Terça-feira, Janeiro 14, 2025
InícioDestaque"A marca pessoal funciona como um cartão de visita, atrai conexões, fortalece...

“A marca pessoal funciona como um cartão de visita, atrai conexões, fortalece a credibilidade” – Maria Duarte Bello

Por: Ana Vieira

No contexto empresarial, a marca pessoal funciona como um diferencial competitivo num mercado cada vez mais global e impaciente.

Maria Duarte Bello, CEO da MDB – Coaching e Gestão de Imagem, com mais de 25 anos de experiência no desenvolvimento de líderes e empreendedores, descreve a marca pessoal como uma “impressão digital” que “reflete quem é, o que representa e como deseja ser lembrado”, abrangendo também aspetos emocionais e relacionais. 

Um processo que exige “estratégia, consistência e autenticidade”, explica a CEO da MDB em entrevista à PME Magazine.

PME Magazine (PME Mag.) – O que é a marca pessoal de um gestor e a qual a sua importância no mundo dos negócios?
Maria Duarte Bello (M. D. B.) – A marca pessoal de um gestor refere-se à perceção que os outros têm sobre ele com base nas suas ações, valores, competências, comunicação e a forma como se posiciona no ambiente profissional e na sociedade. É como uma “impressão digital” única que reflete quem é, o que representa e como deseja ser lembrado. Esta marca vai além das habilidades técnicas, abrangendo também aspetos emocionais e relacionais. A título de exemplo, posso referir a importância dos valores e propósito, que refletem a ética, os princípios e os objetivos que o gestor defende; a presença e comunicação isto é, como se apresenta comunica e interage, tanto presencialmente quanto no ambiente digital; e ainda a reputação, o que os outros dizem sobre ele, incluindo colegas e stakeolders.

“(…) uma marca sólida inspira confiança e facilita a construção de relacionamentos e alianças estratégicas”.

Relativamente à importância da marca pessoal no mundo dos negócios podemos destacar a diferenciação no mercado: A marca pessoal permite que o gestor se destaque num mercado competitivo, mostrando as suas qualidades “únicas”. A conexão e influência, pois uma marca sólida inspira confiança e facilita a construção de relacionamentos e alianças estratégicas. Compreende-se que um gestor com uma boa marca pessoal atrai mais oportunidades de negócios, parcerias e até promoções, pois é percebido como uma referência na sua área. E quando possui uma marca pessoal forte, ele envolve, naturalmente, melhor a sua equipa e clientes, sendo visto como um líder autêntico e confiável. Em tempos de crise, uma marca pessoal bem construída pode proteger o gestor e a sua organização, criando um amortecedor de confiança. Por último, o legado. A marca pessoal deixa um impacto duradouro, molda como o gestor será lembrado após a sua passagem por cargos ou organizações.


PME Mag. – Como é que um gestor pode construir a sua marca? 
Maria Duarte Bello (M. D. B.) – Construir uma marca pessoal requer estratégia, consistência e autenticidade. Um gestor que deseja estabelecer uma presença forte e positiva deve focar-se em alinhar as suas ações, comunicação e valores tendo em conta a percepção que deseja criar nos outros. Alguns dos passos imprescindíveis são o autoconhecimento, o posisionamento, a consistência na comunicação, uma presença online credível, assim como a criação de relações estratégicas. Quanto aos canais diria que o Linkedin é a plataforma mais profissional, ideal para compartilhar ideias, artigos e construir uma rede de contatos, e outros mais específicos como Instagram podem ser usadas de forma estratégica para partilhar aspectos da vida profissional e visão, desde que adaptadas ao tom profissional. A participação em webinars e conferências, seja como orador ou organizador aumenta a visibilidade e fortalece a imagem. Se for confortável para a pessoa, diria que a presença em podcasts ou youtube será benéfica para atingir um público ainda maior. Creio que a contribuição com artigos ou entrevistas em meios reconhecidos pelo setor contribuirá para uma boa reputação. É importante não descurar a presença em eventos empresariais, encontros de networking, palestras e mentorias pois revelam-se cruciais para criar uma presença pessoal marcante.

“(…) a contratação de uma empresa especializada depende dos recursos disponíveis e da complexidade do objetivo”.

Por sua vez, a contratação de uma empresa especializada depende dos recursos disponíveis e da complexidade do objetivo. Ora consideremos as seguintes vantagens: a expertise, onde se pode contar com profissionais especializados, pois estes podem identificar pontos fortes e oportunidades de melhoria com maior clareza; economia de tempo porque delega a pesquisa, criação de conteúdo e estratégias de branding; planeamento estratégico porquanto a empresa pode ajudar a alinhar a marca com as metas de longo prazo; apoio em crises, dado que oferecem suporte para proteger a reputação em momentos críticos. Considero que não é necessária a contratação quando o gestor tem tempo e habilidades para trabalhar na sua marca de forma consistente e se possui recursos internos, como uma equipa de comunicação e/ou marketing, que possam oferecer suporte.

PME Mag. – Quais são os elementos-chave que podem inspirar confiança e credibilidade para potenciais investidores? 
M. D. B. – Acredito que a confiança e a credibilidade são fundamentais para garantir qualquer tipo de apoio. O que exige uma combinação de transparência, competência e valores alinhados às expectativas dos investidores. Claro que existem várias formas de demonstrar, como por exemplo, atuar com clareza e transparência ao fornecer informações detalhadas e honestas sobre o plano de negócios, projeções financeiras e riscos; demonstrar as competências da equipa envolvida no projeto; possuir uma visão clara e inspiradora, apresentando um propósito forte e uma visão de longo prazo que motive o investidor a querer participar; apresentar um plano financeiro robusto, demonstrando controle sobre os números, incluindo projeções financeiras realistas e bem fundamentadas e ainda que entende o mercado, concorrência e tendências; provar que possui os recursos, habilidades e plano necessários para implementar a visão ao mostrar por exemplo, um cronograma detalhado com etapas do projeto, marcos e métricas de sucesso.

