Terça-feira, Novembro 26, 2024
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Artistas confinados… Entrevista ao Humorista Gourmet

Por: Mafalda Marques

Faz um ano que se deu o primeiro confinamento que afetou todos os artistas e pessoal técnico de eventos e espetáculos. Há um ano, quisemos dar voz a artistas independentes para os ajudar a lidar com a situação, o que motivou uma pseudoentrevista ao vírus. Passados doze meses, fazemos um balanço com António Lopes, autor do Humorista Gourmet.

PME. Mag. – Como é o Humorista Gourmet confinado? 

Humorista Gourmet (H.G.) – O drama, a vergonha, o massacre! Estou à mercê da minha família, que abusa de mim (por favor ajudem-me!), criem a linha de apoio aos artistas (que seja longe da linha do comboio), sou uma vítima da Covid-19: lavo, passo, cozinho, vale tudo a esta “gente” para abusarem de mim, tenho de ser útil por não “trabalhar”, agora dou valor ao emprego, isto é um trabalho dos mais duros que possam imaginar… Logo pela manhã sirvo os pequenos almoços (sou copeiro), arrumo a cozinha e estendo a roupa (cuja máquina deixei a fazer durante a noite), já sei que são duas pastilhas, amaciador e lixivia (tem de ser própria para as cores), as coisas que tenho descoberto. Faço uma caminhada rápida, porque tenho de dar apoio a uma pessoa sénior (o que me torna Auxiliar Geriátrico), depois preparo o almoço, não sem antes fazer as compras diárias (o que faz de mim um chef de cozinha). Depois do almoço, arrumo a cozinha, enquanto as “pessoas” cá por casa estudam, teletrabalham e dormem em frente ao televisor! Repete-se a situação ao jantar (no intervalo, fiz a cama, limpei as casas de banho, o que faz de mim um Operário e/ou um Técnico Superior de Limpezas). À noite sinto-me cansado, e não sei porquê.. não tive nenhum espetáculo!

PME. Mag. – O que tem feito para animar em pandemia? 
H.G. – Pãodomia… até parece que foi ontem, mas já lá vai um ano, criei as “Conversas da Treta” (episódios disponíveis no YouTube do Humorista Gourmet) com convidados diariamente, e foram muitos: António Esteves, pivot e jornalista da RTP; Conceição Queiroz, pivot e jornalista da TVI; Eduardo Gonçalves, jornalista da rádio Antena 1; José Miguel, treinador e selecionador de futebol de praia; Arnaldo Teixeira, treinador de futebol e adjunto de Rui Vitória; José Gabriel Quaresma, pivot e jornalista da TVI; Ana Maria Ramos, jornalista da rádio TSF; João Capela, árbitro de futebol; António Machado, humorista; e tantos outros que tiveram a amabilidade de aceitar o meu convite. Seguiram-se as “Noites na Garagem” com diretos, humor e música (também disponível no YouTube). Sempre à espera de um futuro melhor.

À noite sinto-me cansado, e não sei porquê.. não tive nenhum espetáculo!

PME. Mag. – Como tem interagido com as empresas e equipas? 

H.G. – O trabalho online requer muito apoio técnico que não temos, e como tal optámos por não servir online os nossos clientes, até porque considero que o humor tem que ser presencial, tem de ser ao vivo e a cores, senão perde-se a qualidade, a interação e o carinho do público, e ganhar dinheiro só por ganhar (Humor Comercial), não é esse o meu objetivo. Sei que é um período difícil, e que temos que fazer pela vida, mas ando nesta vida porque adoro e porque, na outra, anda a minha irmã há oito anos (risos). No Art Alive, também não posso desenvolver as sessões de team building com ilustração e pintura, porque o online não funciona. A pintura tem de ser acompanhada presencialmente, continuo fiel aos princípios pelos quais criei as duas marcas (Humorista Gourmet e Art Alive) e não as quero descaracterizar em prol da pandemia. O vírus não vai conseguir parar a arte da vida!

Considero que o humor tem que ser presencial, tem de ser ao vivo e a cores, senão perde-se a qualidade, a interação e o carinho do público, e ganhar dinheiro só por ganhar não é o meu objetivo.

PME. Mag. – O que tem previsto nos próximos três meses?

H.G. – O futuro é feito de se…o que gostava é diferente, gostava de fazer espetáculos (Humorista Gourmet) todos os dias (Empresas e Palco), gostava de fazer sessões de team building e/ou Team Work (Art Alive), com muitas ideias inovadoras, que misturassem vários conceitos de pintura, ilustração, copos e música! Mas do que nós queremos, ao que o futuro nos reserva, resta-nos a esperança que alimenta o nosso coração e dá cabo da nossa carteira!

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