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Nuno Brito Jorge, cofundador e CEO da Goparity
Nuno Brito Jorge, cofundador e CEO da Goparity (Fonte Divulgação)

“Rentabilizar poupanças ao investir em projetos com impacto positivo” – Nuno Jorge

Por: Ana Vieira

 

A Goparity é uma plataforma de crowdlending, ou seja, angaria dinheiro de investidores para financiar projetos a troco do pagamento de juros fixados no momento da angariação.

Com um valor mínimo de investimento de 5 euros, pode optar por projetos como uma Maternidade de Bivalves, localizada na Nazaré, ou na instalação de um sistema de energia solar de auto-consumo numa fábrica de Pastel de Chaves, em Chaves.

Em entrevista à PME Magazine, Nuno Brito Jorge, cofundador e CEO da Goparity, destaca a “opção alternativa que possibilita rentabilizar poupanças ao investir em projetos com impacto positivo na sociedade e no meio ambiente”. 

Recentemente a Goparity recebeu licença da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários para projetos em qualquer país da União Europeia, sem limitações.

 

PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Goparity?
Nuno Brito Jorge (N. B. J.) – A ideia de criar a Goparity surgiu em 2012, impulsionada pelo desejo de democratizar as oportunidades de investimento em projetos de energia solar para todos os cidadãos. Perante a vontade que tinha de investir em energia solar, mas sem o capital necessário, surgiu-me então a ideia de compartilhar os investimentos – o que acabou por resultar no modelo de negócio que atualmente temos na plataforma.

Numa altura marcada pela crise e por uma crescente discrepância entre os mais ricos e o restante da sociedade, com destaque para a ameaça de desaparecimento da classe média, acredito que abordagens às finanças como esta são uma excelente forma de democratizar boas oportunidades de investimento, além, claro, de contribuir positivamente para o meio ambiente.


PME Mag. – Atualmente, quantos utilizadores tem a plataforma? E qual o valor de investimento angariado?
N. B. J. – Ao dia de hoje, a Goparity conta com um total de 34 milhões de euros de financiamento captado por cerca de 360 campanhas de crowdlending e investido por mais de 15 mil investidores individuais e empresas. Estes projetos financiados através da plataforma já permitiram impactar positivamente cerca de 89 mil pessoas, criar quase 5 mil postos de trabalho e contribuir para evitar a emissão de 25 mil toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera todos os anos.


PME Mag. – Assumem-se como a “plataforma de finanças éticas”. O que significa esta designação?
N. B. J. – Todos nós temos, ou em algum momento já tivemos, dinheiro “parado” em contas poupança em bancos tradicionais – “parado” porque, na verdade, uma boa parte do dinheiro numa conta bancária está a ser utilizado e temos forma de saber como e onde. É assim que surgem as finanças éticas: um conjunto de princípios que guiam instituições financeiras comprometidas com a transparência, governança e uso responsável dos fundos dos clientes.

Neste sentido, a plataforma de investimentos sustentáveis que oferecemos representa uma opção alternativa que possibilita rentabilizar poupanças ao investir em projetos com impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Investir em sustentabilidade não só apoia diretamente serviços, produtos e marcas sustentáveis, mas também é essencial para promover modelos de negócio inovadores que são valorizados pelos mercados devido ao seu impacto positivo.


PME Mag. – A Goparity acabou de receber licença da CMVM. O que significa este marco?
N. B. J – A licença da CMVM surge no seguimento da aprovação do novo Regulamento Europeu do Crowdfunding que veio clarificar e harmonizar as regras para todos os países membros, nivelando as condições de atuação de todas as plataformas europeias. Deste modo, ao abrigo desta nova licença, podemos agora promover campanhas de investimento em qualquer mercado europeu, sem limitações – tendo definido como países prioritários para 2024 Espanha e Itália.

Além disso, esta licença traz também algumas mudanças para os próprios investidores da plataforma que, partir de agora, deixam de ter limites relativamente aos montantes de investimento em função dos rendimentos (3.000€ por projeto e 10.000€ anuais).


PME Mag. – Os mercados de Espanha e Itália foram definidos como prioritários para 2024. Que projetos serão aqui lançados?
N. B. J. – Os dois mercados têm prioridades diferentes para nós, com Espanha a assumir claramente prioridade em 2024. 

Temos projetos muito interessantes para lançar em Espanha. Além de uma economia mais pujante que a portuguesa, encontrámos um ecossistema de startups mais maduro, e com outra dimensão, mas também um setor da energia solar com uma crescimento muito rápido e significativo. Entre março e abril lançaremos projetos nestas duas áreas.