Acrescento ainda, mostrar o quanto se está empenhado pessoalmente no sucesso do projeto já que deve lembrar-se de que os investidores não apoiam apenas a ideia, também investem nas pessoas por detrás dela. É necessário demonstrar paixão, competência e compromisso.


PME Mag. – Qual a importância das redes de contacto estratégicas para empreendedores, e como a marca pessoal pode ser usada para criar e manter essas conexões?
M. D. B. – Não existem dúvidas de que as redes de contacto estratégicas são cruciais para empreendedores porque fornecem acesso a recursos, oportunidades e insights que podem acelerar o crescimento dos negócios e fortalecer a sua posição no mercado. Além disso, a marca pessoal é uma ferramenta poderosa para atrair, construir e manter as conexões, onde se destacam a credibilidade e autenticidade do empreendedor.

Relativamente ao acesso a recursos, as redes bem construídas ajudam os empreendedores a ter acesso a investidores, mentores, parceiros e fornecedores que podem oferecer apoio financeiro, técnico ou estratégico. Muitas oportunidades de negócios, como parcerias ou contratos, surgem de indicações e relacionamentos pessoais. Ao conectar-se com outros profissionais aprende-se com as experiências e erros, até a evitar armadilhas e identificando melhores práticas. Também é preciso não esquecer o apoio em momentos críticos, porque em tempos de crise ou incerteza uma rede sólida pode oferecer conselhos, soluções e suporte moral. Nota-se um aumento de visibilidade, quando participam nas redes estratégicas, pois colocam os empreendedores em evidência, aumentando a notoriedade no mercado, ao mesmo tempo que constroem credibilidade, estando associado a profissionais ou grupos de destaque o que reforça a percepção de autoridade e competência.

“Criar uma marca pessoal forte, passa pela autenticidade, diferenciação, networking ativo, presença digital (…)”

A marca pessoal funciona como um cartão de visita, atrai conexões, fortalece a credibilidade e cria um círculo de confiança. Um empreendedor que trabalha a sua marca de forma consistente e investe em networking estratégico tem mais oportunidades de alcançar e sustentar o sucesso. Sabemos que a marca pessoal é essencial para destacar o empreendedor num mercado competitivo. Relembro que criar uma marca pessoal forte, passa pela autenticidade, diferenciação, networking ativo, presença digital e ainda pelo compromisso em projetos ou iniciativas que envolvam outros empreendedores, criando conexões mais profundas. Efetivamente, depois de criar é absolutamente necessário manter essas mesmas conexões. A fim de conseguir isto temos em conta a regularidade, isto é, manter contacto frequente, seja por mensagens, reuniões ou atualizações sobre projetos; oferecer valor, ao ajudar a sua rede seja através de insights ou apoiar projetos e relacionar-se de forma personalizada ao demonstrar interesse genuíno nas pessoas.


PME Mag. – Baseado na sua experiência em coaching e desenvolvimento de líderes, quais são os erros mais comuns que vê empreendedores cometerem ao tentar construir uma marca pessoal forte? Como evitá-los?
M. D. B. – Com base nos insights de coaching e desenvolvimento de líderes, os empreendedores frequentemente enfrentam desafios ao construir uma marca pessoal, muitas vezes cometendo erros que podem prejudicar a sua credibilidade e impacto. Creio que a falta de autenticidade, pois muitos empreendedores tentam criar uma imagem que não reflete quem realmente são, copiam modelos de outras pessoas ou exageram nas suas competências.

“(…) a tentativa de agradar a todos, sem direcionar a comunicação para um público específico revela-se prejudicial”.

A falta de consistência em mensagens, tom ou ações gera confusão e prejudica a credibilidade. A título de exemplo, um empreendedor que promove valores de sustentabilidade, mas que se associa a práticas ou parceiros que não os seguem. Também a tentativa de agradar a todos, sem direcionar a comunicação para um público específico revela-se prejudicial. Ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado com o excesso de autopromoção que pode ser percebido como egocentrismo, afastando conexões valiosas. Além do mais, muitos empreendedores constroem a sua marca de forma estática, sem ajustar a abordagem com base no feedback ou nas mudanças do mercado e chegam a subestimar a importância do networking. Nota-se por vezes, que a marca pessoal do empreendedor não reflete os valores ou objetivos da sua empresa, criando um conflito de mensagens.

Suponho que os erros mais comuns na construção de uma marca pessoal decorrem geralmente da falta de planeamento, autenticidade ou consistência. A fim de os evitar os empreendedores devem focar em: conhecer a si mesmos e ao público-alvo, ser consistentes nas suas mensagens, investir na construção de conexões genuínas e ter a preocupação em evoluir continuamente com base no feedback que vai recebendo. Ao evitar estes erros e ao trabalhar estrategicamente, os empreendedores podem construir uma marca pessoal sólida que impulsione a sua credibilidade, inspire confiança e abra portas para novas oportunidades.

PODE GOSTAR DE LER
Continue to the category
PUB

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

NEWSLETTER

PUB
PUB

SUSTENTABILIDADE

Continue to the category