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Horários Flexíveis
Os horários flexíveis podem permitir que os colaboradores organizem os seus próprios horários de trabalho tendo em conta as suas necessidades (Fonte: Freepik)

Horários flexíveis podem beneficiar empresas

Por: Marta Godinho

Segundo o relatório “Tempos de trabalho e equilíbrio entre vida profissional e pessoal no mundo” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os regimes flexíveis oferecem um “melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal” e “benefícios significativos para empregadores e empregados”.

Tal como em tempo de pandemia de Covid-19, os horários de trabalho flexíveis adotados podem trazer muitas vantagens às empresas e trabalhadores, incluindo maiores níveis de produtividade e melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, segundo o estudo.

O relatório divulgado esta sexta-feira, dia 6 de janeiro, analisa diferentes regimes de horários de trabalho que inclui trabalho por turnos, “on-call work” (o chamado trabalho de prevenção), regime médio de horas de trabalho/dia e horários concentrados.

Quanto a 2019, o estudo reporta que mais de um terço dos trabalhadores no mundo trabalhavam mais de 48 horas por semana, enquanto um quinto da força de trabalho mundial trabalhava menos de 35 horas semanais, sendo que o horário padrão era de 40 horas semanais.

Segundo as estatísticas e resultados do relatório da OIT, a semana de trabalho padrão clássica (de oito horas por dia, cinco ou seis dias por semana) “oferece estabilidade para os trabalhadores”, mas estes horários fixos “são, muitas vezes, inflexíveis para permitir tempo para as exigências familiares”.

Os horários flexíveis podem permitir que os colaboradores organizem os seus próprios horários de trabalho tendo em conta as suas necessidades (dentro dos parâmetros estabelecidos), enquanto equilibram o trabalho remunerado com os compromissos pessoais. Isto apresenta “efeitos positivos na saúde mental dos trabalhadores, mas pode reforçar desigualdades de género se apenas as mulheres o usarem”. Ademais, “pode exigir que os colaboradores trabalhem em horários atípicos, o que tem sido associado a riscos significativos para a saúde e perturbações na vida familiar”, reforça o OIT.

Quanto ao trabalho a tempo parcial (menos de 35 horas por semana) com horários previsíveis, este revela mais tempo para as responsabilidades pessoais e/ou de lazer dos seus trabalhadores “levando a um melhor equilíbrio entre o trabalho remunerado e a vida pessoal”, pode ler-se no relatório.

O designado on-call work (trabalho de prevenção), com base em horários extremamente imprevisíveis, “perturba gravemente” o equilíbrio entre a vida profissional e a familiar e provou ter efeitos negativos na saúde dos trabalhadores.

Fins de semana mais longos para aproveitar para estar com a família e amigos e, assim, “melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal” são algumas das premissas dos horários concentrados que indicam sinais positivos no impacto da saúde.

Quanto às medidas de resposta à crise pandémica com os horários reduzidos, este ajudou a evitar a perda de empregos e mostrou que a “implementação em larga escala do teletrabalho em quase todos os lugares do mundo em que era viável, mudou a natureza do emprego, provavelmente no futuro previsível”, é acrescentado no estudo.

O teletrabalho foi um dos motivos que levou à permanência dos empregos por parte de muitos colaboradores e que criou novas possibilidades para a autonomia dos mesmos. Contudo, o estudo da OIT refere e defende que estes tipos de regimes flexíveis necessitam de ser regulamentados de forma a “conter os seus potenciais efeitos negativos, através de políticas como o chamado “direito de desligar” do trabalho”.