ImpacTrip: turismo voluntário de fora para dentro

Por: Denisse Sousa

A ImpacTrip é a agência de viagens que dá a possibilidade de viajar e fazer a diferença.

A ideia nasceu em plena viagem de mochila às costas pela Malásia. Rita Marques, CEO e Dream Builder da ImpacTrip, encontrou pessoas que, como ela, queriam conhecer outras culturas através do voluntariado. Lá fora era uma ideia comum, mas em Portugal revelou-se inovadora.

“Não existia nada do género e foi aí que pensei: ‘Em Portugal existem, obviamente, necessidades sociais e nós somos um país maravilhoso para se viajar’. E a ideia estava formada.” Durante o processo de formalização da ideia juntou-se ao projeto Diogo Areosa, que já contava com experiência no sector do turismo e rapidamente percebeu o pontencial de algo inovador como a ImpacTrip em Portugal.

Após um ano de consolidação com parceiros sociais e turísticos, inclusão no programa de incubação do Banco Inovação Social e participação no programa de televisão Shark Tank, de onde receberam financiamento, e combinação de esforços para criação da marca nasceu a ImpacTrip.

Enquanto startup havia a necessidade de perceber se de facto haveria mercado para este conceito ou se não passava de uma ideia “gira”. Após falar com familiares, amigos, antigos professores de diversas áreas de negócio e profissionais da indústria do turismo e empreendorismo, o feedback fora sempre positivo. No entanto, transformar a ImpacTrip em mais do que uma ideia a início não foi fácil.

“A estratégia mudou um trilião de vezes. Foi mais um ‘try and see’ que outra coisa, apalpar terreno para encontrar o espaço da ImpacTrip. Explorámos várias formas de viagens até chegar ao conceito final, várias formas de parcerias antes de chegar à rede atual, várias estratégias de comercialização antes da decisão final, enfim, várias combinações antes de finalmente chegar a um conceito mais ou menos estável”, afirma Rita Marques.

A ImpacTrip é assim pioneira na implementação em Portugal deste conceito do turismo solidário, que junta duas componentes no mínimo improváveis: o lazer e o voluntariado. Assim torna possível conhecer o País de forma responsável e inesquecível numa combinação de visitas guiadas, restaurantes típicos e atividades exclusivas em experiências de projetos sociais e ambientais de impacto real

“Este turismo diferente contribui para o combate às desigualdades sociais e permite ao viajante dedicar parte da sua viagem ao desenvolvimento da região visitada de modo a ter uma maior envolvência com as comunidades locais, absorvendo melhor a cultura local e deixando a sua marca positiva”, sublinha a responsável.

Viajar e causar… impacto

Segundo Rita Marques, a ImpacTrip “é pioneira na forma responsável de viajar”.

“Com o aumento de jovens à procura de experiências de viagem diferentes, mais responsáveis e que fujam ao turismo de massa, ao qual as agências tradicionais não conseguem dar resposta, a ImpacTrip surge como uma alternativa jovem, irreverente e positiva”, reforça

Desde cozinhar refeições para sem-abrigo, ensinar crianças de bairros sociais a tocar guitarra, limpar lixo do fundo do mar, resgatar animais ou mesmo construir uma casa para uma família desprivilegiada, todos estes atos têm impacto na vida não só de quem pratica, como de quem recebe.

São várias as instituições de solidariedade parceiras da ImpacTrip, como a Refood, a Fundação LIGA e a Fundação O Século. O feedback tem sido positivo e há possibilidade de manter a parceria e ajudar mais pessoas de futuro.

“O Século aloja centenas de voluntários nossos por ano, a Fundação LIGA já fez o catering para um jantar solidário com o Banco de Portugal que nós organizámos e a Refood recebe todas as semanas voluntários internacionais nas suas equipas, especialmente durante o verão.”

Seja por umas férias de longo prazo, escapadinhas, fins de semana românticos ou simplesmente por querer fazer a diferença: “A grande diferença entre a ImpacTrip e outras empresas do setor é que somos uma empresa social onde o lucro não é o único fator importante. Mais do que isso, o impacto positivo que resulta dos nossos programas é o que nos motiva a fazer cada vez mais e melhor.”

Considerado por muitos como a porta de entrada na Europa, Portugal atrai visitantes pelo sol, comida e pela hospitalidade. Tendo em vista todos estes atributos, Rita Marques acredita que é o conceito “travel like a local” (viaje como um habitante local) que dá algo extra à ImpacTrip, além de trabalharem apenas com parceiros com um conceito enquadrado no da agência: “O nosso cliente claramente não quer fazer parte de um sector que prejudica, em vez de beneficiar as populações locais”.

Pela ImpacTrip já passaram turistas de mais de 20 nacionalidades – qataris, mexicanos, ou colombianos – mas quem mais visita Portugal em regime de turismo voluntário provém dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

“Basta dar uma espreitadela ao nosso Instagram para ver os sorrisos dos nossos viajantes-voluntários. Temos famílias que já repetiram duas e três vezes e que já estão a marcar para 2017!”.

A marca que consegue deixar nas pessoas é, para Rita Marques, o maior elogio: “Tivemos uma canadiana que deixou tudo no seu país para vir viver para Portugal porque adorou estar cá. Tivemos um Inglês que veio para aprender português porque tinha uma namorada no Brasil! Aprendemos todos os dias com os nossos voluntários! É maravilhoso…”.