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Limitação à atividade em diversos setores e conjuntura financeira apontados como principais fatores do crescimento (Foto: Unsplash)

Portugal está a meio da escala de maturidade digital

Segundo a investigação levada a cabo pela Boston Consulting Group, a Google e a Nova SBE, Portugal encontra-se a meio da escala de maturidade digital. O estudo revelou ainda que existe uma correlação entre maturidade digital, produtividade e o nível salarial médio das organizações.

O estudo “O Caminho para um Portugal Biónico: A maturidade digital do tecido empresarial em Portugal”, desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG), pela Google e pela Nova SBE, revela que Portugal está a meio da escala, de quatro níveis, de maturidade digital.

A investigação procurou avaliar a “temperatura digital das empresas” e descobriu que o processo de digitalização está diretamente relacionado com questões relativas aos níveis de produtividade e aos salários médios, que podem explicar-se pela aposta no investimento de capital humano qualificado.

 O estudo demonstrou ainda que apesar da intenção das organizações ser de utilizar o digital, a verdade é que “existe ainda alguma inércia na sua aplicação”, nomeadamente nas áreas de suporte, operações, oferta ao cliente e abordagem a novos mercados.

Com a pandemia, o processo de transição digital acentuou-se causando desafios às organizações. Atualmente, Portugal é visto como “Digital Literate”, tendo com medida a Digital Acceleration Index (DAI) – índice utilizado pela BCG para observar o estágio de maturidade digital –, o que significa que está abaixo da média europeia por 21 pontos.

Bernardo Correia, Country Manager da Google em Portugal, não tem dúvidas: “As ferramentas digitais foram a tábua de salvação para muitos durante a pandemia e a maturidade digital das organizações foi essencial para a sua capacidade de resistência aos seus impactos económicos. Apostar em tecnologia, nas ferramentas certas, e nas competências digitais continuará a ter um importante papel como catalisador numa retoma que se quer inclusiva”.

No entanto, a adoção do digital não acontece de igual modo nas organizações. Verifica-se que existe também uma correlação direta entre o tamanho das empresas e a maturidade digital. Assim, as empresas médias lideram esta transição, com 45 pontos, deixando para trás as pequenas, que somam um total de 25 pontos.

As empresas de grande dimensão, sobretudo dos setores dos Media, Indústria Alimentar, Comércio “dispersam nos estágios de maturidade”. Já as empresas dos setores de IT, Telecomunicações e Serviços “lideram a digitalização”.

Pedro Pereira, Managing Director e Partner da BCG, afirma que “Portugal tem um importante e ainda longo caminho pela frente”, frisando que “a ‘bazuca’ europeia não será solução para todos os problemas, mas pode ser um elemento importante se Portugal conseguir posicionar-se para retirar partido dela”.

O diretor da Nova SBE, Daniel Traça, lembrou que “as novas gerações são as mais preparadas de sempre, pelo que a sua progressão nas organizações dará um importante contributo para a transição digital”.

Sobre o aumento de investimento na digitalização, concluiu-se que também está relacionado com os ganhos de maturidade digital. Verifica-se que “65% das grandes empresas investem mais de 0,5% das suas receitas no digital e aquelas que aplicam mais 2% têm, em média, mais 14 pontos” do que aquelas que investem menos que esse valor. 60% das médias empresas investem mais de 0,5%, e 60% das pequenas empresas investem menos de 0,1% das suas receitas.

De salientar que metade das empresas participantes na investigação “não conhece qualquer programa de financiamento ao digital”.

De acordo com o estudo, relativamente ao futuro, prevêem-se lacunas devido à falta de literacia digital em componentes de maturidade e à falta de recursos humanos direcionados para o digital. Para 2022, espera-se que as empresas de média e grande dimensão apostem no Marketing Digital, Inovação & Desenvolvimento e oferta de serviços digitais. Já as pequenas organizações irão apostar na digitalização da cadeia logística e no melhoramento do aproveitamento de dados.