Home / Empresas / Inovação e tecnologia na [boa] gestão da água
Miguel Lemos Rodrigues Águas de Gaia Dia Mundial da Água
Miguel Lemos Rodrigues, Administrador Executivo da Águas de Gaia (Foto: Divulgação)

Inovação e tecnologia na [boa] gestão da água

Por: Miguel Lemos Rodrigues, Administrador Executivo da Águas de Gaia

Valorizar a água é o tema deste ano no Dia Mundial da Água. Uma data estabelecida pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas através da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993, que definiu assim o dia 22 de março como o dia internacional, cujo objetivo é lembrar para a importância da água enquanto recurso, bem como para consciencializar e incentivar a adoção de medidas que visem prevenir e enfrentar uma crise mundial assente na escassez da água.

Naturalmente que abordar este tema é muito mais do que nos referirmos à gestão e uma entidade gestora. No entanto, parece-me importante fazer esta relação entre o valor do recurso e a [boa] gestão, dando especial enfoque à aposta na inovação e na tecnologia.

De facto, hoje em dia as empresas fornecedoras de água e saneamento deixaram de ser as “cinzentonas” empresas do betão e dos tubos para apostarem cada vez mais em sistemas e tecnologia de ponta nos seus processos de gestão e de tomada de decisão.

Um dos grandes, ainda atuais, desafios à escala global neste setor é a redução das perdas de água e a redução da água não faturada. Este objetivo das entidades gestoras, como é o caso da Águas de Gaia, é de extrema importância uma vez que promove uma gestão rigorosa, económica e ambientalmente responsável.

Em primeiro lugar, porque o consumo energético associado a todo o sistema de exploração e distribuição de água tem um peso significativo nos custos de exploração das empresas, sobretudo no caso das grandes cidades. Quer isto dizer que  a redução das perdas não só representam, do ponto de vista ambiental, um elevado ganho de eficiência do uso do recurso em si, como promove uma redução do consumo de energia com evidentes benefícios económicos, mas obviamente também ambientais, nomeadamente no impacto nas alterações climáticas.

Em segundo lugar, ao pensarmos em entidades financeiramente equilibradas, economicamente sustentáveis e com práticas de recuperação integral de custos, cada euro que se poupa em energia e na aquisição de água ao sistema em alta, significa a possibilidade de efetuar investimentos na melhoria dos serviços de água e saneamento e a manutenção de preços no consumidor economicamente justos e acessíveis.

Se é verdade que o “combate” a esta ineficiência se faz pela via do investimento na requalificação das redes, substituindo infraestruturas de deficiente qualidade e degradadas por melhores e mais modernos sistemas de distribuição, também é fundamental investir em tecnologia e I&D (Investigação e Desenvolvimento).

Como há pouco referi, a inovação é um fator determinante e essa aposta tem sido efetuada por nós. Gostava de referir, como exemplo, a utilização de tecnologia para detetar fugas de água por satélite, cuja aplicação por parte da Águas de Gaia foi inédita e inovadora em Portugal, mas também a criação das zonas de medição e controlo, a telemetria, a sensorização e introdução em toda a rede de abastecimento de água e saneamento de sistema de telegestão e muito importante a utilização de dados para apoio à gestão e à decisão, com especial destaque para o sistema de informação geográfica e a utilização de KPI (key performance indicators) de atualização diária. Assim, é possível fazer uma eficiente gestão de ativos, mas também tomar melhores decisões, uma vez que, por exemplo, aquando do lançamento de uma determinada obra conseguimos saber em tempo real e com recurso a mapas qual o resultado que se irá alcançar.

Este facto é fundamental para gerir [bem] estas empresas! Mas também, ao passarmos a dispor de informação de gestão mais atualizada e alguma em tempo real, permite para além de decidir melhor, corrigir anomalias e antever problemas e, aplicando estes dados às atuais tecnologias de inteligência artificial, é possível inclusive criar cenários e antecipar respostas.

Por seu turno, também nas áreas de atendimento e apoio ao atendimento a aplicação de tecnologia faz toda a diferença. Se já era notória a transição digital, o contexto pandémico veio comprovar como é importante a aplicação de sistemas digitais de atendimento mais rápidos, mais precisos e que possam inclusive assegurar a segurança dos dados e, até mesmo, da identidade dos clientes, numa ótica de atendimento cada vez mais remoto e multiplataforma. Pelo que a criação de uma cultura digital nas empresas e o investimento, mais uma vez, em tecnologia e I&D promove a obtenção de enormes ganhos intangíveis na satisfação dos clientes mas também importantes ganhos de eficiência que impactam nos resultados das empresas.

Por esses motivos, os desafios da gestão das entidades gestoras de água e saneamento passam cada vez mais pela capacidade de inovar e pelo reforço da implementação de sistemas e tecnologias quer do ponto de vista operacional, comercial e de gestão e apoio à decisão, para se gerir melhor e assim, também, se valorizar a água!