Por: Margarida Duarte
Numa sociedade conectada ao mundo digital, as preocupações e perigos são cada vez maiores. Desta forma, as empresas e instituições necessitam de formar estratégias e saber como gerir os seus dados de uma maneira mais segura. Com o Encontro de Transformação Digital a aproximar-se, organizado pelo Grupo EAD, a PME Magazine quis saber mais sobre o tema com um dos oradores, Rui Ribeiro, diretor-geral na IP Telecom.
PME Magazine (PME Mag.)- Quão importante é a privacidade de dados dentro de uma empresa, ao mesmo tempo que esta continua a inovar no seu setor de atividade?
Rui Ribeiro (R. R.)- A gestão de dados é essencial para manter a competitividade de uma empresa, uma vez que são os dados que nos trazem informação e conhecimento para a tomada de decisões, quer sejam de negócio, quer sejam de impacto técnico. Inovar é tomar decisões, é entender os dados de uma forma profunda e antecipar ou responder a oportunidades. A IP Telecom não é diferente disso, e é por essa razão que ter certificado ISO 27001 é importante para nós, enquanto cloud service provider no mercado empresarial que gere dados críticos seus e de muitos clientes nacionais e internacionais. Garantir a privacidade dos dados na IP Telecom, é assegurar confiança que um cliente empresarial dispõe de acesso aos seus dados para ter vantagens competitivas na operação e na sua estratégia empresarial.
PME Magazine (PME Mag.) – Após uma pandemia, surgiram algumas complicações nas telecomunicações e no digital. Na sua opinião, quais são os riscos associados aos novos tempos?
Rui Ribeiro (R. R.) – A pandemia trouxe para já apenas uma aceleração de hábitos de relação. Há uma grande oportunidade para muitas empresas de se transformarem digitalmente, tornando-se competitivas. Aquelas que, de facto, fizerem a transformação dos seus processos terão, certamente, ganhos no médio prazo. O risco ao nível empresarial é para aquelas que apenas se ficaram “pela rama” e na fase pandémica mandaram as pessoas para casa acederem às aplicações, mas agora estão a voltar a 2019, colocando tudo como de antes. O risco das empresas é que achem que o novo normal volte a ser o antigo normal. Se o fizerem, vão perceber muito em breve que 2019 ficou lá atrás.
O risco ao nível empresarial é para aquelas [empresas] que apenas se ficaram “pela rama” e na fase pandémica mandaram as pessoas para casa acederem às aplicações, mas agora estão a voltar a 2019, colocando tudo como de antes.
PME Mag. – A IP Telecom prevê algumas mudanças a nível de inovação e criação para o próximo ano que se adivinha?
R. R. – Os investimentos da IP Telecom estão constantemente focados na criação de eficiências internas e na melhoria de serviço aos seus clientes. Como exemplo disso, a aposta em componentes analíticas, recorrendo a inteligência artificial, já nos permitem antecipar problemas de gestão de energias. O próximo passo é estender estes modelos de eficiência, através de tecnologias disruptivas, de uma forma transversal na empresa. Em termos de melhoria de serviço, os investimentos da IP Telecom estão na inovação de plataformas tecnológicas capazes de dotar os clientes de maiores autonomia e agilidade nos seus negócios, em particular através da nova plataforma IPT Cloud.
PME Mag. – Como apoiam as empresas na sua transformação digital e na sua estratégia, para atingirem objetivos?
R. R. – Transformação digital é mudar processos e, diariamente, estamos a validar como podemos, com a tecnologia de hoje, otimizar e alterar os nossos processos para sermos mais ágeis e eficientes. Neste contexto, a análise e avaliação dos objetivos parte precisamente do alinhamento entre o que fazemos hoje e a estratégia do que queremos fazer amanhã, com as pessoas, os processos e as tecnologias de hoje e de amanhã. É um caminho que não é fácil, pois cria muita tensão interna e de mudança, mas que nos tem trazido resultados se olharmos como éramos há cinco e 10 anos.
PME Mag. – Como avalia a transformação digital nas empresas portuguesas?
R. R. – O panorama geral não é positivo. A pandemia despertou, mas, como referi há pouco, há a tentativa de vários líderes voltarem “ao controlo” do que conheciam, evitando o desconhecido de estar em constante mudança. Na transformação digital só o paranoico sobreviverá, pois está constantemente em busca de novas ações, novas formas de fazer. O modelo tradicional do gestor, muito entranhado no tecido empresarial português, descansa com um sucesso e não procura continuar em busca de mais. A mudança é contínua no mundo digital e os investimentos em transformação digital também. O que se verifica é que a maioria das empresas não fazem transformação digital, pois apenas descarregam tecnologia para dentro das empresas, com impactos muitas vezes nas pessoas fazerem mais tarefas, ao invés de fazerem menos. Esta incompreensão de que transformar é mudar processos é uma realidade e o problema começa logo nas lideranças empresariais.