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Startup Spot
Gonçalo Ferreira, João Pedro Almeida e Miguel Ribeiro (Fonte Divulgação)

“Construímos uma base de dados com mais de 150 mil criadores em Portugal” – João Almeida

Por: Ana Vieira


A Spot é uma startup portuguesa idealizada por quatro jovens, João Pedro Almeida, Jorge Pessoa, Miguel Ribeiro e Gonçalo Ferreira, no final de 2023. A única solução no mercado com recurso a Inteligência Artificial, promete encontrar criadores de conteúdo enquanto faz um café, gerir uma campanha enquanto faz scroll no Instagram e executá-la enquanto dorme.

Com o objetivo de revolucionar o marketing de influência, a Spot recebeu recentemente um investimento da Antler, um fundo de capital de risco norueguês.

Em entrevista à PME Magazine, João Pedro Almeida, co-fundador e CEO, explica que o objetivo da startup é “simplificar a complexidade operacional na execução de campanhas de influenciadores em larga escala”, contando com uma base de dados já com 150 mil criadores.


PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Spot?

João Pedro Almeida (J. P. A.) – A Spot surgiu de uma amizade de mais de 10 anos, que começou nas salas de Engenharia Informática do Técnico, e levou-me e aos meus parceiros Jorge Pessoa, Miguel Ribeiro e Gonçalo Ferreira pelo Reino Unido e Estados Unidos, reunindo-os em 2023 para fundar a Spot e
revolucionar o marketing de influência com o primeiro agente de Inteligência Artificial (IA).


PME Mag. – Como é que a Spot utiliza a IA?
J. P. A. – Construímos uma base de dados com mais de 150 mil criadores em Portugal, recolhendo centenas de características e métricas por criador. Esta base de dados permite à ferramenta de IA recomendar influenciadores de forma customizada em função de características físicas, geográficas, de audiência, contexto familiar, idade e até compreensão profunda do tipo de conteúdo que os criadores produzem, tudo numa fração de minuto.

Desta forma, o motor de IA que desenvolvemos nos últimos meses permite-nos ter uma compreensão detalhada de cada criador e desenvolver racionais complexos sobre muitas das suas métricas, características e conteúdo, conseguindo, por vezes, capturar detalhes que passam despercebidos ao olho
humano. Além disso, já estamos a desenvolver a versão 2.0 deste motor – um co-piloto de IA – que permite às equipas de marketing ter recomendações de otimização de métricas de campanha, seleção de criadores para obter um melhor custo, executar relatórios com análise de dados, consulta de campanha e até mesmo automatização parcial da gestão de campanhas.


PME Mag. – O que representa o investimento da Antler?
J. P. A. – O investimento da Antler vai permitir-nos apostar no desenvolvimento da nossa ferramenta de IA, expandir as suas funcionalidades e automatizar mais tarefas para os profissionais de marketing.


PME Mag. – Quais os requisitos para um criador de conteúdos fazer parte da vossa base de dados?
J. P. A. – A nossa base de dados contém todos os criadores em Portugal, contando com mais de 2 mil seguidores. Os utilizadores da plataforma podem pesquisar qualquer criador abaixo desse valor na nossa plataforma e, periodicamente, nós vamos adicionando-os à base de dados processada pelo nosso sistema de IA.


PME Mag. – Qual o panorama atual do marketing de influência em Portugal? Quais os maiores criadores e tendências?
J. P. A. – Observámos que as equipas de marketing de influência portuguesas, tanto em agências como nas marcas, perdem muito tempo em tarefas repetitivas e de baixo valor, como a encontrar os criadores ideais para as campanhas, a manter registos dos vários processos das campanhas, a fazer análise dados e a acompanhar publicações ou a trabalhar com plataformas tecnologicamente ultrapassadas em relação à maioria das indústrias. A colaboração com criadores é, muitas vezes, um processo pouco escalável e imprevisível, limitando o potencial para as agências e marcas.

Portugal ainda está ligeiramente atrás de mercados mais desenvolvidos como o Reino Unido e os EUA. Ainda se trabalha muito com os mesmos criadores de maior dimensão, dando muitas vezes pouco ênfase a uma análise mais racional. Nos mercados mais desenvolvidos, as marcas – mesmo as de mais pequena dimensão – já se aperceberam que influencer marketing é das estratégias mais eficazes a fazer chegar ideias, produtos e conteúdo às gerações mais jovens.

Essa eficiência não vem exclusivamente de trabalhar com dois ou três criadores de grande dimensão, mas sim de trabalhar com dezenas ou centenas de criadores que têm uma relação muito mais próxima com as suas micro comunidades. Em Portugal, à exceção de empresas como a Prozis, poucos se aperceberam deste potencial.


PME Mag. – Como é que uma Pequena e Média Empresa em Portugal pode acrescentar valor usando a
plataforma Spot?
J. P. A. – Na Spot, pretendemos simplificar a complexidade operacional na execução de campanhas de influenciadores em larga escala. O nosso objetivo é facilitar o envolvimento estratégico com micro e nano influenciadores, permitindo que essas empresas ampliem a sua abrangência de forma eficiente. Assim, marcas e agências passam a ter a oportunidade de expandir o seu alcance e colaborar com criadores de todas as dimensões em múltiplas plataformas, aproveitando conteúdo mais genuíno e métricas superiores. Através da nossa ferramenta de IA não intencionamos substituir o trabalho dos profissionais de marketing, mas sim torná-los 100 vezes mais eficientes e produtivos. A médio prazo, desejamos trazer esta capacidade de executar campanhas com uma grande dimensão, tanto para as marcas como para as agências, de uma forma automatizada e com poucas barreiras de conhecimento, e tornar o influencer marketing tão eficiente como o Google Ads.