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Parque Tecnologico Obidos miguel silvestre
Miguel Silvestre, diretor executivo do Parque Tecnológico de Óbidos (Foto: Divulgação)

Óbidos na senda criativa e tecnológica

Por Sofia Neves

O Parque Tecnológico de Óbidos, que nasceu em 2008 e teve os atuais edifícios inaugurados em 2015, procura apostar na massa cinzenta, criar dinâmicas entre empresas e dinamizar a economia do concelho. Nascido no âmbito da estratégia do município, o parque procura gerar empresas de base tecnológica e criativa, promovendo a criatividade e a inovação.

O Parque Tecnológico de Óbidos nasceu em 2008, integrado na estratégia local do município de Óbidos, que traçou como meta a aposta numa economia de massa cinzenta, e para a qual o Parque Tecnológico de Óbidos é fundamental. Miguel Silvestre, diretor executivo do Parque, dá a conhecer o parque e a realidade que nele é vivida e criada.

O Parque de Tecnológico de Óbidos é “um projeto virado para a atração e para gerar empresas de base tecnológica e criativa”, começa por explicar Miguel Silvestre.

“Do ponto de vista do espaço e do conceito, temos um conjunto de regimes que permitem às empresas e aos empreendedores instalarem-se numa fase ainda muito inicial, e depois poderem progredir, inclusivamente, até à fase de aquisição, por exemplo, de um lote para construírem o seu próprio espaço”, explica.

Depois, é feito com as empresas um trabalho de acompanhamento e aconselhamento, oferecendo ainda programas de incubação e procurando criar momentos de networking, para gerar relações entre empresas e pessoas.

Espaço para todos

O Parque conta com um edifício que tem cerca de 40 empresas fisicamente instaladas, com mais de 200 pessoas a trabalhar no local, e 25 empresas que se encontram no escritório virtual e têm, geralmente, uma utilização remota.

“Nesta fase, parece-nos que é mais importante que as empresas mais pequenas e os empreendedores que estão a começar, as startups, estejam num meio onde existem empresas em diferentes velocidades”, explica o responsável, acrescentando que “isso gera interações interessantes e formas de partilha mais informal”.

Relativamente ao tipo de empresas ali sediadas, Miguel Silvestre explica: “Temos grandes empresas que estão a trabalhar, por exemplo, em Lisboa, e que têm aqui equipas pequenas a fazer desenvolvimento de software, essencialmente, e depois temos empresas mais unipessoais, empreendedores que estão a começar”.

Nesta fase, parece-nos que é mais importante que as startups estejam num meio onde existem empresas em diferentes velocidades”, diz Miguel Silvestre

A título de exemplo, na área das tecnologias para a agricultura, Miguel Silvestre refere a “inteligência artificial aplicada a sistemas de agrotecnologias que fazem, por exemplo, análises preditivas daquilo que é o potencial de surgirem pragas ou das colheitas, com base nos dados que vão sendo recolhidos não só por estações mas também por levantamentos”, explica. Já na parte das tecnologias para o turismo, Óbidos tem facilidade “do ponto de vista da instalação de sistemas, porque é uma realidade muito pequenina e já gera big data em grande dimensão”, adianta.

Quanto aos setores de atividade, a realidade é vasta e passa por áreas como a visão do computador, do machine learning, da inteligência artificial, fintechs, e outras, havendo ainda agências de comunicação, de marketing digital, de software, e empresas de faturação. No entanto, ao longo dos anos, foram identifica- das algumas áreas nas quais a especialização começou a fazer sentido, devido à realidade da cidade: as áreas das tecnologias para a agricultura, da educação e a das tecnologias para o turismo e para a hospitalidade.

“A pouco e pouco vamos fazendo este trabalho de aproximação com a nossa realidade e com aquilo que nós, enquanto território mais pequeno, temos de van- tagem comparativamente com outros. Não é que não possa haver outras áreas, que se calhar não existem aqui no território e que sejam uma mais-valia. Mas nestes casos, conseguimos aportar algum valor às empresas, temos essa capacidade de fazermos essas pontes”, conclui.

Ideias que nascem no Parque

Além de ser um espaço para empresas que criam, elas próprias, vários projetos, o Parque Tecnológico de Óbidos conta com várias outras iniciativas.

“Na área da formação profissional estamos a fazer reconversão de pessoas desempregadas para estas áreas, áreas da programação”, conta Miguel Silvestre.

Por outro lado, existem vários projetos direcionados aos jovens, como o projeto MyMachine, que surge de uma parceria belga como forma de “dar a sensação de que não é por viverem aqui no Oeste ou em Óbidos que não podem ter um emprego que eles sonhem”, afirma o responsável.

“Colocamos crianças com seis anos a desenhar uma máquina que resolva um problema da vida deles. Depois, os alunos de design vão pegar no desenho das crianças e, em conjunto, constroem um desenho técnico. O ensino profissional tem de construir essa máquina e essa máquina tem de ser sempre validada pelas crianças, que são os autores do projeto”, explica Miguel Silvestre.

O parque conta, ainda, com um programa de aceleração de startups, que este ano arrancou com a segunda edição.

O diretor caracteriza o programa como “um projeto de incubação de ideias de negócio”, que procura “estruturar uma oferta que do ponto de vista de incubação os ajude a pensar o negócio”.

Na segunda edição, devido à Covid-19, a ideia passa pela realização de sessões online, sempre com espaço para os participantes criarem interações e, por outro, conseguirem concretizar as ideias de negócios até uma fase que permita depois arranjar formas de financiamento.

Na primeira edição, foram feitas visitas a empresas que permitissem às pessoas que se encontravam numa fase de arranque das suas ideias conhecer empresas de di- ferentes dimensões que fossem casos de sucesso.

Na segunda edição, por sua vez, a ideia passou pela ida virtual a Silicon Valley, de forma a que as startups pudessem falar com as empresas que lá estão presentes.

“A nossa ideia é sempre esta: de independentemente da ideia de negócio, darmos um bocadinho a visão do mundo, que é aquilo que o digital pode e permite fazer, mas sem esquecermos, obviamente, que podem ser produtos locais, podem ser estratégias de base local, e serem interessantes, criativas e inovadoras”, conclui.