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DSTSOLAR
André Marques, CEO da DSTSOLAR (Foto: Divulgação)

“Dinamizamos sistemas para a descarbonização das cidades” – André Marques

Por: Marta Godinho

A dstsolar é uma empresa focada na prestação de serviços de engenharia no setor da energia que apresenta departamentos e áreas de negócio voltadas para soluções de projeto. Em entrevista à PME Magazine, André Marques, CEO da empresa, explica como se tornaram na primeira comunidade de energia industrial em Portugal, aborda a importância das energias renováveis e apresenta os planos para o ano que se inicia.

PME Magazine (PME Mag.) – Como carateriza a empresa?

André Marques (A. M.) – A dstsolar é uma empresa especializada na prestação de serviços de engenharia no setor da energia com departamentos e áreas de negócio vocacionadas para soluções de projeto – concept & design, fornecimento de materiais e equipamentos, execução de projetos customizados, supervisão, operação e manutenção de centrais de produção de energia. Ao longo da última década, adquirimos know-how em diversos segmentos no setor da energia, nomeadamente na produção centralizada e descentralizada de energia e apostamos fortemente nas energias de fonte renovável, com o horizonte de um consumo mais responsável, sustentável e eficiente. A dstsolar lidera e participa em projetos colaborativos de I&D, com elevada dinâmica processual, nutridos pelos diferentes níveis de informação provenientes das diversas entidades envolvidas e que nos concede acesso a tecnologia de vanguarda e de extrema relevância. Traçamos os vetores que nos levam ao encontro das tendências do mercado, preparando-nos para um futuro com ferramentas inovadoras e adequadas, dotando-nos de elevada competitividade em relação às outras empresas, sempre mantendo o foco no resultado que desenhamos no nosso roadmap. Encontramo-nos ativamente no roteiro para a neutralidade carbónica, com estratégia, objetivos e metas bem definidas, no qual pretendemos dar um forte contributo neste processo de transição energética e descarbonização da nossa economia. Somos permanentemente em construção e somos a inquietação que busca a sua constante reinvenção e vemos nisso uma oportunidade para nos posicionarmos e sermos um dos principais atores que contribuirão para estes resultados, com a nossa cultura, as nossas equipas e parceiros.

PME Mag. – Como explica o impacto que foi tornarem-se na primeira comunidade de energia industrial em pleno funcionamento em Portugal?

A. M. – O dstgroup, através da dstsolar, alcança e concretiza mais um objetivo a que se propôs. O facto da CER [comunidade de energia industrial] no nosso campus hoje ser uma realidade, demonstra que com paixão, cultura, criatividade, competências, empenho e investimento, conseguimos aliar a sustentabilidade ao interesse coletivo e fomos capazes de desenvolver soluções que permitem incrementar o nosso consumo energético proveniente de fontes renováveis, contribuindo para a redução da nossa pegada de carbono na descarbonização da economia. Além de aportarmos competitividade à região e disso se refletir na componente socioeconómica, reforçamos a posição que pretendemos ocupar neste mercado das energias renováveis, tanto no setor público como no privado.

PME Mag. – Quais são os processos por que esta CER passa para atingir poupança energética?

A. M. A constituição da CER passa por agregar participantes (sócios), produtores de energia e consumidores, tendo como principal objetivo a partilha de energia excedente, inferior ao preço de mercado. Âmbito das CER: Produzir energia renovável através de unidades de produção para autoconsumo (UPAC); consumir energia renovável produzida pelas UPAC; partilhar com os membros da CER fluxos de energia produzida e energia não consumida; armazenar energia renovável produzida não consumida; vender, nomeadamente através de contratos de aquisição de excedentes; aceder aos mercados de energia adequados, tanto diretamente como através de agregação. Vantagens das CER: Redução da utilização de combustíveis fósseis; redução do preço da eletricidade; redução da emissão de CO2; combate à iliteracia e pobreza energética; valorização de ativos.

PME Mag. – Cada vez mais é preciso entender que cada um faz a diferença para a construção de um planeta melhor e mais saudável. De que forma é que transmitem a vossa mensagem, para criar mais conhecimento e noção junto do vosso público?

