aplicação de métodos de análise e avaliação destes factores de risco que permite conhecer de forma mais detalhada a situação de trabalho, os factores de risco e acima de tudo, as medidas a aplicar de forma a evitar a ocorrência de acidentes e/ou lesões (ex: lesões músculo-esqueléticas), contribuindo ao mesmo tempo para a melhoria do sistema produtivo.
O Ergosoft já foi traduzido e comercializado nos países de Língua portuguesa pela SO – Intervenção em Saúde Ocupacional (Grupo ISQ), que já o validou em diversas empresas de vários sectores de actividade em Portugal. No fundo, trata-se de alertar para a importância estratégica que as áreas da Saúde Ocupacional representam para a garantia da qualidade de trabalho e produtividade nas empresas.
Os objectivos desta aplicação – Ergosoft – passam por: ajudar os técnicos de SST a realizar rápida e comodamente a avaliação de risco de Lesão Músculo-Esquelética; reduzir os tempos de tratamento de dados nas avaliações de risco de Lesão Músculo-Esquelética; facilitar e agilizar a introdução de dados das diferentes metodologias; simplificar a utilização das metodologias incluídas; comparar o risco de Lesão Músculo-Esquelética nos vários postos de trabalho; poder utilizar uma APP para recolha rápida e fácil dos dados nos locais de trabalho; facilitar a comparação dos níveis de risco e elaborar as medidas preventivas adequadas para cada situação.
No que diz respeito ao tipo de actividade, e de acordo com este relatório, trabalhadores artesanais, operadores de controlo e operadores de máquinas, trabalhadores agrícolas são as ocupações que apresentam os mais altos níveis de exposição a riscos relacionados com a postura.
Outros resultados apresentados no relatório evidenciam uma associação entre a exposição a factores de risco físicos e problemas de saúde, nomeadamente, dores de costas, dores musculares (parte superior e inferior do corpo), dores de cabeça, fadiga ocular, lesões, ansiedade, fadiga geral e problemas de sono (dificuldade em adormecer, acordar repetidamente e acordar com a sensação de exaustão). Os factores de risco físicos aparecem ainda associados a “absentismo”, “absentismo por acidente”, “absentismo por lesão relacionada com o trabalho” e “presenteísmo”.
Relativamente à intensidade do trabalho, tem associação (mais reduzida) com “dores de costas”, “dores musculares (parte superior do corpo)”, “dores de cabeça, fadiga ocular”, “ansiedade”, “fadiga geral” e problemas de sono (dificuldade em adormecer, acordar repetidamente e acordar com a sensação de exaustão). Apresenta ainda associação com “absentismo por lesão relacionada com o trabalho” e “presenteísmo”.