Por: Rafaela Silva
A Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI), tem como objetivo “promover a diversidade e a inclusão nas diversas organizações e na sociedade portuguesa em geral”. A Associação está integrada no projeto da União Europeia, Mês Europeu da Diversidade”, que foi apresentado na passada segunda-feira, dia 3 de maio.
A APPDI, tem como objetivo aliar os seus esforços aos da Comissão Europeia no sentido de “encorajar os empregadores a implementar e desenvolver políticas e práticas internas de promoção da diversidade”. É também a representante da Carta Portuguesa para a Diversidade.
Em entrevista à PME Magazine, a direção da APPDI, aborda as medidas que estão a ser tomadas em prol da diversidade e inclusão dentro das organizações e como é que a Europa está a aderir à causa.
PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu o conceito/celebração do “Mês Europeu da Diversidade”?
APPDI – Desde há muito tempo que a Comissão Europeia tem estado empenhada em promover a Diversidade e a Inclusão (D&I) e em combater a discriminação através de legislação. Iniciativas como o Mês da Diversidade reforçam este compromisso e pretendem promover a igualdade de oportunidades, permitindo que as pessoas atinjam o seu máximo potencial. Assim, todas as entidades, públicas e privadas, organizações sem fins lucrativos, municípios, entre outras, devem trabalhar em conjunto para construir ambientes mais igualitários e inclusivos. Especialmente agora, durante a pandemia de Covid-19, quando a diversidade e a inclusão têm estado mais em risco. O Mês Europeu da Diversidade, iniciativa da Comissão Europeia e da Plataforma Europeia de Cartas para a Diversidade, sensibiliza, em particular, para a importância da diversidade e da inclusão no local de trabalho e na sociedade em geral. Esta é uma forma de assinalar os esforços das organizações na promoção da diversidade no local de trabalho e na criação de ambientes de trabalho inclusivos. Mais de um em cada dois europeus (59%) acredita que a discriminação por causa da origem étnica é generalizada e um em cada três afrodescendentes afirma ter sofrido assédio racista nos últimos cinco anos. Mais de 70 anos após o Holocausto, o antissemitismo generalizado afeta os judeus em todas as áreas da vida na União Europeia. Por estas razões, o Mês Europeu da Diversidade de 2021 trará um foco extra na diversidade étnica.
PME Mag . – Quais são as expectativas relativas à adesão de empresas neste projeto?
APPDI – Atualmente, a Carta Portuguesa para a Diversidade, gerida pela Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão, reúne 308 entidades empregadoras portuguesas que assinaram o compromisso de implementar e desenvolver políticas e práticas internas de promoção da diversidade e inclusão. Conta com a participação de entidades públicas e privadas de diversos setores de atividade, mais especificamente, um órgão diplomático, 41 entidades do setor público central e local, 101 entidades sem fins lucrativos, 128 empresas e 37 estabelecimentos de ensino, associações empresariais e profissionais. Em termos de implementação e adesão, consideramos que as organizações estão cada vez mais sensibilizadas para a temática, reconhecendo a importância de promover uma política de D&I como um eixo estratégico para a atração e retenção de talentos e para chegar a novos mercados. No entanto, no panorama nacional, ainda existe um longo caminho a fazer por parte de várias entidades no que diz respeito a esta temática, pelo que se pretende contribuir para o reconhecimento da mesma junto de outras entidades que ainda não assinaram a Carta e junto da sociedade, em geral. Ao aderir à Carta da Diversidade, as organizações podem encontrar uma rede vasta de parceiros, um local de partilha de práticas e inspiração, um conjunto de ferramentas que permitam sensibilizar e formar as suas equipas.
Esta é uma forma de assinalar os esforços das organizações na promoção da diversidade no local de trabalho e na criação de ambientes de trabalho inclusivos.
PME Mag. – De que forma é que a Comissão Europeia apoia e incentiva iniciativas como o “Mês Europeu da Diversidade 2021”?
APPDI – A colaboração entre a Comissão Europeia (neste caso a DG Justive and Consumers, que é quem coordena a Plataforma Europeia de Cartas para a Diversidade) e as Cartas é constante. Para o Mês Europeu da Diversidade de 2021, a Comissão Europeia disponibilizou vários recursos (desde materiais de suporte e comunicação a financeiros) para apoiar as Cartas a nível local no que diz respeito à realização das atividades referentes a esta iniciativa. Além disso, houve um reforço do compromisso e da divulgação ao nível da própria Comissão Europeia, visível através da iniciativa que decorreu esta semana.
PME Mag. – Quais serão as atividades propostas pela Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI) para o mês de maio?
APPDI – A Carta Portuguesa para a Diversidade irá realizar, ao longo deste mês, um conjunto de atividades que contarão com a participação dos grupos de trabalho e entidades associadas e signatárias (a serem divulgadas brevemente). Adicionalmente, também será lançada uma campanha de comunicação com foco na diversidade e na importância da mesma, com várias entidades e personalidades de referência em diversos eixos da diversidade. A equipa irá ainda participar em atividades a convite de várias entidades signatárias, que aceitaram o desafio, e vão realizar iniciativas internas, direcionadas às pessoas que integram as suas equipas e respetivos stakeholders, de forma a sensibilizar para a importância da D&I.
A colaboração entre a Comissão Europeia e as Cartas é constante.
PME Mag. – Qual é o maior objetivo que a Comissão Europeia pretende passar com esta iniciativa? O que espera que as empresas, e a sociedade em geral, aprendam e apliquem no seu dia-a-dia?
APPDI – Iniciativas como o Mês Europeu da Diversidade pretendem trazer para o debate público a diversidade e a inclusão em contexto laboral, isto é, promover a diversidade e a igualdade de oportunidades no trabalho independentemente da origem cultural, étnica e social, orientação sexual, género, idade, caraterísticas físicas, estilo pessoal e religião. É uma oportunidade de também sensibilizar mais organizações sobre os benefícios da diversidade, de forma a priorizarem a D&I na sua estratégia. Mas o principal objetivo é mostrar que investir na diversidade e inclusão é uma vantagem competitiva para as empresas e, como tal, deve ser encarada como uma oportunidade, além de ser um imperativo ético. São vários os estudos que revelam que existem resultados positivos no que diz respeito à melhoria dos níveis de motivação e satisfação das pessoas e, consequentemente, uma melhor performance. Equipas mais diversas têm mais capacidade de inovar e são mais criativas, apresentando maior capacidade de resolução de problemas. A D&I é um pilar fundamental para a atração e retenção de talentos, para chegar a novos mercados e obter melhores resultados financeiros, bem como para a própria reputação da empresa.
