A Jetclass Group dedica-se ao fabrico e comercialização de mobiliário de luxo e iluminação decorativa. Saiba como esta empresa de Valongo está a lidar com a pandemia.
O grupo detém uma marca própria, a Jetclass, com peças desenhadas e produzidas internamente. Concebem produtos à medida e oferecem um serviço de subcontratação que possibilita o fabrico de peças de outras marcas e designers. Entrevistámos Agostinho Moreira, Presidente do grupo, que se recusa a baixar os braços e levar esta PME portuguesa além fronteiras.
Tem 78 funcionários que exercem funções diversas internamente. mas na produção inclui tudo desde a maquinaria, marcenaria, pintura, estofo, carpintaria, embalagem, transporte e montagem.
Paralelamente, dispõe de um gabinete de projeto de arquitetura, ID e Design de interiores, apto a oferecer um serviço completo e personalizado de soluções para o setor Residencial e de Contract.
Agostinho explica que “a empresa localiza-se em Sobrado, concelho de Valongo, distrito do Porto e conta com uma área total de 20.000 metros quadrados, sendo que 7.000 são de área fabril”.
A exportação representa 70% da sua faturação, sendo que exporta um pouco para todo o Mundo. Países com maior expressão como Espanha, França, Reino Unido, Estados Unidos da América, Cuba, México, Canadá, Ucrânia, Rússia, Egito, Sri Lanka, Índia e Turquemenistão, fechando o ano de 2019 com um volume de faturação na ordem dos 8 milhões de euros.
Questionado sobre o impacto desta pandemia no negócio, Agostinho Moreira esclarece:
“Sofremos um decréscimo considerável nas nossas vendas online dos artigos de catálogo, bem como no pedido de novos orçamentos na área de contractos. Simultaneamente registámos, da parte de alguns clientes, pedidos de suspensão de encomendas que já se encontravam em fase inicial de produção.
Concomitantemente também recebemos da parte de muitos dos nossos fornecedores, comunicação de suspensão no fornecimento de matérias-primas e não só, por um tempo indeterminado. Estas duas situações estão a provocar uma quebra substancial tanto ao nível da produção, bem como no volume de vendas”, adianta.
Questionado sobre as medidas de contingência tomadas para esta pandemia, refere que o grupo tentou “manter a empresa a operar a 100% até ao momento em que isso foi sustentável, tendo como prioridade máxima a preservação da segurança e bem-estar dos nossos colaboradores. Para o efeito, foram realizadas todas as diligências por forma a serem implementadas as orientações e recomendações provindas da DGS”.
Recentemente, e em consequência do agravamento das duas situações supra referidas, com interrupção nas cadeias de abastecimento e venda, enveredamos pelo lay-off simplificado parcial que abrange uma percentagem dos colaboradores, ficando os restantes a laborar normalmente, de maneira a garantirmos os serviços mínimos e a cumprir com os compromissos assumidos”, informa.
Esperança no segundo semestre do ano
O presidente do grupo Jetclass assume que não é possível prever o fecho do ano, mas adianta que não vai baixar os braços e vai manter a produção enquanto puder.
“As nossas estimativas em termos de projeção de faturação, dependem em larga medida da duração do contexto atual do estado de emergência e/ou do seu agravamento, o que a manter-se, vai impactar de forma muito danosa no nosso negócio, bem como nos objetivos considerados para este ano.”
“Contudo, se o atual momento de pandemia for ultrapassado no curto prazo, e não tendo a empresa de fechar, estimamos um decréscimo na faturação no primeiro semestre na ordem dos 40%, com uma grande probabilidade de parte ser revertida ao longo do segundo semestre.”
“Caso o cenário atual não se inverta a curto prazo, as consequências em termos económicos são imprevisíveis, podendo no limite originar uma depressão“, lamenta.
Perguntámos se fizeram alguma retificação ao plano de continuidade do negócio e o responsável responde com assertividade.
“Sim, fizemos, nomeadamente ao nível dos recursos humanos, financeiros e de logística, a saber: 1) Gestão apertada e instantânea da tesouraria, visando reduzir as necessidades de fundo de maneio; 2) Aumento do nível de stocks de segurança de matérias-primas cruciais, com base numa análise ABC, em virtude das interrupções que se anteviam no circuito de abastecimento por parte dos fornecedores; 3) Elaboração de layoff simplificado parcial, em função da análise do mapa de planeamento de produção”, enumera.
Inovação e tecnologia no fabrico de mobiliário
O grupo Jeclass lançou há seis anos uma inovação em mobiliário com a peça Louvre Frame High-Tech, um espelho ao estilo francês do Louvre que esconde uma TV apenas visível quando ligada. Opcionalmente, poderá ter um sistema de som e uma TV Box Android incorporados na moldura. Esta inovação rendeu-lhes um posicionamento de luxo distintivo.
A empresa investiu ainda 12 milhões de euros na expansão da unidade fabril em janeiro de 2019, criando 50 novos postos de trabalho.