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Plano de Recuperação e Resiliência investe 37% do seu orçamento na transição ecológica (Foto: Divulgação)

Sustentabilidade nas empresas em debate nas Webtalks da PME Magazine

Por: Diana Mendonça

Eficiência energética. Comércio justo. Digitalização. Estes foram alguns dos temas em debate na quinta edição das webtalks da PME Magazine que contou com a presença de Sofia Moreira de Sousa, representante da Comissão Europeia em Portugal, Patrícia Corigo, coordenadora da dimensão estruturante “Transição Climática do PRR” e Luís Amado, diretor executivo da B Corp Portugal.

Em resposta aos desafios climáticos atuais, a Comissão Europeia desenvolveu um plano de resposta que tem como objetivos concretos políticas e instrumentos para reduzirem os gases com efeito estufa, fomentar o crescimento económico dissociado da utilização de recursos fósseis e assegurar uma economia justa.

Foi precisamente com a explicação dos três objetivos concretos do plano de resposta europeu que Sofia Moreira de Sousa iniciou o seu discurso. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estabelece um conjunto de medidas e de reformas em vários setores da sociedade, nomeadamente, em relação à dependência energética e à crise climática, de forma a reduzir as emissões de gases poluentes em 55% até 2030.

“Todas estas medidas têm de ser acompanhadas de medidas de horizontais. Mudar a forma de produzir e de consumir, impulsionando o crescimento económico. E as PME têm um papel preponderante para assegurar que estas metas são alcançadas e que estes objetivos serão cumpridos”, explica a representante da Comissão Europeia em Portugal.

Cada país irá implementar um pacote de reformas que se adequam ao contexto e às necessidades de cada um em matéria de sustentabilidade. Segundo Sofia Moreira de Sousa, a Comissão Europeia propõe-se a dedicar 30% dos seus orçamentos futuros ao pacto ecológico, sendo que, no PRR 37% do orçamento é destinado à transição ecológica. “Tornar o parque imobiliário mais eficiente”, “diversificar as fontes de energia” e “melhorar a prevenção de incêndios florestais”, são algumas das metas portuguesas. A par da transição ecológica, será implementado o plano de transição digital, que consagra 20% do orçamento do PRR.

“O plano de recuperação e resiliência está muito centrado na implementação do pacto ecológico e de medidas que permitem tornar a economia mais resiliente”, diz Sofia Moreira de Sousa.

Resiliência é a palavra que Luís Amado define como conceito chave para as empresas. Segundo o diretor do movimento B Corp, só através da consciencialização e da mudança do mindset das empresas para “criar um futuro mais resiliente e melhor do que vivemos hoje em dia” é que as estas irão contribuir de forma positiva para uma sociedade e para um caminho sustentável.

“Nós andamos durante uns tempos a usar a lente errada para medir as coisas. Falávamos de uma aldeia global, mas só olhávamos para o nosso umbigo e mediámos o impacto que as coisas tinham à nossa volta. Podíamos ir buscar matérias-primas muito longe que ninguém nos perguntava sobre isso. Falávamos de aldeia global, mas a aldeia não é assim tão global. Depois se houver um problema no sítio onde eu vou buscar as matérias-primas isso é muito longe para eu ir resolver”, salienta Luís Amado.

Para Patrícia Corigo, todas as medidas de transição climática são urgentes, tendo em conta a meta da neutralidade carbónica, que exige diminuir, até 2050, 85% das emissões de CO2. Segundo a coordenadora da dimensão estruturante “Transição Climática do PRR”, a descarbonização do setor eletroprodutor e a criação de comunidades de energia renovável são essenciais para alcançar a transição de forma rápida e eficiente. Contudo, salienta que “em primeiro lugar temos de pensar em formas de consumo mais sustentáveis e evitar o desperdício”.

Inovação, segundo Luís Amado, é um caminho fulcral para as empresas alcançarem metas sustentáveis. Olhar para o que os outros fazem, mudar pequenos hábitos e procurar formas novas de fazer determinadas etapas nos percursos de produção das empresas são exercícios que ajudam as empresas a alcançar metas de sustentabilidade. Existem investimentos que requerem mais capacidade financeira do que outros, mas como diz Luís Amado “os investimentos de inovação podem parecer grandes, mas depois, em um, dois anos recupera-se tudo”, sendo que estes investimentos tornam as empresas mais competitivas e impactam na redução de custos a longo prazo.

Pensar em novas matérias-primas e em desenvolvê-las no nosso país é um objetivo do PRR. Daí que Patrícia Corigo considere importante destacar que Portugal já iniciou a sua estratégia nacional para o hidrogénio.

“Já foi lançado um aviso que está em fase final de avaliação de candidaturas. Tivemos dezenas de candidaturas para produção de hidrogénio e gases renováveis, que deverá ser capaz de produzir 265 megawatts até ao final do período de inserção do PRR”, diz Patrícia Corigo.

Há vários avisos a decorrer, nomeadamente, de descarbonização da indústria, renovação energética de edifícios que dão a oportunidade das empresas apresentarem os seus projetos para alteração de matérias-primas, redução das emissões, entre outros.

O contributo das empresas é essencial para o PRR avançar, sobretudo, nesta fase de implementação. Sofia Moreira de Sousa diz que dado o papel preponderante das empresas, os empresários portugueses “podem e devem concorrer para os planos de PRR dos países da União Europeia”. Existem verbas previstas para várias áreas que vão desde a valorização dos recursos humanos ao desenvolvimento de infraestruturas.