A. M. – O cenário atual e global que vivemos no setor energético não nos deixa margem para dúvidas. Vamos ter de continuar a investir e apostar fortemente na expansão da matriz energética com a integração de forma global de sistemas de produção de energia de fonte renovável. Na dstsolar consideramos que o novo Bauhaus Europeu é o caminho a seguir e vemos nele uma excelente oportunidade para construir as linhas que unem a utilidade à sustentabilidade, à inclusão e à arte, valores que definem a nossa essência. Há em nós uma espécie de ética que nos coloca no lugar e nos interesses do outro, para além do que queremos, e do que é do nosso interesse individual. Isto reflete-se neste tema e a responsabilidade outrora suportada pelos agentes políticos, hoje é estendida transversalmente à indústria e também aos cidadãos. Assim, o cidadão deixa de ter apenas e só, o papel de consumidor, e passa a ter a oportunidade de ser responsável por participar, ser tomador de decisões e contribuir neste equilíbrio na transição energética e sustentabilidade. É nesse sentido que devemos promover esta responsabilidade universal diante dos principais atores que são as pessoas, a academia, pequenas e médias empresas, outros agentes ou autoridades, autarquias, cujo poder local é fundamental e deve participar ativamente. Este deve ser o caminho para efetivar a real democratização do autoconsumo, acompanhado de informação e de processos simples e ágeis. Aliás, além de cada um de nós poder produzir, utilizar, direcionar e gerir de forma mais eficiente essa energia, contribuindo para o caminho da descarbonização, permitirá também, noutro âmbito, contribuir de forma social no combate à iliteracia e pobreza energética e outro tipo de desequilíbrios ou vulnerabilidades socioeconómicas. A dstsolar concentra as competências e sinergias para promover, dinamizar e implementar sistemas que contribuam para a descarbonização de empresas e cidades para a transição energética e crescimento exponencial da produção de energia de fonte renovável, tornando-a mais disponível e mais acessível.

PME Mag. – Acredita que Portugal ainda tem muito para crescer quanto a energias renováveis?

A. M. – Portugal é, claramente, um país que reúne as condições necessárias, para apostarmos e sermos um exemplo no domínio das energias renováveis, nomeadamente na produção centralizada e descentralizada nos vários recursos de que dispomos, sendo que hoje produzir energia a partir de fontes renováveis e a baixo custo é um desígnio nacional. O nosso país, à sua dimensão, evoluiu no âmbito das energias renováveis, a exemplo disso, o crescimento do número de sistemas de produção de energia descentralizada de origem renovável em 2022 ultrapassou largamente os instalados em 2021. Este resultado deve-se essencialmente à sensibilização e consciencialização do consumidor para o impacto das alterações climáticas e volatilidade dos mercados energéticos. No que concerne às infraestruturas de distribuição e transporte de energia, há um caminho iniciado no investimento e desenvolvimento das mesmas, meritório do envolvimento do setor público e privado. No segmento de empreendimentos de produção centralizada, temos em Portugal inúmeros promotores com projetos de grande escala que após concretização serão um importante contributo para a nossa economia e, sobretudo, para diminuirmos a nossa dependência de combustíveis fósseis.

PME Mag. – Quais são os planos para 2023?

A. M. – Em 2023, a dstsolar tem desenhado no seu plano de atividade, nas diferentes áreas onde opera, a continuidade, ampliação e diversificação no segmento das energias renováveis, com a promoção, desenvolvimento e incremento de diferentes pipelines, no âmbito dos sistemas de produção, armazenamento e gestão de energia de fonte renovável, onde se incluem os projetos de produção descentralizada. Neste segmento concentramos uma unidade plenamente dedicada ao desenvolvimento, conceção e implementação de CER, onde nos apresentamos ao mercado já com portfólio e capacitados para materializar estas comunidades, disponibilizando a modalidade de financiamento, sem qualquer custo inicial de investimento para o cliente e onde assumimos o papel de EGAC – Entidade Gestora de Autoconsumo Coletivo, suportada pela nossa plataforma de gestão das CER. Num contexto operacional e interventivo, nas diversas áreas de atividade da dstsolar, incluímos uma unidade de negócio que demonstra constante evolução e crescimento, na vertente O&M – operação e manutenção, serviço após-venda, agregando a componente de asset management. Temos também no nosso roadmap a continuidade dos projetos de I&D que lideramos e participamos, com agendas promissoras num horizonte de penetrar o mercado com soluções tecnologicamente avançadas que como já mencionamos anteriormente também irão contribuir para a descarbonização da economia.