Home / Opinião / IRS: o que fazer quer pague ou receba este reembolso para uma vida financeira mais saudável
Luís Lourenço, coach financeiro da Paynest (Foto: Divulgação)
Luís Lourenço, coach financeiro da Paynest (Foto: Divulgação)

IRS: o que fazer quer pague ou receba este reembolso para uma vida financeira mais saudável

Por: Luís Lourenço, coach financeiro da Paynest

O período de entrega do IRS já começou e várias famílias já recorreram a simulações para saber se terão de pagar, ou receber o reembolso. Para que não desespere no primeiro caso, nem desperdice a possibilidade de rentabilizar o valor no segundo, há que dominar a literacia financeira para dar resposta a qualquer situação. Contudo, nem todos estão prontos para definir os próximos passos, já que, segundo dados de 2020 do Banco Central Europeu, Portugal está em último lugar no ranking de literacia financeira na zona Euro.

Ainda que já seja tarde para atuar sobre a atividade do ano transato, esta é a altura ideal para rever as práticas diárias, assegurar que todas as oportunidades para, no fim, receber o reembolso são aproveitadas e evitar que no próximo ano a tendência de pagar se repita.

Um dos hábitos mais comuns daqueles que recebem um reembolso pode ser gastá-lo imediatamente em algo que desejam, como umas férias ou um novo equipamento com tecnologia de ponta. No entanto, é importante lembrar que este dinheiro não é um “prémio”, mas sim uma oportunidade para melhorar a situação financeira a longo prazo. Antes de olhar para a última geração de telemóveis ou procurar voos online, é importante liquidar dívidas que possam existir, como empréstimos de curto prazo ou plafonds de cartões de crédito, que geralmente têm juros elevados, e que podem levar a uma espiral insustentável. Usar o reembolso para pagar estas dívidas pode ajudar a reduzir a pressão financeira e criar uma base mais sólida para o futuro.

Após alcançar esta estabilidade financeira, há que mantê-la através de práticas de planeamento e gestão das finanças pessoais. Pode parecer algo muito simples, mas o seu impacto é realmente significativo. Refletir sobre os custos que irão surgir ao longo do ano e os rendimentos permite assegurar que todas as despesas fixas são cobertas e quanto é que possível aplicar num fundo de emergência.

Existe ainda outro método que permite maximizar esta receita inesperada – os investimentos. Existem no mercado oportunidades para diversos perfis de investidores, havendo alguns de baixo risco para aqueles menos familiarizados com o setor e mais conservadores, como os Certificados de Tesouro e Certificados de Aforro, os tradicionais Plano Poupança Reforma (PPR) ou Fundos de Índice Cotados (ETFs) no mercado de ações. Mesmo que o retorno seja pequeno, a longo prazo, os benefícios podem ser significativos.

Por outro lado, para aqueles que terão de pagar IRS, este pode ser um momento stressante. No entanto, há formas de o gerir de forma sustentável. Começando pela base, uma prática que pode parecer óbvia é cortar despesas supérfluas. No entanto, nem sempre é uma decisão intuitiva. É importante parar e repensar nas despesas do dia a dia, como subscrições de plataformas que não são utilizadas, ou hábitos de consumo não ponderados. Se este esforço já tiver sido feito e, ainda assim, precisar de mais rendimentos, é aconselhável consultar um coach financeiro que possa fazer um acompanhamento personalizado e, por isso, adaptado às condições individuais.

Ainda que seja comum focarmos no IRS como uma roleta russa sobre se vamos ou não receber o reembolso, na verdade, este momento deve servir como um incentivo ao planeamento financeiro. E ainda estamos muito a tempo de começar hoje a contribuir para uma melhor situação no IRS de 2023. Avaliar cuidadosamente as despesas e receitas do ano anterior ajuda a projetar o ano fiscal seguinte e garantir uma vida financeira mais saudável. Tal como a saúde física e mental estão no topo das prioridades pessoais, a saúde financeira também deveria estar. Deste modo, é importante investir em literacia financeira, seja através de hábitos de leitura, podcasts, mentorias ou mesmo ao frequentar cursos dedicados.