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Literacia financeira
Metade dos inquiridos recorre a contabilistas e a intermediários financeiros para ajudar na tomada de decisões financeiras (Foto: Unsplash)

Literacia financeira dos empresários das PME portugueses é das mais altas da OCDE

Por: Diana Mendonça

Os resultados do primeiro inquérito sobre literacia financeira de empresários de micro e pequenas empresas e os desafios da Covid-19 em Portugal 2021, divulgados pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, revelam que os empresários portugueses, no conjunto dos 14 países da OCDE que participaram no estudo a nível internacional, encontram- se em primeiro lugar no indicador de literacia financeira nas empresas até nove trabalhadores e em segundo lugar nas empresas entre 10 e 49 trabalhadores.

Os indicadores de literacia financeira, nas vertentes de conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros, tendo em conta as habilitações literárias dos empresários, a dimensão da empresa, o número de trabalhadores e o volume de negócios, são mais elevados nos empresários de pequenas empresas do que nos empresários de micro empresas.

De acordo com os dados do inquérito, 98,5% dos empresários tem uma conta bancária para a sua empresa, gerida separadamente do agregado familiar. Além disso, 49,2% dos inquiridos revela ter seguros de responsabilidade civil e cerca de 41% diz ter conhecimento dos financiamentos através do mercado de capitais. Já em relação às linhas de crédito protocoladas com o Estado, cerca de dois terços dos empresários diz ter conhecimento da sua existência e 26,3% revela contratar este tipo de crédito.

O estudo revelou, ainda, que mais de metade dos inquiridos (54,8%) recorre a contabilistas e a intermediários financeiros (38,8%) para ajudar na tomada de decisões financeiras, sobretudo nas áreas de contabilidade (69,2%) e impostos (47,7%).

Os resultados do inquérito vieram confirmar o que outros estudos já demonstraram a nível do impacto da Ccovid-19. A maioria das empresas que participaram no inquérito tiveram um impacto negativo em termos de liquidez, resultados e volume de negócios.

O grau de literacia financeira e digital dos empresários portugueses, segundo o estudo, ajudou as empresas a adotarem “procedimentos para melhor fazerem face aos efeitos negativos da crise pandémica”. Segundo os resultados do estudo, as empresas que apresentaram um nível de digitalização maior foram as que necessitaram de recorrer a medidas de apoio público no âmbito da Covid-19.

Segundo a administradora do Banco de Portugal, Ana Paula Serra, “a gestão financeira das empresas implica um conjunto de competências que estão concentradas no próprio empresário”, sendo que “a formação dos empresários na área da gestão financeira é um fator crítico para o sucesso e financeira das empresas”.

O conhecimento financeiro dos empresários, segundo a administradora, é essencial para perceber e lidar os riscos das conjunturas adversas como ao Covid-19 ou a guerra na Ucrânia.

Os dados do inquérito servirão de base para a definição da estratégia do Plano de Formação Financeira junto do público empresarial nos próximos anos.