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Home Vets: há uma veterinária premium que vai a sua casa

Por: Ana Rita Justo

Depois de vários anos a trabalhar em clínicas veterinárias, Mary Leacock decidiu lançar-se no seu próprio negócio em 2012. Natural do Funchal e atualmente com 35 anos, gere a sua própria clínica ambulante de prestação de cuidados veterinários premium ao domicílio e projeta uma aposta forte no público estrangeiro.

 

PME Magazine – Como nasce a Home Vets?

Mary Leacock – A ideia da Home Vets surgiu no ano de 2012, durante a licença de maternidade do meu segundo filho. Até então, tinha sempre trabalhado em clínicas veterinárias, e aborrecia-me o facto de ficar presa a um horário fixo, sempre dentro de portas, à espera que os pacientes viessem até mim. Nesse ano, já era notória a sobrelotação do mercado de trabalho em Medicina Veterinária, todos os anos licenciavam-se novos médicos, abriam cada vez mais clínicas, e aumentava a precariedade das condições de trabalho. Pareceu-me a altura perfeita para começar a pensar out of the box, e desenhar um novo rumo para a minha carreira. Inicialmente, estudei a hipótese de criar uma farmácia veterinária online a nível nacional, mas perdi o entusiasmo quando me deparei com todas as restrições legais e oposição da classe veterinária, que certamente me esperariam. Concentrei-me então nas tendências do mercado veterinário a nível internacional, essencialmente Reino-Unido, Estados Unidos, Alemanha, e Suíça, e agarrei a ideia do serviço veterinário em casa, do veterinário de família.

 

PME M. – Como chegou ao conceito veterinário premium ao domicílio?

M. L. – Comecei por fazer um estudo de mercado, naturalmente, para avaliar a viabilidade da minha ideia, e deparei-me com dois públicos diferentes: uma grande maioria que tinha como prioridade o custo acessível dos serviços veterinários, e um nicho de mercado que valorizava acima de tudo a qualidade e conveniência. Uma vez que procurava distinguir-me dos serviços já existentes, e acreditava ter uma personalidade e educação que me permitiriam adaptar facilmente a este público premium mais exigente, decidi arriscar, como diz o cliché, pelo caminho menos percorrido.

 

PME M. – O facto de falar várias línguas é um fator de diferenciação?

M. L. – Tem sido um fator de diferenciação muito importante, sim. Sou bilingue em português e inglês, e falo ainda francês, castelhano e italiano, algumas línguas com maior fluência do que outras naturalmente. Para os meus clientes estrangeiros, não sendo a comunicação uma barreira, cria-se quase de imediato uma relação de empatia e confiança.

 

PME M. – Também faz deslocações a empresas?

M. L. – A ideia ocorreu-me, da mesma forma como são feitas as consultas de medicina no trabalho, poderia haver algum protocolo das empresas com a Home Vets, uma espécie de regalia para os funcionários, no entanto, estaria a distanciar-me do meu core que é a relação familiar, atenção exclusiva ao animal no seu ambiente, e dedicação incondicional do tempo de consulta aos requisitos de cada família.

M. L. home vets
Mary Leacock presta cuidados a animais ao domicílio

 

PME M. – Quais os serviços que mais lhe são pedidos?

M. L. – Há uma tendência crescente para os serviços de geriatria e cuidados paliativos. Penso que os donos dos animais estão cada vez mais sensibilizados para o facto de que podemos prevenir e retardar muitas patologias associadas à velhice, e dar qualidade de vida, dignidade, e conforto aos seus animais nos seus últimos anos de vida.

 

PME M. – Quais as histórias mais insólitas/pedidos mais estranhos que já teve?

M. L. – Pediram-me para observar um cão que não conhecia e estava sozinho em casa, deixaram-me a chave na tabacaria da esquina. Outro caso que me traz algum desafio é o de um cão que acompanho nas sessões de fisioterapia aquática e ginásio, integradas num programa de perda de peso: não sei qual de nós se cansa mais.

 

PME M. – Que balanço faz da Home Vets? Que novas apostas para um futuro próximo?

M. L. – Um balanço certamente positivo, recebo muito boas críticas, continuo a receber novos pacientes de clientes que vêm com grandes referências da Home Vets e a taxa de desistência é quase nula. A nível pessoal tem sido um desafio, um salto para fora da minha zona de conforto. Errei, aprendi, continuo a errar e a aprender e sou mais forte, mais humilde, e mais perspicaz por isso. Lisboa está muito en vogue e não é só pela luz inigualável e qualidade de vida. Se a minha cultura económica não estiver desatualizada, ainda parece haver alguma confiança em Lisboa como uma das cidades da Europa mais atrativas ao investimento externo, e além disso, é bem visível o aumento de residentes estrangeiros atraídos por vantagens fiscais. Quero por isso, dedicar-me ainda mais ao público estrangeiro. Acho sinceramente que aqui posso fazer a diferença.

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